quinta-feira, 6 de junho de 2013

Brasil deixa de arrecadar R$ 415 bilhões ao ano por sonegação


Renan Carreira, da Agência Estado
SÃO PAULO - Sonegar imposto é crime e custa caro ao Brasil: R$ 415 bilhões. O valor se refere ao que o País deixa de arrecadar por ano com a evasão fiscal, de acordo com estudo divulgado nesta quarta-feira, 5, pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz).
O Sindicato informa ainda que o valor estimado de sonegação tributária é superior a tudo que foi arrecadado em 2011 de Imposto de Renda (R$ 278,3 bilhões) ou de tributos sobre folhas e salários (R$ 376,8 bilhões). E é mais da metade do que foi tributado sobre bens e serviços (R$ 720,1 bilhões).
De acordo com o Sinprofaz, a arrecadação brasileira poderia ser 23% maior se fosse eliminada a evasão fiscal. "Isso significa que, se não houvesse sonegação de impostos, o peso da carga tributária poderia ser reduzido em até 20% e ainda sim se manter o mesmo nível de arrecadação", escreveu o presidente do Sinprofaz, Allan Titonelli Nunes, em nota.
O Sindicato chegou ao número após analisar 13 tributos que correspondem a 87,4% da arrecadação tributária no Brasil, entre eles IR, IPI, IOF, INSS, Cofins, CSLL, FGTS, ICMS e ISS. O Sinprofaz informou ainda que a população pode acompanhar a contagem da sonegação fiscal no endereço www.sonegometro.com.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

'A gente não pode valorizar um uso do rio em detrimento de outro', diz Rodolfo Costa e Silva


Coordenador do Comitê de Requalificação defende a criação de espaços de lazer, cultura, integrando os parques e clubes que ficam nas margens dos rios

04 de junho de 2013 | 2h 03

O Estado de S.Paulo
1. Há muito tempo, fala-se na despoluição dos rios da capital. O que pode fazer desse um plano diferente? Rodolfo Costa e Silva - Acho que a diferença é que esse é um plano global de recuperação ambiental e valorização urbanística. A gente não pode valorizar um uso do rio em detrimento de outro. Não podemos pensar só em navegação e não se preocupar com abastecimento de água ou amortecimento de enchentes.
2. Que avaliação o senhor faz das margens dos rios? Rodolfo Costa e Silva -Hoje, nossos rios estão tampados. Não fisicamente, mas oprimidos pelas marginais. Mas o que fazer? Tirar as marginais? Isso não é possível. Então acredito que a gente tenha de criar espaços onde é possível levar a cidade para dentro do rio. E as ciclovias já estão fazendo isso. Mas a ideia é criar espaços de lazer, cultura, integrando os parques e clubes que ficam nas margens dos rios.
3. Um projeto desse tamanho não deve enfrentar ceticismo? Rodolfo Costa e Silva - A solução tem de ser do tamanho do problema, do que São Paulo precisa. Um projeto desses pode mudar a vida na metrópole. Fala-se muito do Rio Maravilha (requalificação urbana da região da área portuária, no Rio). Mas o impacto desse projeto na vida de São Paulo pode ser muito maior do que o do Porto Maravilha no Rio. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Experts, domésticas e maias ( sobre a PEC das Domésticas)

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O Estado de S.Paulo
Raras vezes uma mudança legal alcançou apoio tão unânime na opinião pública quanto a emenda que igualou os direitos dos empregados domésticos aos dos demais trabalhadores. Pesquisa inédita do Ibope mostra que 91% dos brasileiros são a favor. Só 3% são contra. Os demais não souberam ou não quiseram responder.
O apoio é homogêneo. Independe de renda, escolaridade ou região. Em poucos segmentos os que aprovam são menos de 90%. Entre quem emprega domésticas beneficiadas pela nova legislação a aprovação é menor, mas a maioria ainda é avassaladora: 83% de apoio. Só 10% dos patrões se declaram contrários aos benefícios - como direito a hora extra e adicional noturno.
O apoio declarado é tão amplo, geral e irrestrito que até suscita dúvidas: se praticamente todo mundo é a favor, por que custou tanto para a nova legislação ser aprovada? Será que há uma dose de "politicamente correto" ou mesmo de vergonha a inibir parte dos brasileiros de se declarar contrário à mudança?
Pode ser que haja uma "espiral do silêncio" que oculte parte dos descontentes. Mas uma explicação melhor é que o universo dos que são diretamente prejudicados pela emenda é muito pequeno.
Só metade dos 8% de brasileiros que empregam domésticas estarão obrigados a adaptar-se à nova legislação. São os 4% de empregadores de mensalistas ou de diaristas que trabalham pelo menos três vezes por semana no mesmo domicílio. Os outros 4% têm domésticas no máximo por dois dias por semana e estão fora da nova regra.
Também não é por ignorar a dimensão da chamada PEC das Domésticas que os brasileiros apoiam a mudança: 79% já tinham ouvido falar no assunto quando foram abordados pelo Ibope. Mesmo nas classes D/E dois em cada três declararam estar a par da mudança.
A confirmar que as pessoas sabem do que estão falando, a maioria vê dificuldades para os patrões cumprirem as novas regras: 30% acham que os empregadores estão tendo "muita dificuldade" para seguir a lei, e outros 38% avaliam que eles têm "alguma dificuldade". Curiosamente, a preocupação é maior entre quem não tem empregada (70%) do que entre quem tem (63%).
Na opinião dos brasileiros, as consequências da nova legislação serão muito menos negativas do que as previsões apocalípticas feitas antes e depois da votação. Os experts acertaram tanto quanto os maias.
A maior parte vê alguma forma de adaptação às regras: 17% acham que os patrões vão, antes de mais nada, controlar mais as horas trabalhadas pelos empregados, 14% dizem que eles vão registrar o empregado em carteira, 10% apostam que vão formalizar por escrito o que era combinado apenas verbalmente, 9% dizem que os patrões vão manter o empregado e pagar os novos direitos.
Apenas 19% da população acha que a nova lei provocará a demissão dos empregados domésticos. Mas se isso ocorrer, deve se limitar a 2 de cada 10 casos - essa é a proporção de patrões que prevê demissões.
Outros 14% dos brasileiros acham que os empregadores vão trocar mensalistas por diaristas (só 11% dos patrões acham isso); 3% apostam em contratação de empresas no lugar das empregadas (a taxa é o dobro entre patrões); e 3% acham que vai haver substituição de mensalista registrada por outra sem registro.
A pesquisa do Ibope confirma o que as estatísticas de emprego já apontavam: a adaptação ao novo marco legal será menos dramática do que os defensores do status quo disseram que seria. Não porque o brasileiro é bonzinho, mas por necessidade.
O mercado de trabalho tem mais demanda por domésticas do que oferta. Nas metrópoles, elas são cada vez mais difíceis de encontrar. Se 2 em cada 10 forem demitidas por causa da nova lei, não terão dificuldade para arrumar outro emprego ou profissão. E isso é um sinal de avanço da sociedade brasileira.