domingo, 21 de setembro de 2014

Tubulação velha da Sabesp produz perdas no centro de SP



O envelhecimento da tubulação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) atinge metade da rede de distribuição de água na região central da capital paulista, onde vivem cerca de 3,5 milhões de habitantes. Levantamento feito pela empresa revela que 51% do sistema de abastecimento que atende bairros como Perdizes (oeste), Moema (sul), Tatuapé (leste) e Sé (centro) tem mais de 30 anos de uso, o que aumenta os casos de vazamento - o maior vilão do desperdício na própria Sabesp.
Em 2013, a empresa perdeu 31,2% de toda a água produzida entre a estação de tratamento e a caixa d’água dos consumidores, conforme o Estado revelou em fevereiro. O índice representa cerca de 950 bilhões de litros - quantidade equivalente a quase todo o "volume útil" do Sistema Cantareira, que tem capacidade para 981 bilhões de litros. Segundo a Sabesp, 66% das perdas são provocadas por vazamentos ou transbordamentos de reservatórios.
"O envelhecimento das tubulações, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, é um dos principais motivos das perdas físicas (vazamentos) da Sabesp", informa a companhia em documento enviado em março à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) durante o processo de negociação da revisão tarifária. Segundo a empresa, 17% da rede têm mais de 40 anos e 34%, entre 30 e 40 anos de uso. No centro, ainda há tubulação feita na década de 1930.
"Ressalta-se que a grande dificuldade para a execução dos serviços de manutenção ou substituição das tubulações em áreas centrais, como a do Município de São Paulo, reside na obtenção de licenças para a liberação de obras por parte de órgãos municipais (CET e Convias, entre outros), fazendo com que a execução seja postergada frequentemente", justifica a Sabesp ao órgão regulador.
Pela meta traçada pela Arsesp, o índice de desperdício deveria ter caído para 30% no ano passado, ante os 32,1% de 2012. Para este ano, a agência impôs a meta de 29,3%. Enquanto isso, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer multar em 30% quem gastar 20% mais água.
Obstrução
Segundo o presidente da seção paulista da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Alceu Bittencourt, tubulações com mais de 30 anos de uso são predominantemente feitas de ferro fundido, que sofre um processo de cristalização pela ação da água que vai obstruindo o tubo. "Essa obstrução reduz o diâmetro da tubulação, o que reduz muito a capacidade de vazão. Para mantê-la, é preciso aumentar a pressão da água na rede e isso eleva o índice de perdas nas juntas e conexões."
De acordo com Bittencourt, essas tubulações precisam ser substituídas por redes mais modernas, como as feitas de polietileno de alta densidade (PEAD). "Isso não se resolve com manutenção. Nesse caso, a solução é substituição integral. A Sabesp tem substituído muito os ramais e agora vai intensificar a troca das redes com o programa japonês de financiamento", explicou o engenheiro.
Sem parar
O aposentado Sergio Dias Teixeira, de 75 anos, fica indignado com o desperdício na esquina das Ruas Manuel Joaquim Pera e José Benedito Macedo, no Butantã, zona oeste. "Somos cobrados para economizar ao mesmo tempo que convivemos com o desperdício de água limpa que, literalmente, vai para o bueiro", criticou.
Segundo a Sabesp, "não foi detectado nenhum vazamento na rede de distribuição" no local, mas "infiltrações de água provenientes de lençol freático". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agencia Estado

O sonho acabou - FERREIRA GULLAR






FOLHA DE SP - 21/09



O que move defensores da legalização da maconha é a necessidade que têm de se opor ao que é 'careta'


Falando com sinceridade, confesso que não consigo entender a razão que leva certas pessoas a defenderem a legalização do uso da maconha, e entendo menos ainda quem defende o mesmo para as drogas mais pesadas.

Mas fiquemos na maconha. Os defensores de sua descriminalização valem-se de argumentos que exaltam as virtudes dessa erva. Segundo eles, a maconha possui virtudes medicinais inegáveis.

Para outros, ela é inofensiva e deve ser liberada para lazer, muito embora, conforme afirmam médicos psiquiatras e pesquisadores, trate-se de uma erva com inegável poder alucinógeno.

Eu mesmo, que não sou médico, garanto-lhes que a maconha provoca alucinação e o digo por experiência própria, por fatos ocorridos com meus filhos e com meus amigos.

Em alguns desses casos, poderia ter morrido alguém, tal o descontrole em que ficaram os maconhados.

É verdade que isso não ocorre com todo mundo, pois também conheço gente que fuma maconha há anos e nunca agrediu ninguém. Mas, se alguns podem ser levados ao delírio, por que dizer que essa erva não é ofensiva? Aliás, ela abre caminho para as drogas pesadas.

Argumentam eles que o álcool é pior que a maconha, mas não é proibido. Pode ser, mas estou certo de que muito menos gente consumiria bebida alcoólica se isso fosse proibido, o que é inviável.

No Brasil, são milhões de alcoólatras, causando uma despesa, para tratá-los, de mais de meio bilhão de reais aos cofres públicos.

A legalização da maconha certamente levará ao aumento de consumidores e das despesas com seu tratamento. O que o país ganharia com isso? O certo seria uma campanha educativa em larga escala para mostrar aos que ainda não usam drogas que usá-las é autodestruir-se.

Posso estar enganado, mas percebo, em meio a essa polêmica pela legalização da maconha, algo mais que uma simples disputa em defesa da saúde ou do direito de todo cidadão usufruir do que lhe dá prazer.

Na verdade, o que move alguns dos defensores da legalização é a necessidade que têm de opor-se ao estabelecido, ou seja, ao que é "careta".

Para entender o problema basta lembrar como foi que tudo começou, quando se drogar se tornou o modo de afirmação dos jovens. Esse foi um fenômeno de abrangência mundial, ligado à nova música que tomou conta da juventude nos anos 1960 e 70. A guitarra elétrica e a entrega ao delírio das drogas são frutos de um mesmo momento.

Esse fenômeno teve o seu ápice nos espetáculos musicais que reuniam dezenas de milhares de jovens e que eram uma espécie de entrega coletiva ao delírio ampliado pelo consumo de cocaína, maconha, ácido lisérgico e tudo o mais.

Com o passar dos anos, alguns dos ídolos desse período morreram de overdose, enquanto os que sobreviveram continuaram cantando e tocando, mas já envelhecidos e fora de moda como o prestígio das drogas que, não obstante, apropriadas pelos traficantes, consolidaram-se num mercado internacional clandestino, que movimenta bilhões de dólares.

Assim, a dependência, nos viciados, tomou o lugar do sonho (que acabou), enquanto a sociedade burguesa, que aquela geração abominava, voltou a ser vista como o caminho mais seguro a seguir.

Por outro lado, a repressão contra as drogas se intensificou, mas sem grandes resultados. Daí a tese de que o mal maior é o tráfico e que a legalização das drogas acabaria com ele.

Acabaria mesmo? Para que isso aconteça será preciso manter a venda de drogas no nível atual (ou certamente ampliado) e que o comércio legal passe a comprá-las dos produtores clandestinos, na Colômbia, na Bolívia, no Paraguai e sabe-se onde mais. Isso porque, se a oferta de drogas aos viciados não for satisfatória, eles recorrerão aos traficantes.

A mais nova proposta é que a legalização das drogas seja feita por todos os governos do mundo. Se isso ocorresse, os governos teriam que criar uma espécie de ministério específico, com centenas ou milhares de funcionários para atender a produção, distribuição e venda das drogas e, ao mesmo tempo, preparar-se para o tratamento médico de uma população de dependentes que, com a liberação, como as bebidas e o cigarro, atingirá a casa dos milhões e milhões.

Pois é, e tudo isso por culpa dos Beatles e dos Rolling Stones.

Arnaldo Jardim: 'Não sou daqueles candidatos que depois se ausentam'


18/09/2014 - 14:10
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Lucas Mamede / Especial
Arnaldo Jardim: “Nós tivemos 60 usinas fechando, sendo grande parte na região. E temos outras 66 em recuperação judicial” (foto: Lucas Mamede / Especial)
Buscando o terceiro mandato consecutivo como deputado federal, Arnaldo Jardim (PPS), que é natural de Altinópolis, promete manter o foco em ações que propiciem a recuperação do setor canavieiro e a melhoria das políticas de resíduos sólidos. O candidato foi citado em depoimento do suposto cartel do metrô de São Paulo, mas garante que já foi provado que é inocente. Arnaldo Jardim, que já foi deputado estadual por quatro mandatos (87/91 – 91/95 – 99/03 – 03/07), apoia Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (PSB).
Por que o eleitor deve dar o voto para o senhor?
Porque eu tenho uma atuação permanente nos municípios. Não sou daqueles candidatos que passado o momento eleitoral se ausentam. Tenho uma presença constante. As minhas prioridades são estratégicas para promover o desenvolvimento. Na Câmara, eu presido a Frente Parlamentar da Infraestrutura. O estado precisa criar as condições necessárias para que o desenvolvimento econômico possa ocorrer. Sou um parlamentar que prioriza isso. Sou um deputado que tem princípios éticos e ficha limpa.
Quais são as suas principais bandeiras para um possível próximo mandato?
Prioridade é concentrar-me na presidência da Frente Parlamentar de Valorização do setor Sucroenergético. Nós sabemos que esse setor é chave para a região de Ribeirão Preto e todo o País. É tudo que gira em torno do açúcar e do etanol. Há toda uma cadeia que passa pela parte agrícola e depois chega às usinas, formando uma rede de equipamentos e serviços. Na Fenasucro os números vieram a tona de uma forma muito contundente, só na cidade de Sertãozinho, na parte de equipamentos, nós tivemos 15 mil demissões. Nós tivemos 60 usinas fechando, sendo grande parte na região de Ribeirão Preto. E temos outras 66 em recuperação judicial. Nós conseguimos aprovar o aumento da mistura de etanol na gasolina de 25% para 27,5%. Nós conseguimos retirar o Pis/Cofins da cana-de-açúcar. Nós incluímos, através de uma emenda, os carros flex no Inovar-Auto e o com isso vamos ter uma renovação importante nos motores dos carros movidos a etanol. Nós queremos que o governo priorize a bioeletricidade através da queima do bagaço da cana. E agora o governo está prestes a anunciar leilões direcionados à biomassa. Também vamos lutar pela retomada da cide [Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico], que era um imposto que dava o diferencial entre a gasolina e o etanol. Mas o governo retirou a Cide, e acabou tirando a competitividade.
O nome do senhor apareceu no inquérito que a Justiça Federal de São Paulo promoveu para investigar um suposto cartel entre fornecedores do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) durante os governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB, em São Paulo. O ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer apontou o senhor com beneficiário do esquema. Na época, o senhor disse que processaria o ex-diretor por calúnia. Como está o caso atualmente?
Eu não cheguei a ser ouvido nesse inquérito. Meu nome foi mencionado em uma denúncia, inicialmente anônima, depois foi assumida por uma pessoa que foi processada por mim. E o processo contra ele e contra o deputado [estadual] Simão Pedro (PT-SP) que foi quem levou o caso ao delegado de polícia. Com relação ao meu envolvimento, a promotora designada concluiu que não deveria nem mesmo iniciar o processo de averiguação pela total inconsistência. O mesmo aconteceu com a posição do juiz que analisou o assunto. O caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal [STF] e o procurador geral da República também analisou a denúncia e teve a mesma manifestação, de que eu não deveria nem mesmo ser investigado pela total fragilidade das menções feitas. Essa manifestação foi acatada pelo ministro do STF que determinou que as menções fossem retiradas do inquérito. Eu estou processando o denunciante e o deputado Simão Pedro.
O senhor tem liderado as discussões sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O que pode ser feito para o Brasil avançar neste assunto?
Eu fui relator da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que é um novo tratamento para a questão do lixo. Ela impõe prazos aos municípios para aprovação de um plano de gestão de resíduos. Há necessidades de ações integradas regionais para a disposição de resíduos. Muitas vezes você não tem volume para ter um aterro próprio. Barrinha é um exemplo. Então você precisa ter solução integrada. Eu tenho discutido isso no Comitê da Bacia Hidrográfica do Pardo e pega também a Bacia do Rio Mogi. A Política Nacional passa pela implantação de coleta seletiva em todos os municípios e passa também pela questão de implementar cooperativas de reciclagem para deferentes materiais.
Em São Paulo, o PPS apoia o Geraldo Alckmin (PSDB). No âmbito federal, optou por seguir o caminho de Marina Silva (PSB). O senhor acha que vai ser possível defender suas bandeiras de campanha caso os dois sejam eleitos?
Os dois têm uma grande atenção à questão ambiental. Eu também atuo nesta questão. Mencionei a Política Nacional de Resíduos como prioridade. Eu fui o relator do projeto de pagamento por serviços ambientais, que é uma transformação importante na questão da sustentabilidade. Esse projeto tem o apoio tanto do Geraldo Alckmin como da Marina Silva. Com relação ao setor canavieiro, o Alckmin já demonstrou apoio ao setor e a Marina, na visita à Fenasucro, assumiu um compromisso público com relação à prioridade para as energias renováveis. Isso fortalece o segmento. Então, vejo compatibilidade e apoio entre o Geraldo Alckmin e a Marina Silva.
O senhor foi citado como candidato forasteiro em Ribeirão Preto mesmo tendo parentes morando na cidade. O senhor acha que pecou no contato com o eleitorado de Ribeirão Preto?
Eu acho que não pequei no contato com o eleitorado da região de Ribeirão Preto. Eu sou mais votado em várias cidades da região. É um trabalho consistente e permanente, tanto é que minhas votações se repetem. Eu não tinha conseguido completar este trabalho regional com a presença em Ribeirão Preto. O meu trabalho político na cidade ficou restrito a um círculo de amigos e de relações específicas, segmentadas. Mas em 2014 eu estou alterando essa relação com a cidade Ribeirão Preto por dois componentes. O primeiro é o apoio do vereador Capela Novas (PPS), que é um companheiro de partido que apoiou outro candidato em eleições anteriores, mas desta vez me apoia. E segundo pela parceria com o candidato do PSB, o Dr. Gandini. Que é uma pessoa que tenho amizade e identidade política, com visões comuns. Eu tenho uma presença maior nessas eleições, o que complementa o trabalho regional.
O senhor acompanha questões locais, como a ampliação do Aeroporto Leite Lopes e a luta pela preservação do Aquífero Guarani? O que pode ser feito em Brasília para avançar nos dois campos?
O que diz respeito ao Aeroporto Leite Lopes nós temos uma concessão estadual. Eu acho que essa demora tem sido grave e Ribeirão Preto está perdendo oportunidades significativas. Em Brasília especificamente não há uma ação que se possa fazer do ponto de vista da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A Anac ela gerencia os aeroportos, mas por ser uma concessão estadual ela fica dependente da dinâmica estadual. O meu papel como parlamentar é buscar a interlocução junto ao Ministério Público e ao governo do Estado para acelerar os procedimentos da ampliação. Com relação ao Aquífero Guarani, há regras de preservação dos mananciais. As legislações federal e estadual são concorrentes em relação a isso. A preservação do Guarani precisa ser feita por dois lados. Primeiro pela questão da infiltração de substâncias de defensivos agrícolas. É preciso avançar nesta disciplina. E segundo pela permissão de extração de água da reserva por poços. Uma medida importante que vem sendo debatida é para limitar o número de poços. A legislação de cobrança pelo uso da água, que uma norma federal, além de ter uma lei estadual, permitiu o início da cobrança exemplar que se fez no rio Paraíba do Sul. Não se trata de uma lei arrecadatória, mas é uma lei que visa a utilização racional dos recursos hídricos.