terça-feira, 7 de julho de 2015

O aplicativo Uber e os táxis, editoriais OESP


07 Julho 2015 | 03h 00
A aprovação pela Câmara Municipal, em primeira votação, por larga maioria – 48 a 1 – de projeto de lei do vereador Adilson Amadeu (PTB) que proíbe o uso do polêmico aplicativo Uber, concorrente do serviço de táxi, torna mais acirrado o debate sobre essa questão. Haverá tempo suficiente para que as partes envolvidas apresentem suas razões, porque a segunda votação deve acontecer em agosto – quando o mais provável é que se confirme a decisão –, e depois é preciso esperar correr o prazo para o prefeito Fernando Haddad sancionar ou vetar o projeto.
Ele proíbe “o transporte remunerado de pessoas” com base em chamadas para aplicativos como o Uber “para locais preestabelecidos”. Determina também que não será permitida a parceria entre empresas administradoras dos aplicativos e estabelecimentos comerciais, porque essa poderia ser uma forma de contornar aquela proibição. O motorista que for pego pela fiscalização desrespeitando essas regras terá de pagar multa de R$ 1,7 mil e pode ter seu carro apreendido.
Esse tipo de serviço vem se disseminando por vários países. A mais conhecida empresa desse ramo, a Uber, afirma que ele já é utilizado em mais de 300 cidades de 56 países. Por meio de nota, ela afirma, depois de assegurar que vai continuar operando normalmente em São Paulo até que o problema tratado pelo projeto seja resolvido, que “os brasileiros devem ter assegurado seu direito de escolha para se movimentar pelas cidades”. As coisas não são tão simples assim.
São inegáveis as vantagens apontadas por quem utiliza o Uber: agilidade, conforto (a maioria dos carros é de luxo) e preço mais barato que o dos táxis. Mas isso não sai de graça. Alegam os taxistas que tais benefícios só são possíveis porque a Uber e seus motoristas pagam muito menos impostos e não têm de se submeter às mesmas regras e fiscalização que eles. Para ser taxista é preciso ter carteira especial e alvará da Prefeitura. O que justificaria que os motoristas do Uber fiquem isentos dessas exigências? Além disso, aquela empresa também não tem licença para executar um trabalho regulamentado por lei que, até agora, cabe aos taxistas.
Essa clara e enorme desigualdade de condições resulta num tipo de concorrência desleal. Em consequência dela, de acordo com a Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Motoristas de Táxi (Abracomtaxi), houve queda de 30% no atendimento de corridas noturnas desde a chegada do Uber ao Brasil. Essa situação tem provocado revolta em várias partes do mundo. São Paulo é apenas uma grande cidade que vem se somar a várias outras. Em duas das principais capitais europeias, Londres e Paris, a reação dos taxistas, que usam exatamente os mesmos argumentos dos de São Paulo, tem sido muito mais dura, com manifestações ruidosas e bloqueio de vias importantes.
Nessas condições, alegar em sua defesa, como faz o Uber, a presença de seus serviços em centenas de cidades e dezenas de países não faz muito sentido. Mas há outra observação em sua nota que merece atenção, embora não exatamente pelas razões que imagina: “A Uber acredita que é possível criar oportunidades de negócio para milhares de motoristas parceiros e, ao mesmo tempo, oferecer novas opções de mobilidade urbana”. É verdade, mas nada justifica que para isso o serviço tenha o privilégio de não obedecer às mesmas regras e obrigações dos taxistas.
Antes mesmo da aprovação final do projeto que o proíbe, já dada como certa, a Prefeitura vem apertando a fiscalização sobre esse serviço concorrente dos táxis, porque o considera irregular. No ano passado, 21 carros foram apreendidos e o governo municipal promete apertar o cerco em torno do Uber. Deve-se supor, portanto, que não faltará empenho em fazê-la cumprir, se o projeto se transformar em lei.
Este é um ponto decisivo porque boa parte das leis vira letra morta pelas notórias falhas dos serviços de fiscalização. Neste caso, os fiscais certamente contarão com o apoio efetivo dos taxistas, uma categoria que já deu mostras de saber defender seus interesses.

Alckmin veta destinação de taxas judiciárias ao Ministério Público de SP, do Conjur

RECEITA BARRADA


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reduziu as expectativas do Ministério Público de São Paulo em ampliar suas fontes de receita. Ele vetou o trecho do PL 112/2013 que previa destinação de parte das taxas judiciais à instituição. O projeto de lei foi aprovado pela Assembleia Legislativa paulista no início de junho, porém sofreu alterações na sanção do governador devido a inconstitucionalidades.
No texto aprovado pelo Executivo, o MP receberá 3% referente aos emolumentos extrajudiciais, mas deixa de ser contemplado com os 5% das taxas judiciais que os parlamentares pretendiam encaminhar à Procuradoria.
Segundo a decisão, publicada no Diário Oficial, por o assunto ser "tema pertinente às finanças públicas e aos orçamentos, outorga ao Chefe do Poder Executivo, com exclusividade, a competência para deflagrar o processo legislativo das leis".
Sem os 5% que o projeto previa ao Ministério Público, o TJ-SP irá dobrar sua arrecadação referente às taxas judiciais. A sanção do governador autorizou o aumento de 2% para 4% sobre o valor dos processos — o Judiciário continuará com 30% do que é recolhido com a taxa.
Judiciário está às voltas com insuficiência de orçamento, diz Nalini.
Antônio Carreta/TJSP
Em nota, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, afirmou que recebeu o veto parcial como "inegável alívio". "O Judiciário está às voltas com insuficiência crônica de orçamento para o adequado cumprimento de suas atribuições. Retirar da percentagem a ele atribuída mais 5% seria catastrófico", afirmou.
"O TJ-SP continuará a se empenhar para a consecução de orçamento compatível com sua grandeza e com a relevância de sua missão", conclui o presidente. À época da aprovação do projeto de lei pela Assembleia Legislativa do estado Nalini, destacara a inconstitucionalidade do projetoreferente às mudanças na utilização do dinheiro do fundo.
Apesar do veto, o governador ressaltou conhecer a necessidade de “instituir medidas destinadas a assegurar a participação do Ministério Público no rateio das custas judicial”.
Para o Procurador-Geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, o reconhecimento do governador de incluir o MP é um passo importante. “O reconhecimento de que o Ministério Público tem direito à participação no rateio dessas receitas amplia nossa autonomia, inicia uma nova fase de crescimento e, em breve tempo, incluirá também a participação no rateio das custas, como já reconheceu o próprio governador do estado”, disse em nota
Lei sancionada amplia capacidade de investimentos e gestão, diz Elias Rosa.
Reprodução
Elias Rosa destacou ainda a importância de a instituição passar a receber os 3% referentes às taxas extrajudiciais. “O resultado deve ser celebrado não apenas porque amplia a capacidade de investimentos e de gestão, mas porque sabidamente corrige antiga e indevida distorção, conhecida desde a criação do Fundo Especial de Despesas do Ministério Público, ainda em 1999”, afirmou.
Utilização dos fundos
Também foi vetado trecho do projeto em que autorizava a utilização dos Fundos Especiais de Despesas para pagamento de servidores.
Hoje, o Fundo Especial de Despesas do Judiciário prevê que as verbas arrecadadas sejam usadas para modernização da administração do tribunal, desenvolvimento de programas, aquisição de equipamentos e aperfeiçoamento de servidores e magistrados.
Na proposta da Assembleia Legislativa, mas vetada por Alckmin, o fundo serviria também para o pagamento de salários. Questões relacionadas ao fundo, seja ele do MP ou do Judiciário, segundo o governador pode ser alterado apenas pelo Executivo. “A iniciativa para a constituição desses fundos especiais está concentrada na Chefia do Poder Executivo.”

Governo lança seguro-emprego para garantir vagas de quem recebe até R$ 6 mil


Programa custará R$ 100 milhões e deve salvar 50 mil empregos em todo País 
Do R7
O ministro-chefe da Presidência, Miguel Rosseto, durante anúncio do PPE no Palácio do PlanaltoReprodução/NBR
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rosseto, anunciou nesta segunda-feira (6) um programa para manter os trabalhadores que ganham até R$ 6 mil empregados no país até o final de 2016. Serão beneficiadas empresas, como as montadoras, que tiveram redução de produção e venda em razão da crise econômica.  
O PPE (Programa de Proteção do Emprego), inspirado em um pacote similar da Alemanha, prevê uma redução de jornada e de salários nas empresas que aderirem a ele de até 30%.
O governo cobrirá 50% desta redução o que assegurará ao trabalhador, que ganha até R$ 6 mil, 85% do salário que recebe. Ao entrar no programa, as empresas não poderão mais demitir. 

Um trabalhador que recebe, por exemplo, R$ 3 mil e perder 30% de seu salário, passaria a receber R$ 2.100. Com o PPE, ele retomará metade do que perdeu e teria seu salário ajustado para R$ 2.450,00.
Já o trabalhador que ganha R$ 2 mil perderia R$ 600,00 se o corte em seu salário for de 30%. Com o PPE, ao invés de ganhar R$ 1.400,00, ele passará a receber R$ 1.700,00.
A previsão do Planalto é gastar R$ 100 milhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) com o subsídio dos salários. A expectativa é manter 50 mil empregos com salários médios de R$ 2,2 mil. 
De acordo com o ministro Miguel Rosseto, o programa é uma alternativa para o lay-off, esquema em que os trabalhadores tem o contrato suspenso por tempo determinado e recebem parte do salário pago pelas empresas com complemento do governo. Hoje cerca de 20 mil empregados estão nessa situação e migrariam para o novo programa.  
Sindicatos aprovam programa 

As centrais sindicais aprovaram a medida que busca evitar demissões, férias coletivas e suspensões temporárias de trabalho. Para os sindicalistas o PPE chega em boa hora e inaugura o conceito de seguro-emprego em concomitância ao seguro-desemprego.
Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o programa vem sendo pensado desde 2012 com empresas e sindicatos. Ele disse que só foi adotado agora porque o país passa neste momento por dificuldades temporárias. Ele também ajuda no equilíbrio fiscal.
— Ao invés de pagar o seguro-desemprego e deixar de arrecadar, o PPE mantém os trabalhadores sindicalizados trabalhando e contribuindo para o FGTS e o INSS. Do contrário, quanto o governo gastaria com o desemprego de trabalhadores?
Em 15 dias, por meio de um comitê gestor coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego,  o governo vai dizer quais os critérios de entrada no programa de setores em crise. Espera-se a adesão de montadoras e de fábricas do setor metal-mecânico e químico.