sexta-feira, 6 de junho de 2014

Criação de parque no Ribeira é suspensa


HERTON ESCOBAR - O ESTADO DE S.PAULO
06 Junho 2014 | 04h 02

Ação civil parou processo; ambientalistas defendem que área continue privada

O governo do Estado de São Paulo planejava anunciar ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, uma nova unidade de conservação da Mata Atlântica, o Parque Estadual do Taquari, de 245 km². Localizado no Vale do Ribeira, ele formaria um mosaico de proteção com os atuais parques estaduais do Petar, Intervales, Nascentes do Paranapanema e Carlos Botelho. Mas o anúncio teve de ser adiado por causa da oposição de ambientalistas e de uma ação civil pública, pedindo a suspensão do processo administrativo de criação do parque.
Uma consulta pública marcada para 28 de maio na cidade de Eldorado foi suspensa no último minuto por força de uma liminar, concedida pela Justiça local, com base na ação da Defensoria Pública do Estado em Registro.
A suspensão foi comemorada por muitos na comunidade ambientalista que se opõem à criação do parque, pelo fato de a área em questão já ser protegida há mais de 40 anos por uma empresa privada, a Agro Industrial Eldorado, que mantém vigilância permanente no local. Na opinião dos críticos, a empresa faz um trabalho de conservação melhor do que o Estado seria capaz de fazer, visto as dificuldades que enfrenta para cuidar dos parques já existentes.
A área, conhecida como Fazenda Nova Trieste, abriga enormes trechos de floresta em ótimo estado de preservação e isentos de ocupação humana.
Em conjunto com os parques vizinhos, forma "a maior mancha contínua de Mata Atlântica do Brasil", segundo Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), que coordenou os estudos para criação da unidade, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). "Você pode traçar um raio de 12 quilômetros ao redor sem nenhum morador, só mata", diz.
Graças à proteção da empresa, a fazenda abriga a maior população conhecida de onças-pintadas do bioma, assim como uma grande quantidade de palmeiras juçara, espécie ameaçada de extinção por causa da atividade ilegal de palmiteiros.
Histórico. Os procedimentos para criação do parque foram publicados pela SMA em 14 de maio, dando 15 dias para que "qualquer interessado" se manifestasse sobre o assunto.
No dia 26, organizações ambientalistas - incluindo o instituto Pró-Carnívoros e o Instituto Socioambiental (ISA) - e representantes das comunidades tradicionais da região divulgaram um manifesto de repúdio à criação do parque, argumentando que o prazo de 15 dias era "inaceitável" e que o que Estado não teria condições de garantir a proteção da área.
"Há mais de 40 anos o proprietário da Nova Trieste mantém, de forma permanente e contínua, a fiscalização da propriedade. Além disso, promovem pesquisas científicas e realizam projetos inovadores de manejo sustentável", diz o manifesto. "Esse tripé que envolve proteção, pesquisa e práticas sustentáveis foi essencial para garantir a efetividade proteção da área, realidade bem distante dos parques estaduais vizinhos."
A Defensoria Pública do Estado em Registro cita como exemplo em sua ação o caso do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, que foi criado em 2012 e tem como "equipe", até hoje, um único gestor.
Compromisso. Lino, da RBMA, lamentou a suspensão da consulta pública e disse que há um compromisso real da SMA de garantir a conservação da área, se possível em parceria com o proprietário. "A situação lá não está tão bonita assim. A fazenda também está sob pressão de palmiteiros e caçadores", ressaltou. A expectativa é retomar as conversas sobre o projeto com uma nova agenda.
O proprietário da fazenda, Gilberto Sulzbacher, não foi encontrado pela reportagem.

Professores em greve da USP ocupam reitoria


WILLIAM CASTANHO, MÔNICA REOLOM - O ESTADO DE S. PAULO
04 Junho 2014 | 23h 58

Após assembleia da categoria, cerca de 60 docentes leram uma carta de desagravo ao vice-reitor Vahan Agopyan, mas que era destinada ao reitor Marco Antonio Zago

SÃO PAULO - Professores em greve da Universidade de São Paulo (USP) ocuparam na noite desta quarta-feira, 4, o saguão da reitoria, no câmpus Butantã, zona oeste da capital, e leram uma carta de desagravo ao vice-reitor Vahan Agopyan, mas que era destinada ao reitor Marco Antonio Zago.
Os professores manifestaram "preocupação e indignação diante de alguns dos artigos e entrevistas veiculados na grande imprensa por comprometer a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade e daqueles que nela estudam e trabalham".
Entre os pontos criticados pelos grevistas, estão a "impossibilidade de concessão de reajuste e recusa em abrir negociação com docentes e funcionários"; "a recusa em reconhecer a gravidade da questão ambiental na USP Leste"; "a defesa da redução do quadro do professor em regime de dedicação integral à docência e à pesquisa (RDIDP)"; e a afirmação do reitor de que "nada sabia" sobre os gastos da gestão anterior.
A decisão de entregar a carta ao reitor foi tomada após assembleia da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que reuniu cerca de 100 professores às 18h, no Auditório da História, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
"Dentro do contexto da assembleia entendemos a incapacidade e a impossibilidade de se estabelecer diálogo e negociação com as reitorias (das três universidades estaduais paulistas), com a Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas)", afirmou Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia.
"Nós redigimos a carta na assembleia e foi deliberado que entregássemos diretamente para o reitor, exigindo, entre outros pontos, a abertura imediata de negociações, a questão da defesa explícita do regime de RDIDP e outras pautas que temos levado para a reitoria", disse.
Segundo Braga, entre 60 e 70 docentes ocuparam o prédio, que foi liberado após a leitura ao vice-reitor. O professor disse que Agopyan se comprometeu a apresentar as reivindicações a Zago e a levá-las ao Cruesp.

sábado, 31 de maio de 2014

'RENDA DOS MAIS POBRES TEVE MAIOR AVANÇO COM DILMA


 
 

Encarregado de compilar dados que sustentem a tese que deve nortear a campanha da presidente à reeleição, Marcelo Neri, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, afirma que, apesar do cenário econômico não tão animador, os ganhos sociais continuaram a se expandir no atual governo.
"Os brasileiros que estão mais próximos da parte superior da distribuição têm uma dificuldade grande de ver o Brasil profundo. A transformação está acontecendo lá embaixo", afirma.
 
Para ele, apesar da desaceleração econômica observada nos últimos anos, houve uma surpreendente continuidade da melhora social, o que contrapõe dados como o crescimento do PIB e a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, a Pnad. "Os 10% mais pobres tiveram crescimento de 14,4%, contra 5,4% em média entre 1992 e 2012. "A melhora é mais acentuada, inclusive em relação ao governo Lula", diz Neri.
 
Ele acrescenta que, em 2000, 41% dos municípios tinham IDH muito baixo. Em 2010, são menos de 0,6%. "Isso é expectativa de vida, educação e renda também. A mortalidade infantil caiu 47% em 10 anos. O que é mais estrutural que isso? Tem uma revolução acontecendo aí".


30 mai 2014


Pobreza teve queda de 69% nos últimos dez anos


Dados da última Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) e do relatório de acompanhamento das Metas do Milênio divulgado pelo IPEA atestam as transformações promovidas pelos governo do PT. A pobreza teve queda de 69% nos últimos dez anos. Além disso, a renda dos mais pobres está crescendo 5,5 vezes mais rápido que a do ricos.


A PNAD mostra que entre 2003 e 2012, a renda dos 10% mais pobres do país cresceu 106%. O índice equivale ao dobro do aumento da renda média no país – de 51% – no mesmo período. Já a renda mediana (do segmento que se encontra bem no meio da pirâmide social) aumentou 78% em nove anos.


Segundo o ministro Marcelo Neri (Secretaria de Assuntos Estratégicos) os números são o resultado de uma equilibrada combinação entre crescimento econômico e diminuição da desigualdade de renda. Esse “caminho do meio” – explica – tem como base as transformações estruturais no país.


“Dizer que todo este movimento de queda da pobreza e da desigualdade é fruto de assistencialismo e não tem padrões estruturais é entrar em conflito com os dados”, avalia Neri. Ele também aponta que poucos países no mundo, nos últimos 60 anos, conseguiram manter durante 12 anos consecutivos uma queda contínua de suas desigualdades.


Os dados dimensionam a importância do trabalho com carteira assinada: o salário foi responsável por 3/4 do aumento da renda dos brasileiros, entre 2002 e 2012. Neri destaca, também, as transformações na Educação, sobretudo no ensino técnico, que dobrou sua cobertura entre os jovens de 15 e 29 anos, passando de 2% para mais de 4%.


Como vocês sabem, o Brasil conseguiu atingir uma das metas do milênio – a queda da mortalidade infantil – quatro anos antes do prazo estipulado pela ONU (2015). Passamos dos 53,7 óbitos por mil nascidos vivos em 1990 para 17,7 em 2011. Agora, aponta Neri, a meta é a superação da extrema pobreza: “O mundo debate isso em escala global. O Brasil está exportando a ideia”.