sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Marta é condenada por improbidade e tem direitos políticos suspensos

Lilian Venturini e Luciano Bottini Filho - O Estado de S. Paulo
A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) foi condenada pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa em razão de um contrato firmado sem licitação, durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo (2001-2004). Em decisão de primeira instância, o Juiz Alexandre Jorge Carneiro da Cunha Filho, da 1ª Vara de Fazenda Pública, condenou a ex-prefeita a suspensão dos direitos políticos por três anos e ao pagamento de multa no valor de 50 vezes a sua remuneração como prefeita.
Ex-prefeita de São Paulo vai recorrer de condenação, sua segunda envolvendo a ONG - Ed Ferreira/Estadão
Ed Ferreira/Estadão
Ex-prefeita de São Paulo vai recorrer de condenação, sua segunda envolvendo a ONG
Na decisão, da última quarta-feira, 9, o Justiça acatou a denúncia do Ministério Público de São Paulo, que apontou irregularidades na contratação, em 2002, de uma ONG para assessorar o desenvolvimento de ações referentes a planejamento familiar, métodos contraceptivos, questões de sexualidade nas subprefeituras de Cidade Ademar e Cidade Tiradentes. O juiz estende a condenação também a então secretária de Educação Maria Aparecida Perez. A defesa de Marta Suplicy informou que vai recorrer, já que contrato semelhante foi considerado legítimo pela Justiça (leia abaixo). A defesa de Maria Aparecida não foi encontrada para comentar o caso.
De acordo com a promotoria, o contrato de R$ 176,7 mil com o Grupo de Trabalho e Pesquisa de Orientação Sexual (GTPOS) é irregular por ter sido firmado sem a realização de licitação. A secretaria teria desconsiderado também os requisitos necessários para a dispensa da pesquisa de preços. "Houve infração do princípio da moralidade, já que a ré Marta Suplicy, prefeita de São Paulo à época da celebração do contrato, era intimamente ligada à entidade contratada", acrescenta o juiz na sentença, de novembro de 2013.
Na ocasião da denúncia, os advogados de Marta Suplicy e da secretária de Educação defenderam a legalidade do contrato. Sustentaram ainda que os serviços foram devidamente prestados pela ONG.
Para o juiz, no entanto, o serviço poderia ser realizado por outras empresas, o que indica a necessidade da realização de consulta de interessados ou de pesquisa de preços, como prevê a lei de licitações. "A ausência de tal consulta, no caso, implicou a violação ao princípio da isonomia, que deve pautar a relação entre particulares prestadores de serviço e o Poder Público com o qual pretendem contratar, além da impessoalidade, já que a entidade contemplada com o contrato questionado fora fundada pela chefe do Executivo em cujo mandato se deu a celebração do respectivo instrumento."
O juiz destacou também o fato de Marta Suplicy ter sido sócia fundadora da GTPOS e, por essa razão, infringir o critério de imparcialidade exigido nesse tipo de contrato. Ele ressalta, porém, que não se verificou indícios de prejuízos aos cofres públicos e os réus não serão condenados a ressarcir o governo municipal. "Por outro lado, ressalvo que a ausência de comprovação de dano ao erário não afasta a configuração de ato de improbidade administrativa", afirma.
A ONG, por sua vez, foi condenada a pagamento de multa no valor de 10% do valor do contrato original e fica proibida de firmar contratos com o poder público ou receber incentivos fiscais por três anos. De acordo com a defesa da GTPOS, que vai recorrer da decisão, a licitação era dispensável em razão da natureza do serviço prestado e pelo fato de a ONG ser entidade sem fins lucrativos, condições previstas na legislação.
Segundo caso. A contratação da mesma organização já foi alvo de outra denúncia do Ministério Público, também envolvendo Marta Suplicy e Maria Aparecida Perez. A petista e a ex-secretária chegaram a ser condenadas por improbidade, mas foram absolvidas em segunda instância, em junho de 2011. O MP questionou a ausência de licitação para um contrato de R$ 2,029 milhões, mas a dispensa foi considerada correta.

MPE abre inquérito para investigar denúncia contra Kassab e Controlar


Promotores vão apurar acusação feita por testemunha protegida de que ex-prefeito paulistano recebeu uma 'fortuna' de empresa que faz inspeção veicular na capital

17 de janeiro de 2014 | 16h 14

O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, braço do Ministério Público Estadual (MPE) que investiga improbidade, vai abrir um inquérito civil para apurar as acusações feitas por uma testemunha protegida que afirma ter ouvido do auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS) em São Paulo, que o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD) recebeu "uma verdadeira fortuna" da Controlar, empresa contratada na gestão dele para fazer a inspeção veicular na capital. O caso foi revelado ontem peloestadão.com.br. Ambos negam a afirmação.
Além de Kassab e da Controlar, o inquérito vai investigar também o empresário Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário de Desenvolvimento Ecônomico do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia. Segundo a testemunha, Ronilson disse que Marco Aurélio ajudou o ex-prefeito a transportar o dinheiro que estaria guardado em seu apartamento em um avião para o Mato Grosso. Todos afirmam que as acusações são "fantasiosas".
Em um segundo inquérito, o MPE vai investigar as acusações feitas contra o ex-secretário municipal de Finanças Mauro Ricardo. A testemunha relatou em depoimento no dia 19 de dezembro que Ricardo pediu a Ronilson que fosse feita uma redução de alíquota de ISS para a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) em troca de favores. O ex-secretário e a BM&FBovespa negam as acusações.

Sistema de ônibus de SP transportou 6 mi a mais em 2013

Caio do Valle - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Revertendo uma tendência de queda, o número de passageiros que utilizaram os ônibus municipais da capital paulista cresceu em 2013, ano em que a Prefeitura de São Paulo adotou políticas como a criação de faixas exclusivas para coletivos e o Bilhete Único Mensal.
Em 2014, quantidade de usuários deve subir mais - Daniel Teixeira/Estadão
Daniel Teixeira/Estadão
Em 2014, quantidade de usuários deve subir mais
Dados da São Paulo Transporte (SPTrans) mostram que 6 milhões de usuários a mais circularam no sistema, atingindo a marca de 2,923 bilhões de pessoas transportadas. Em 2012, a quantidade de passageiros havia sido 24 milhões menor do que em 2011. Aquela foi a primeira vez em uma década que a curva de usuários dos ônibus paulistanos caiu em vez de subir. Agora, no entanto, a situação é a oposta. Nas projeções da Prefeitura, o patamar chegará a 2,937 bilhões de passageiros transportados no fim de 2014, nível próximo ao de três anos atrás.
Segundo especialistas, se a velocidade e a qualidade do serviço continuarem aumentando, mais pessoas devem migrar para esse meio de transporte ao longo dos próximos meses.
Caso de Rogério Belda, diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Ele diz que o único fator que pode explicar o incremento e não estagnação do número de passageiros de ônibus em São Paulo é a política das faixas da gestão Fernando Haddad (PT). "O que crescia eram só os usuários de automóvel, trem e metrô. Não há outra explicação para mais gente nos ônibus que não seja a melhora de circulação nas faixas. É uma boa notícia."
Os efeitos já são notados pelos passageiros. O operador de loja Jobson Tiago Mocelin, de 31 anos, diz que a linha que usa para ir trabalhar na zona norte ficou mais cheia. "Agora, no ponto que pego, na Freguesia do Ó, já não tem mais lugar para ir sentado."
A auxiliar de produção Fábia Figueiredo Freitas, de 32 anos, aprova as faixas. "Minha viagem ficou uns 40 minutos mais rápida. Só acho que precisava passar mais ônibus no ponto."
Especialista em Transportes e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI), Creso de Franco Peixoto atribui a variação positiva à campanha em torno da inauguração das faixas. Para ele, o número deve continuar aumentando, caso a qualidade do serviço aumente. "A oferta dessas faixas num processo mais dinâmico agora está passando por um momento de avaliação. Temos de ver se os usuários atingidos pela campanha vão continuar."
Bilhete Único. Por sua vez, o Bilhete Único Mensal, acredita Rogério Belda, também deve atrair mais gente. "Eu estava em Paris quando fizeram um bilhete como esse. No começo, o interesse foi pequeno, mas depois que as pessoas se habituaram, o crescimento foi vertiginoso."
De acordo com o diretor de Gestão Econômico-Financeira da SPTrans, Adauto Farias, o afluxo de usuários no sistema passou a subir a partir de outubro, quando a rede de faixas estava se consolidando - ao todo, a administração municipal implementou 291 km dessas vias exclusivas ao longo de 2013.
Golden line. Farias cita como exemplo de migração de passageiros do Metrô para os ônibus a linha que usa faixas exclusivas no eixo da Radial Leste, conectando a região de Itaquera ao Parque D. Pedro II, no centro. "Essa linha estava dimensionada para 14 mil passageiros por dia e já está chegando aos 40 mil." Ela foi apelidada de 'golden line' (linha dourada) pela SPTrans por causa da cor dos ônibus super articulados. O tempo médio de viagem, segundo Farias, é menor nela (43 minutos) do que na paralela Linha 3 do Metrô (53 minutos).

Frota de coletivos cai ao menor nº desde 2009

17 de janeiro de 2014 | 2h 01

Caio do Valle - O Estado de S.Paulo
Se a quantidade de passageiros aumentou, a de ônibus diminuiu. Conforme os indicadores da SPTrans, a frota paulistana de coletivos terminou 2013 com 14.805 veículos, o menor patamar desde março de 2009. No último mês de 2012 havia 14.972 ônibus gerenciados pela Prefeitura rodando na capital.
De acordo com Adauto Farias, diretor da SPTrans, o número de lugares no sistema aumentou, apesar de o número absoluto de ônibus ter caído. Isso, porque ônibus novos, com maior capacidade de embarque, estão substituindo os menores. Ainda segundo o técnico, a queda de passageiros registrada em 2012 se explica pela qualidade ruim dos serviços prestados pela empresa Novo Horizonte, descredenciada no ano passado pela Prefeitura. 

Paulistano ganha 38 minutos por dia com faixa exclusiva, diz Haddad

Estudo mostra ainda que cerca de 20 mil pessoas foram atraídas para sistema de ônibus; lentidão, na média, piorou 7,6%

20 de dezembro de 2013 | 11h 14
Caio do Valle e Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Um estudo da Prefeitura de São Paulo divulgado nesta sexta-feira, 20, mostra que as faixas exclusivas de ônibus fazem com que o paulistano que utiliza o transporte público economize 38 minutos por dia. A informação foi dada pelo prefeito Fernando Haddad (PT). Além disso, o levantamento mostra que os ônibus têm atraído mais passageiros ao sistema -- em dezembro, um acréscimo de 20 mil pessoas por dia, em média. Já a lentidão do trânsito piorou.
Faixa de ônibus invadida por motos e carros na Avenida Paulista - Epitácio Pessoa/Estadão
Epitácio Pessoa/Estadão
Faixa de ônibus invadida por motos e carros na Avenida Paulista
"Estamos devolvendo para o cidadão o que ele tem de mais precioso, que é o tempo", disse ele, em evento na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ao mesmo tempo, na sede da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), no centro, o secretário dos Transportes de Haddad, Jilmar Tatto, detalhava o balanço.
De acordo com ele, a velocidade das faixas aumentou, em média, de 14,2 km/h para 20,6 km/h, levando-se em consideração o total de 291 km de faixas exclusivas já criadas neste ano. O início da medição foi feito a partir de 28 de novembro e o encerramento, na segunda-feira, 16.
Ao todo, 3 milhões dos 4,5 milhões de usuários de coletivos registrados diariamente, em média, têm sido beneficiados com economia de tempo nas faixas exclusivas.
Sobre o acréscimo de passageiros ao sistema, a Prefeitura informou que, na média, nos dias úteis de dezembro 5.755.831 passageiros pagantes têm usado os coletivos da São Paulo Transporte (SPTrans), ante 5.735.356 no mesmo mês de 2012, um acréscimo de cerca de 20 mil pessoas.
Tatto disse que esse ligeiro aumento vem sendo notado desde setembro. Mas afirmou que ainda não é possível saber se esses novos usuários vêm do carro, do Metrô ou dos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Custos. O secretário Tatto também disse que até agora em 2013 gastos R$ 15 milhões com a instalação dos quase 300 km, ou seja, R$ 50 mil por quilômetro. "Faixa exclusiva não é só pintar. Tem um projeto por trás e algumas obras de geometria", afirmou Tatto.
A zona leste é a região da cidade onde mais foram instaladas faixas exclusivas -- um total de 117,9 km (ou 40,5%) --, seguida pelas zonas sul (76,4 km, ou 26,2% de todas), norte (40 km, 13,7%), oeste (31,3 km, 10,8%) e centro, onde foram colocados 25,8 km, o que representa 8,8%.
Lentidão. Os dados da Prefeitura ainda mostram que, embora a velocidade dos ônibus tenha aumentado 45,1%, a do trânsito em geral piorou 7,6% em relação a 2012. Os números se referem ao período entre janeiro e novembro de ambos os anos. Nesse recorte de tempo, em 2013 os congestionamentos atingiram média diária de 142 km, ante 132 km em 2012 e 116 km em 2011.
"O aumento da extensão das lentidões subiu apenas 7,6%, quer dizer, é quase metade do índice de crescimento que teve de 2011 para 2012 (quando a cidade ainda não tinha muitas faixas exclusivas). O que a gente percebe é que aquilo que se imaginava do impacto das faixas exclusivas, com a redução do espaço do automóvel, que isso fosse representar uma explosão da lentidão da cidade, as medições mostram que não", disse Ronaldo Tonobohn, superintendente de Planejamento da CET.
No ano que vem, a gestão Haddad pretende abrir um número menor de faixas exclusivas para ônibus. Pelos cálculos atuais, elas devem chegar a 50 km. Contudo, Tonobohn diz que, com o tempo, esse patamar poderá variar para cima ou para baixo, conforme os novos estudos de demanda forem atualizados.
Tatto afirmou que existem vias, como a Rua Augusta e a Avenida Giovanni Gronchi, que estão na mira da Prefeitura para receber faixas. Contudo, ainda não existe certeza sobre a instalação do mecanismo nesses locais devido à sua estreiteza, com poucas faixas para o resto dos veículos.
Marginal do Pinheiros. Das grandes vias avaliadas no estudo, a que registrou o pior desempenho nos congestionamentos foi a Marginal do Pinheiros. Nessa avenida, a lentidão em outubro foi 12% maior do que no mês anterior. Desde junho, quando foram instalados 17,4 km de faixas exclusivas na via, os engarrafamentos vêm subindo.
Entretanto, em outras grandes avenidas onde foram colocadas faixas, como a Radial Leste, que recebeu 12,2 km de faixas este ano, o impacto não foi tão grande. Em outubro, quando 11,1 km foram instalados, o trânsito ficou 7% que setembro.
Já na Avenida 23 de Maio, que recebeu 10,7 km de faixas (a maior parte em agosto), os índices de congestionamento ficaram estáveis. De setembro a outubro, houve, inclusive, queda de 6% na lentidão.