quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Alckmin vai criar cota no serviço público paulista


Governador enviará projeto de lei à Assembleia para reservar 35% das vagas para negros e indígenas; Dilma fez proposta semelhante há 1 mês

05 de dezembro de 2013 | 2h 01

Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
O governo do Estado de São Paulo vai criar uma cota racial no serviço público estadual. O projeto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) reserva 35% das vagas na administração direta e indireta (empresas públicas) para negros e indígenas.
O anúncio deve ser feito amanhã no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. A iniciativa surge menos de um mês após a presidente Dilma Rousseff encaminhar ao Congresso Nacional projeto que destina um quinto das vagas em concursos públicos federais para a população negra (veja nesta página).
Estado apurou que Alckmin vai anunciar o envio à Assembleia Legislativa de um projeto de lei que autoriza o Estado a criar uma política de inclusão. Um decreto definirá as regras de reserva de vagas, que deve valer para os editais dos concursos, bem como para cargos comissionados e também nas empresas estatais.
A escolha de reservar 35% das vagas segue a proporção censitária no Estado de pessoas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas. A classificação toma por base quesitos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No projeto federal, a proporção é de 20%.
Ao todo, o governo de São Paulo tem 570 mil servidores. A área da educação, com 230 mil professores, centraliza o maior número. A professora Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp, sindicato dos docentes estaduais, entende que a categoria deve "absorver com tranquilidade" a política. "Porque trabalhar com conscientização leva muito tempo. Já era hora e vai a reboque do governo federal", diz ela.
O diretor da ONG Educafro, Frei David Santos, comemorou a iniciativa do governo. "Entendemos que o tema do negro não é propriedade de partido, todos precisam atender a demandas do população pobre e negra do País", disse.
Por outro lado, o advogado José Roberto Militão, crítico às cotas, diz que a ideia é "uma tragédia" porque reafirma a tendência à "racialização". "O problema é que esse tipo de política, quando começa, não termina. A luta é continuar afirmando que isso é inconstitucional", diz. "Nenhum dos lideres antirracistas, de Gandhi, Martin Luther King a Nelson Mandela, fez a defesa de privilégios. A grande luta do negro é pela igualdade. "
Brasil. Pelo menos quatro Estados e 28 cidades do País já adotam cotas raciais em concursos públicos, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Em outros dez municípios houve aprovação da reserva de vagas, mas as leis foram derrubadas no Judiciário.
Só no Estado de São Paulo já existem dez cidades que adotam alguma tipo de reserva de vagas, conforme o estudo do Ipea. Na capital paulista, projeto de lei que destina 20% das vagas do funcionalismo municipal foi aprovado em novembro pela Câmara Municipal e aguarda a sanção do prefeito Fernando Haddad (PT).
Depois que o governo federal aprovou as cotas para alunos da escola pública, negros e indígenas nas universidade federais no ano passado, Alckmin também pressionou as instituições estaduais de ensino superior (USP, Unicamp e Unesp) a criar política similar. O governador chegou a anunciar, ao lado dos reitores, programa de reserva de vagas para alunos de escola pública, atendendo porcentuais de pretos, pardos e indígenas. 

Balanço da Secretaria Municipal de Finanças demonstra que o "extra" deste ano será de pelo menos R$ 30 milhões



Agência Estado
A Prefeitura elevou em 42% o volume de recursos em caixa com o pagamento do Imposto sobre Serviços (ISS), necessário para a obtenção do Habite-se, entre janeiro e dezembro deste ano. Nesse período, começaram as investigações sobre a máfia dos fiscais, que fraudava o pagamento do tributo e causou prejuízo de ao menos R$ 500 milhões aos cofres municipais. Balanço da Secretaria Municipal de Finanças mostra que o "extra" deste ano será de pelo menos R$ 30 milhões, chegando a um total de R$ 100 milhões.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o secretário Marcos Cruz atribui o ganho não apenas à mudança de pessoal na equipe responsável, mas a uma reformulação interna no passo a passo da cobrança do ISS. Em operação desde maio, a nova fórmula aumentou o controle e deu agilidade a processos, o que fez cair o tempo de espera em quase um ano, além de reduzir a possibilidade de corrupção.
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Outra medida administrativa que levou a resultado financeiro foi a revisão de contratos com fornecedores. Segundo Cruz, o corte nas despesas com serviços de terceiros já rendeu uma economia de R$ 810 milhões. "Conseguimos reduzir a evolução dos gastos, que estava na ordem de 18% ao ano desde 2009. A variação atual é de 8,2%", diz. A redução do custeio é considerada uma vitória da pasta. O secretário ressalta que quando assumiu as Finanças de São Paulo, os custos estavam crescendo mais rápido do que a receita. "Isso não era sustentável,"
Em outubro, os resultados começaram a aparecer. Segundo Cruz, a poupança corrente da cidade aumentou quase dois pontos porcentuais. Isso quer dizer que a diferença entre o que se gasta e o que se arrecada aumentou, dando um pequeno alívio aos cofres públicos. A arrecadação real, obtida com o pagamento de taxas municipais como ISS e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), também cresceu. O ganho é da ordem de 4,7%, índice superior ao registrado pela União (1%) e pelo Estado (0,7%).
Verba federal
O caixa municipal ainda engordou em função da obtenção de mais verbas federais. As transferências continuam aquém das necessidades da cidade, mas iniciam uma tendência de alta. O Município conseguiu, por exemplo, aumentar o volume de recursos mensais para o Sistema Único de Saúde (SUS). No período de agosto a outubro, o repasse alcançou R$ 126 milhões, ante R$ 89 milhões registrados no mesmo período de 2012 - alta de 41%.
Com transferências federais para investimentos em outras áreas, o crescimento foi maior. A média mensal passou de R$ 51 milhões, em 2012, para os atuais R$ 125,7 milhões.
Em ambos os casos, Marcos Cruz ressalta que é possível ir além. O repasse per capita do SUS é de R$ 106 na capital, mas alcança R$ 196 no Rio e R$ 500 em Belo Horizonte.
"Estamos adaptando nossos procedimentos aos convênios do governo federal. Se conseguirmos o mesmo per capita do Rio já teríamos R$ 1 bilhão a mais."
No plano de trabalho de Cruz, a "briga" por mais recursos federais, pela redução do custeio e pelo aumento da arrecadação se une ainda à luta pela renegociação da dívida com a União.
O objetivo final é ambicioso: dobrar o patamar de investimentos atual da Prefeitura. Haddad tem dito que almeja chegar a R$ 6 bilhões por ano - mas deve fechar 2013 na casa dos R$ 3,7 bilhões, pouco acima do ano passado. 
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    Amigo de Sartori, Nalini é eleito presidente do TJ-SP


    Desembargador obteve 70% dos votos e destacou orçamento 'insuficiente' do tribunal

    05 de dezembro de 2013 | 2h 03

    Mateus Coutinho - O Estado de S.Paulo
    Após a polêmica envolvendo a possibilidade de reeleição do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Ivan Sartori, a maior Corte estadual do País elegeu ontem o desembargador José Renato Nalini como o presidente para o biênio 2014/2015. Ele vai herdar um orçamento estimado em R$ 7,6 bilhões, soma que considera insuficiente. "Penso que poderíamos recorrer a organismos internacionais que pudessem injetar recursos para aperfeiçoarmos a Justiça", disse Nalini.
    "Embora tenhamos orçamento superior ao de 17 Estados, ele é insuficiente para as necessidades do tribunal", afirmou o desembargador. Declarando ser amigo de Ivan Sartori há 30 anos, José Renato Nalini é o atual corregedor-geral de Justiça do Estado. Nalini fez questão de destacar sua proximidade com a gestão de Sartori na corte. "Não vai haver dissolução de continuidade, vai haver uma mudança de estilo evidente por que mudou todo o Conselho Superior da Magistratura, mas vamos continuar", afirmou.
    Do total de 356 desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo, 342 votaram - Nalini teve 238 votos. O desembargador Eros Piceli foi eleito vice-presidente, e, para o cargo de corregedor de Justiça foi eleito o desembargador Hamilton Elliot Akel.
    Ao anunciar a vitória do amigo, com quem trabalhou junto no Tribunal de Alçada Criminal, Sartori teceu elogios e afirmou que "essa presidência vai fazer o possível para que sua gestão seja a melhor possível, que seja até melhor que a minha".
    Produtividade. Autor do Provimento 17/2013, que instaurou a conciliação extrajudicial em cartórios, José Renato Nalini demonstra preocupação com a produtividade no Judiciário. Após ser eleito, ele cogitou, inclusive, a flexibilização do horário de trabalho dos servidores e magistrados do TJ-SP (Leia entrevista ao lado).
    Para o desembargador, órgãos como o Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento têm interesse no País e poderiam ajudar a aprimorar a produtividade da Justiça brasileira. "Há muita preocupação no mundo todo com o custo Brasil e porcentagem razoável deste custo está ligado à duração e a imprevisibilidade dos processos", explicou.
    Reeleição. Em agosto, o Órgão Especial aprovou a Resolução 606/13, que previa que todos os desembargadores do TJ-SP pudessem se candidatar a órgãos da direção da corte - na prática, até o presidente poderia se inscrever.
    A medida foi questionada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pois a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) veta a reeleição. O conselho entendeu que a reeleição não seria válida, mas o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal. O ministro Ricardo Lewandowski restabeleceu a Resolução 606/13 ao conceder liminar a mandado de segurança contra aquela decisão do CNJ.
    Em novembro a possibilidade de reeleição foi derrubada pelo CNJ. O conselho consultou o ministro Ricardo Lewandowski, que disse que sua liminar "limitou-se ao disposto à ampliação do universo de elegíveis aos cargos de direção do TJ-SP, ato impugnado que não cuidou do tema reeleição".
    Ivan Sartori então anunciou sua desistência do pleito. 

    3 PERGUNTAS PARA... José Renato Nalini, presidente eleito do Tribunal de Justiça de SP

    05 de dezembro de 2013 | 2h 04
    Mateus Coutinho - O Estado de S.Paulo
    1.Qual será a principal preocupação da presidência?
    A crônica insuficiência de recursos materiais. A Justiça de São Paulo é gigantesca e, embora tenhamos orçamento superior ao de 17 Estados, é insuficiente. Poderíamos recorrer a organismos internacionais que pudessem injetar recursos para que possamos aperfeiçoar a Justiça, melhorar a estrutura e fazer com que o processo eletrônico seja otimizado. Vamos ver se consigo fazer também a flexibilização de horário. Em vez de fazer com que 50 mil pessoas ingressem no mesmo horário, a ideia é que alguns trabalhem em home office. O que nos interessa é produtividade.
    2. Como pretende se relacionar com os servidores?
    Da melhor forma possível. Acredito que greve de servidor público não é benéfica. Minha postura é de diálogo, posso citar como exemplo o Tribunal de Alçada Criminal. Enquanto outros fizeram greve (em 2010), nós não fizemos, tínhamos um clima de saudável convivência, todos trabalhando felizes. Pretendo fazer isso, até com delegação. Não acho que um tribunal do tamanho de São Paulo possa ter um presidente que tenha obrigação de estar em todos os lugares. Cada juiz diretor é capacitado para gerir a situação na sua região.
    3. Pretende continuar atento aos cartórios?
    Agora isso será função da Corregedoria, não posso intervir no espaço do Hamilton (Elliot Akel, corregedor eleito para o biênio 2014/2015). Acredito que a atualização das normas, revolução no setor extrajudicial, vai continuar a produzir frutos. Precisamos recuperar o extrajudicial como parceiro imprescindível do funcionamento da Justiça para que o Judiciário fique liberado para decidir conflitos. O que não é conflituoso, não há controvérsia, eles têm expertise muito melhor para lidar. Outro ponto é liberar o Judiciário das 12 milhões de execuções fiscais em todo Estado, que são medidas que fazem com que o Judiciário seja cobrador de dívidas de municípios e Estado. O Judiciário não serve para isso.