O que faz mais sentido: cultivar plantas para produzir etanol para abastecer carros com motor a combustão, ou usar células solares para gerar eletricidade para recarregar baterias de carros elétricos?
"A fonte de energia para os biocombustíveis é o Sol, através da fotossíntese. A fonte de energia da energia solar também é o Sol," explica Roland Geyer, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos Estados Unidos.
Para descobrir a resposta, Geyer e seus colegas analisaram a eficiência relativa das diversas tecnologias para converter uma determinada quantidade de luz solar em quilômetros percorridos pelos carros.
Os pesquisadores examinaram três maneiras de usar a luz solar para movimentar os carros:
o tradicional método de conversão de plantas em etanol;
a conversão de culturas energéticas diretamente em eletricidade, em vez de produzir etanol; e
o uso de células fotovoltaicas para converter a luz solar diretamente em eletricidade para alimentar veículos elétricos a bateria.
Os resultados deixam pouca margem para discussão.
"As células fotovoltaicas são várias ordens de magnitude mais eficientes do que a rota dos biocombustíveis em termos de uso da terra - 30, 50 e até 200 vezes mais eficientes, dependendo da planta específica e das condições locais," diz Geyer.
Ciclo de vida
Focando a avaliação do ciclo de vida em três fatores de impacto - uso da terra, ciclo de vida das emissões de gases estufa e consumo de combustíveis fósseis - os pesquisadores concluíram que a energia solar gerada pelas células fotovoltaicas é melhor quando se considera aquilo que eles chamam de conversão sol-movimento-das-rodas, ou luz do Sol em quilômetros rodados.
"O gargalo para os biocombustíveis é a fotossíntese. Ela tem no máximo uma eficiência de 1% na conversão da luz do Sol em grãos, enquanto as células fotovoltaicas de filme fino atuais têm uma eficiência de pelo menos 10% na conversão da luz do Sol em eletricidade," diz o pesquisador.
As células solares de filme fino são as mais promissoras devido ao seu baixo custo. As células solares de silício são mais caras, mas possuem eficiências muito superiores.
Bala de prata
O que isso significa em termos de decisões políticas para um combustível do futuro?
"O que este estudo me mostrou é que a biomassa simplesmente não é um bom caminho para aproveitar a luz solar. Não por causa de tecnologias imaturas, mas por causa de uma restrição física fundamental, a ineficiência da fotossíntese," defende Geyer.
"Essa desvantagem fundamental só vai piorar conforme os veículos elétricos ficarem mais baratos e mais eficientes nos próximos anos. Há uma busca por uma 'bala de prata' nas pesquisas em energia, seja a fotossíntese artificial ou uma terceira geração de biocombustíveis. Mas se existe mesmo uma bala de prata, eu acho que é a energia fotovoltaica," concluiu.
Bibliografia:
Spatially-Explicit Life Cycle Assessment of Sun-to-Wheels Transportation Pathways in the U.S.
Roland Geyer, David Stoms, James Kallaos
Environmental Science & Technology
Vol.: 47 (2), pp 1170-1176
DOI: 10.1021/es302959h
terça-feira, 19 de março de 2013
PL prevê metrô 24 horas em São Paulo
A maior cidade da América do Sul e mais importante centro financeiro do país necessita de transporte público ininterrupto. É o que defende o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT), autor do projeto de lei 621/2011, que prevê metrô 24 horas à disposição dos 20 milhões de habitantes de São Paulo.

O PL será discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa na quarta-feira 20, às 18h30. Além disso, está disponível na internet petição pública em apoio ao projeto que busca 100 mil assinaturas até a data da audiência.
> Assine petição pelo metrô 24 horas
Bancário e ex-presidente do Sindicato, Marcolino lembra que a cidade concentra enorme quantidade de empresas com até quatro turnos de trabalhadores, inclusive no setor financeiro.
A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, chama a categoria bancária a assinar a petição pela aprovação do projeto. “A dificuldade de mobilidade foi apontada pelos bancários como um dos principais problemas da cidade, em pesquisa realizada pelo Sindicato no final de 2011. Para nossa categoria, que muitas vezes trabalha até a madrugada, é fundamental que o metrô funcione por 24 horas”, diz.
Lazer e cultura – O autor do projeto ressalta que nem só de trabalho vive a maior cidade do país. “A cidade também é movimentada por um grande público amante da cultura”, lembra. E esse público, segundo ele, também contribui para o crescimento econômico e precisa ser mais bem assistido em relação ao transporte noturno.
Além disso, o parlamentar lembra que o funcionamento do metrô por toda a madrugada facilitaria a obediência à nova lei seca. “Com um metrô 24 horas, com qualidade e segurança, pessoas que saem à noite para se divertir ou que trabalham nesse horário estariam bem assistidos.”

Mais emprego – Marcolino (foto) destaca ainda que, além de beneficiar trabalhadores, estudantes noturnos e o público de eventos culturais, o projeto pode viabilizar estudos para que outros serviços comecem a funcionar na madrugada. “Com isso, haverá geração de mais emprego”.
O PL 621/2011 encontra-se atualmente indexado ao PL 379, de autoria da deputada Leci Brandão (PCdoB), que dispõe sobre o horário de funcionamento das estações do metrô nos finais de semana.
O PL será discutido em audiência pública na Assembleia Legislativa na quarta-feira 20, às 18h30. Além disso, está disponível na internet petição pública em apoio ao projeto que busca 100 mil assinaturas até a data da audiência.
> Assine petição pelo metrô 24 horas
Bancário e ex-presidente do Sindicato, Marcolino lembra que a cidade concentra enorme quantidade de empresas com até quatro turnos de trabalhadores, inclusive no setor financeiro.
A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, chama a categoria bancária a assinar a petição pela aprovação do projeto. “A dificuldade de mobilidade foi apontada pelos bancários como um dos principais problemas da cidade, em pesquisa realizada pelo Sindicato no final de 2011. Para nossa categoria, que muitas vezes trabalha até a madrugada, é fundamental que o metrô funcione por 24 horas”, diz.
Lazer e cultura – O autor do projeto ressalta que nem só de trabalho vive a maior cidade do país. “A cidade também é movimentada por um grande público amante da cultura”, lembra. E esse público, segundo ele, também contribui para o crescimento econômico e precisa ser mais bem assistido em relação ao transporte noturno.
Além disso, o parlamentar lembra que o funcionamento do metrô por toda a madrugada facilitaria a obediência à nova lei seca. “Com um metrô 24 horas, com qualidade e segurança, pessoas que saem à noite para se divertir ou que trabalham nesse horário estariam bem assistidos.”
Mais emprego – Marcolino (foto) destaca ainda que, além de beneficiar trabalhadores, estudantes noturnos e o público de eventos culturais, o projeto pode viabilizar estudos para que outros serviços comecem a funcionar na madrugada. “Com isso, haverá geração de mais emprego”.
O PL 621/2011 encontra-se atualmente indexado ao PL 379, de autoria da deputada Leci Brandão (PCdoB), que dispõe sobre o horário de funcionamento das estações do metrô nos finais de semana.
Utopias - FRANCISCO DAUDT
FOLHA DE SP - 19/03
Quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses
"ONDE É que ele está com a cabeça?", perguntei-me ao ouvir o candidato à presidência dizer que o PT era o bolchevismo sem utopia. Fiquei pensando na frase por bem uns minutos até entender que, em linguagem de dia de semana, o que a frase queria dizer era: o PT é autoritário e não é idealista.
Utopia: "não-lugar" (lugar que não existe), a ilha ideal que morava na cabeça de Thomas Morus antes que Henrique 8º o decapitasse, existe sim na nossa cabeça onde vários lugares existem, quase todos eles diferentes daquele em que estamos -as chamadas heterotopias (lugares diferentes, do grego).
"A felicidade está onde nós a pomos, e nós nunca a pomos onde estamos", dizia meu avô. De fato, o mais comum em nossas vidas é estarmos com a cabeça em outro lugar, como o candidato falando para um público muito culto, enquanto o outro falava para as multidões.
Quem venceu?
Não é que passear pelas heterotopias seja algo errado ou doentio. Estamos parados no tráfego, mas, com o rádio do carro ligado, viajamos para longe dali, ainda bem. Certo, ela pode ser perigosa se falamos ao telefone dirigindo. Digitar é bem pior. Quando nos apaixonamos, viramos nefelibatas (andamos nas nuvens), com a cabeça no mundo da lua. O emprego está chato, mas já estou naquelas férias planejadas.
Todas as drogas e vícios, tabaco, álcool, carboidratos e compras desnecessárias têm a sedução de nos tirar de onde estamos e nos transportar, por minutos que seja, para um mundo diferente.
Na heterotopia mora o planejamento: vejo-me velho, daqui a uns trinta sempre adiáveis anos, mas amparado pela previdência ("a capacidade de ver antes"), não a pública, deus me perdoe, mas a que construí com meu trabalho -que ser velho já é ruim, pobre então...
Claro, há heterotopias malucas, quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses, é uma reencarnação de Napoleão, de Jesus Cristo (é curioso, mas os napoleões de hospício saíram de moda... será falta de cultura?), e etc.
A utopia é uma heterotopia do tipo faca de dois gumes. O primeiro gume corta o tempo-espaço como um farol-guia, dando princípios éticos que sabemos inatingíveis, mas que valem pela simples tentativa.
O segundo gume corta pescoços, ceifa vidas em seu nome. A primeira vez que entrei em contato com uma delas foi pelo livro "A chave do tamanho", de Monteiro Lobato. Como tantos comunistas, ele tinha a utopia da sociedade perfeita, pacífica e semelhante a uma colmeia de abelhas instalada por golpe extremo (a "revolução").
Emília, incomodada com a 2ª Guerra, reduz o tamanho dos humanos a poucos milímetros. Claro, a guerra cessa, e os sobreviventes (bilhões são devorados por gatos, cães, pássaros etc. Mas, para a utopia, sempre há um "pequeno custo") se organizam na "cidade do balde", todos iguais, bondosos, pacíficos e cooperativos, uma espécie de falanstério de Fourier.
Pela utopia homens se explodem, já morando no paraíso com suas virgens (e as mulheres-bomba, o quê as motiva?)
Quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses
"ONDE É que ele está com a cabeça?", perguntei-me ao ouvir o candidato à presidência dizer que o PT era o bolchevismo sem utopia. Fiquei pensando na frase por bem uns minutos até entender que, em linguagem de dia de semana, o que a frase queria dizer era: o PT é autoritário e não é idealista.
Utopia: "não-lugar" (lugar que não existe), a ilha ideal que morava na cabeça de Thomas Morus antes que Henrique 8º o decapitasse, existe sim na nossa cabeça onde vários lugares existem, quase todos eles diferentes daquele em que estamos -as chamadas heterotopias (lugares diferentes, do grego).
"A felicidade está onde nós a pomos, e nós nunca a pomos onde estamos", dizia meu avô. De fato, o mais comum em nossas vidas é estarmos com a cabeça em outro lugar, como o candidato falando para um público muito culto, enquanto o outro falava para as multidões.
Quem venceu?
Não é que passear pelas heterotopias seja algo errado ou doentio. Estamos parados no tráfego, mas, com o rádio do carro ligado, viajamos para longe dali, ainda bem. Certo, ela pode ser perigosa se falamos ao telefone dirigindo. Digitar é bem pior. Quando nos apaixonamos, viramos nefelibatas (andamos nas nuvens), com a cabeça no mundo da lua. O emprego está chato, mas já estou naquelas férias planejadas.
Todas as drogas e vícios, tabaco, álcool, carboidratos e compras desnecessárias têm a sedução de nos tirar de onde estamos e nos transportar, por minutos que seja, para um mundo diferente.
Na heterotopia mora o planejamento: vejo-me velho, daqui a uns trinta sempre adiáveis anos, mas amparado pela previdência ("a capacidade de ver antes"), não a pública, deus me perdoe, mas a que construí com meu trabalho -que ser velho já é ruim, pobre então...
Claro, há heterotopias malucas, quando o distanciamento da realidade é levado a sério, o sujeito é um escolhido pelos deuses, é uma reencarnação de Napoleão, de Jesus Cristo (é curioso, mas os napoleões de hospício saíram de moda... será falta de cultura?), e etc.
A utopia é uma heterotopia do tipo faca de dois gumes. O primeiro gume corta o tempo-espaço como um farol-guia, dando princípios éticos que sabemos inatingíveis, mas que valem pela simples tentativa.
O segundo gume corta pescoços, ceifa vidas em seu nome. A primeira vez que entrei em contato com uma delas foi pelo livro "A chave do tamanho", de Monteiro Lobato. Como tantos comunistas, ele tinha a utopia da sociedade perfeita, pacífica e semelhante a uma colmeia de abelhas instalada por golpe extremo (a "revolução").
Emília, incomodada com a 2ª Guerra, reduz o tamanho dos humanos a poucos milímetros. Claro, a guerra cessa, e os sobreviventes (bilhões são devorados por gatos, cães, pássaros etc. Mas, para a utopia, sempre há um "pequeno custo") se organizam na "cidade do balde", todos iguais, bondosos, pacíficos e cooperativos, uma espécie de falanstério de Fourier.
Pela utopia homens se explodem, já morando no paraíso com suas virgens (e as mulheres-bomba, o quê as motiva?)
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