domingo, 5 de janeiro de 2014

Ladrão de bancos mais procurado de SP propôs acerto ao ser preso

05/01/2014 - 02h40


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ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
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O mais procurado assaltantes de bancos de São Paulo, Rolídio Brasil de Souza Gama, 42, mais conhecido pela alcunha de "Monstro", foi preso na última quinta-feira sem reagir –ou quase isso.
Ao ser abordado por um grupo de policiais, ergueu tranquilamente os punhos para serem algemados. Mas não sem antes perguntar se havia "conversa" –suborno.
"Não. Aqui é cana", disse um dos policiais, segundo o chefe da divisão de capturas Adilson da Silva Aquino.
"Ele percebeu que não tinha nenhuma conversa errada. Não tinha nada. Falaram [os policias]: 'Você ficou muito famoso'", relatou Aquino.
No caminho até o carro, diz o delegado, ainda brincou: "Essa mídia só me ferra."
Condenado a 32 anos de prisão, Monstro foi surpreendido em uma casa alugada no sertão de Boiçucanga, em São Sebastião, litoral norte, onde passava o feriado de final de ano com a família –entre eles, a mulher e dois filhos.
O criminoso se tornara uma das prioridades da Polícia Civil havia dois anos, após escapar de ao menos quatro operações em que vários membros da quadrilha foram presos ou mortos.
carreira
Monstro construiu uma "carreira" de quase 23 anos. Os policiais não sabem bem a origem de seu apelido. Dizem que pode ser em razão da agressividade nos roubos.
Num dos assaltos, chegou a colocar o cano da arma na boca de um gerente. Outra hipótese, para os policiais, é uma chacota de comparsas em razão do nariz torto.
Nascido na pequena Barra do Bugres, Mato Grosso, ele –que tornou-se especialista em roubo a cofres– teve seu primeiro registro na polícia em fevereiro de 1991 ao assaltar uma lanchonete na zona norte da capital paulista.
A polícia não sabe dizer quando ele chegou a São Paulo nem se teve passagem pela antiga Febem.
Sabe, porém, que depois da primeiro crime ele não parou mais. Tinha 19 anos.
Ainda em 1991, praticou mais dois roubos –a uma editora e a uma mulher.
Foi para a prisão pela primeira vez em 1992, após mais três roubos. Cumpriu pena em regime fechado durante seis anos, quando então conseguiu o direito a cumprir o restante da pena em regime semiaberto. Fugiu um mês depois de receber o benefício.
Em fevereiro de 1999, foi preso agindo pela primeira vez num roubo a banco.
fuga
Foi para a prisão, mas não por muito tempo. Em dezembro do mesmo ano, Monstro fugiu de novo.
Voltou ao cárcere mais uma vez em 2002 quando se tornou chefe de uma quadrilha. Até então, ocupava papeis secundários nos bandos que participava. Cinco anos depois, em 2007, escapou do semiaberto. Monstro voltou a fazer o que mais sabia.
Ganhou fama de frio e inteligente. Aprendeu a rotina dos bancos e como cooptar vigias das agências.
Também entrava disfarçado de funcionário. Roubou pelo menos outros 24 bancos.
Neste ano, Monstro assaltou três agências em apenas uma semana. Acumulou 17 mandados de prisão.
vida normal
Apesar dos roubos milionários, o criminoso levava uma vida sem ostentação. A polícia ainda sabe ao certo o seu patrimônio.
Ao todo, de acordo com informações da polícia, há 31 casos confirmados com sua participação. "Acreditamos que esse número possa dobrar. Chegar até uns 65", afirmou o diretor do departamento de capturas, Marco Antonio Desgualdo.
"Aqui nós tínhamos [no departamento] o médico e o monstro. O Monstro nós prendemos. Agora, só falta o médico", disse Desgualdo em referência ao médico Roger Abdelmassih, condenado por uma série de estupros e que está foragido há três anos.

O exemplo de Michael Bloomberg - ELIO GASPARI


O GLOBO - 05/01

Prefeito de Nova York gastou US$ 650 milhões do próprio bolso e a mulher de Volcker alugava quarto em casa


Depois de governar a cidade de Nova York por 12 anos, o bilionário Michael Bloomberg pegou o metrô e foi para casa. Além de uma grande administração, deixou um exemplo. Durante o tempo em que ocupou a prefeitura gastou US$ 650 milhõesdo próprio bolso. 

Sabia-se que voava em jatinhos e helicópteros de sua propriedade (alô, Sérgio Cabral). Sabe-se agora que seu gosto por aquários no gabinete custou-lhe US$ 62,4 mil. O café da manhã e almoços frugais para a equipe saíram por US$ 890 mil. Uma viagem ao exterior custou US$ 500 mil (alô, Cid Gomes). Seu salário na prefeitura era de um dólar por ano.

Com uma fortuna avaliada em US$ 31 bilhões, Bloomberg gasta como quer. Já deu um bilhão à universidade onde estudou. (No ano seguinte à sua formatura, quando era um duro, deu cinco dólares.) Começou a vida no papelório, deixou a Salomon Brothers com US$ 10 milhões e fundou o império de meios de comunicação que leva seu nome.

Para quem gosta de depreciar o Brasil, ele seria um exemplo de políticos que faltam por aqui. É verdade, mas o casal Clinton está milionário e suas origens são semelhantes às de Bloomberg, sem que tenham produzido um só parafuso. Lyndon Johnson endinheirou-se na política e seus mensalões fariam corar o comissariado petista.

A diferença entre o serviço público americano e o brasileiro está no exemplo. Indo-se para o século 19, Dolley Madison, mulher do presidente James Madison, a primeira locomotiva social de Washington, morreu em absoluta pobreza, eventualmente ajudada por um escravo liberto que trabalhara para ela na Casa Branca. Em 1979, quando Paul Volcker foi nomeado presidente do Federal Reserve Bank, perdeu 50% de sua receita e foi morar numa quitinete de estudante em Washington. Sua mulher ficou em Nova York e equilibrou as contas alugando um quarto de seu apartamento.

No Brasil foram muitos os milionários que passaram por governos. Nenhum soltou a bolsa da Viúva. Em muitos casos as fortunas foram acumuladas por inexplicáveis multiplicações ocorridas durante o exercício dos cargos. Exemplo como o de Bloomberg, nem pensar.

CASA CIVIL

Está dura a competição dentro do comissariado pela substituição de Gleisi Hoffmann na chefia da Casa Civil.

A doutora Dilma tem dois nomes sobre a mesa: Carlos Gabas, ministro interino da Previdência Social, e Aloizio Mercadante, titular da Educação.

Um ascendeu dentro da máquina do serviço público para a qual entrou em 1985, por concurso. O outro emergiu do aparelho partidário, tendo sido fundador do PT, elegendo-se deputado e senador.

Se um dos dois for escolhido, a decisão terá dado o tom de um eventual segundo mandato da doutora Dilma.

O PENTE DE RENAN

O senador Renan Calheiros pagou R$ 27,4 mil à FAB pelo uso indevido do jatinho que o levou de Brasília ao Recife para um implante de 10.118 fios de cabelo. Isso dá R$ 2,70 por fio, deixando-se de lado os serviços médicos do procedimento.

Toda vez que o doutor ajeitar a cabeleira, deverá contar os tufos que saírem no pente. A cada 268 fios que caírem, terá perdido o equivalente a um salário mínimo.

INFRAERO INVICTA

A Infraero é invencível. Em dezembro de 2012, quando os aeroportos do Rio viraram umas saunas, ela dizia que o sistema de ar-refrigerado seria consertado no dia seguinte.

Agora que o Galeão passou pelo mesmo problema, ela informou que o ar-refrigerado funcionava normalmente, salvo nas áreas onde há obras, pois lá ele está desligado.

Tem solução. Basta desligar a refrigeração do presidente da Infraero quando há passageiros que pagam suas taxas no calor.

NO MURO

A entrada do PSDB no governo de Eduardo Campos é um fato maior do que parece. O tucanato pernambucano é liderado por Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, e há algum desconforto no PSDB nordestino com a disposição mostrada por Aécio Neves em relação à sua candidatura.

TARSO XIAOPING

O comissário Tarso Genro produziu um interessante artigo intitulado "Uma Perspectiva de Esquerda para o Quinto Lugar". É uma reflexão em torno da sua visão para o futuro do Brasil, com ambiciosas referências ao modelo político e econômico da China. Espremendo, resulta no seguinte: "O 'levantar âncoras' poderá ser uma nova Assembleia Nacional Constituinte, no bojo de um amplo movimento político -por dentro e por fora do Parlamento- inspirado pelas jornadas de junho: com partidos à frente sem aceitar a manipulação dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia".

O doutor diz que "se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional o que ocorreu na China após os anos sessenta, poder-se-ia dizer que a Revolução Cultural como forma específica de revolução política 'permanente' foi sucedida por uma 'Nova Política Econômica' (a NEP leninista), de longo prazo, que tende a se tornar economia 'permanente'." Comparar a revolução do companheiro Deng Xiaoping com a NEP de Lênin é uma licença poética. Uma, houve. A outra, teria havido. Lênin lançou-a em 1921, sofreu o primeiro derrame em maio de 1922, saiu do ar sete meses depois e morreu em 1924. Em 1928 a NEP foi abandonada, e o Estado leninista marchou para a "revolução cultural" de Stálin.

MORENGUEIRA NO PLANALTO

Em ano de campanha acontecem coisas estranhas. No lusco-fusco das festas de fim de ano acontecem coisas ainda mais estranhas. O repórter André Borges revelou que o Ministério dos Transportes alterou o edital do leilão de 2.100 linhas de ônibus interestaduais. Na sua versão inicial, cada consórcio deveria ser liderado por empresas experimentadas no setor, podendo agregar fundos de investimento ou mesmo empresas estrangeiros. A mudança, permitida pelo Planalto, mudou a canção. Nela entrou "Piston de Gafieira", imortalizada pelo velho Moreira da Silva:

"Quem está fora não entra

Quem está dentro não sai"

Engessaram o leilão, cristalizando o oligopólio do sistema de transportes interestaduais. Bloquearam a entrada de estrangeiros e impediram que o setor seja oxigenado por capitalizações do mercado financeiro (com suas auditorias). Os transportecas justificam a mudança dizendo que ela privilegia as empresas com experiência. Nada mais verdadeiro. Em matéria de experiência, a crônica desse setor confunde-se com as trevas das concessões de serviços públicos. Em 1994, o deputado Camilo Cola, dono da Itapemirim, tinha patrimônio de US$ 154 milhões e declarava R$ 10 mil de renda mensal.

Desde 1993 o governo promete leiloar as concessões de linhas de transportes interestaduais. Passaram-se 21 anos e nada. As empresas, felizes, rodam com autorizações especiais do governo. Vale lembrar que os concessionários de transportes públicos lidam com grandes pacotes de dinheiro vivo.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sensação da passagem do tempo é determinada também pela idade

Estamos na primeira semana de janeiro de 2014, mas até parece que o tempo está passando mais rápido. Segundo os físicos, isso é só aparência mesmo. Tudo ficou muito rápido, em pouco tempo.
Na Guerra do Vietnã, nos anos 70, as imagens iam de avião para serem exibidas no dia seguinte. As cartas demoravam para chegar. Para telefonar era preciso estar em casa ou no trabalho. As notícias, os filmes de Hollywood, tudo demorava a nos alcançar.
Hoje a vida é transmitida ao vivo, temos acesso às informações no exato momento em que elas acontecem. Tanta rapidez e ainda assim nos falta tempo. Ou será que estamos muito acelerados?
A idade é um dos fatores que determinam a sensação da passagem do tempo. Um ano na vida de uma criança de 10 anos significa 10% da sua vida. Para quem tem 40 anos, representa apenas 2,5%. Por isso um ano para um adulto é pouco tempo, comparado com um ano para uma criança.
Além da idade, o físico da USP Claudio Furukawa diz que outras questões aceleram nossa percepção do tempo. “A quantidade de informações que a gente tem é internet, é celular, é televisão, é rádio e são muitas informações ao mesmo tempo e muitas atividades ao mesmo tempo, então muitas vezes não dá conta de fazer todas as atividades que você queria fazer durante o dia, então pra você falta tempo. Então a questão de faltar tempo é como se o tempo ficasse mais curto”, explica.
Passar um tempo num parque, contemplando a natureza é como voltar para casa, é pulsar no ritmo natural do ciclo da vida. Passar o mesmo tempo dentro de um carro, conversando com 2 ou 3 amigos pela rede social, ouvindo música e prestando atenção no trânsito para não bater o carro são experiências de tempo completamente diferentes. No parque, o tempo passa mais devagar, quem faz várias coisas todas juntas, sente que o tempo voa.
“O homem é capaz de modificar sua relação com o tempo, ele é capaz de encompridar ou diminuir sua sensação de tempo, se você for pro meio da mata sem celular, o tempo vai mudar, você começa a viver o tempo da natureza, um dia será um dia diferentemente do dia numa cidade como São Paulo", comenta Ari Rehfeld, psicólogo.
Apesar de toda rapidez do mundo moderno as sementes ainda caem no chão, brotam, crescem, dão frutos, geram novas sementes e cada etapa precisa de um tempo certo para que o ciclo da vida continue.