domingo, 22 de fevereiro de 2015

15/02/2013 - 03h30 Rui Falcão: PT, 33 São tantos os desafios que o Partido dos Trabalhadores enfrentará em 2013 que corremos o risco de não celebrar com a merecida importância a chegada dos nossos 33 anos, que aconteceu no domingo, dia 10 de fevereiro. Se, por um lado, ainda estamos eufóricos com uma vitória maiúscula nas urnas no último pleito, não podemos sucumbir à tentação da euforia e subestimar os imensos obstáculos a transpor. A luta para transformar o Brasil num país a cada dia mais justo, fraterno e plenamente desenvolvido nunca foi fácil, e não temos a ilusão de que vá assim se tornar. Temos muitos aliados, mas também inimigos poderosos. Em 2013, comemoramos os dez anos de governo democrático e popular na Presidência da República. Trata-se da coroação de uma política que construímos desde 1979, implementada com estrondoso sucesso pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, com o apoio da nossa base aliada. Honra-nos o fato de que até nossos críticos reconhecem os avanços que nossos governos trouxeram para o país. Mantemos desde o início o foco em combater as desigualdades sociais. Desde que chegamos ao poder, demonstramos que é possível colocar na prática o propósito que sempre nos norteou. Milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza. A autoestima do povo brasileiro foi recuperada. Hoje, ele é protagonista de um novo tempo e de uma nova história. Priorizando os mais pobres, nossos governos expandiram a economia do país, gerando mais de 18 milhões de empregos formais, aumentando significativamente a renda dos trabalhadores, gerando inclusão social e diminuindo o flagelo da miséria. A inflação foi controlada, diminuímos a relação entre a dívida e o PIB e a vulnerabilidade externa, além de passarmos de devedores para credores do FMI. Veridiana Scarpelli/Folhapress Comemoramos ainda o fato de o Brasil ter mudado de patamar no cenário internacional. Sob a liderança de Lula e Dilma, hoje somos respeitados como potência econômica e referência quando se fala sobre diminuição das desigualdades. Quando o concerto das nações discute o futuro da África, a questão palestina e os rumos da América Latina, as vozes do operário que chegou à Presidência e da mulher que galgou o mais importante posto da República sempre ressoam mais alto. Nenhum outro mandatário brasileiro obteve tanta respeitabilidade no exterior quanto os dois. Como se vê, os motivos para comemorar os 33 anos do PT são muitos. Destaco com especial carinho o fato de o nosso partido ter eleito a primeira mulher presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Sob sua enérgica batuta, o país reduz juros, diminui os preços de energia, amplia o emprego, enfrenta as carências históricas na área de infraestrutura, sem deixar de lado a prioridade nos investimentos para educação e assistência social. O ano de 2013 será especial para o PT. Nele, vamos intensificar a luta pela reforma política, promovendo uma campanha de coleta de assinaturas para implementar, entre outros pontos, o financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais. Vamos também manter nossa luta pela ampliação da liberdade de expressão, focando principalmente na regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto. Outra agenda do PT que torna 2013 um ano essencial para nós é a preparação --paralelamente às eleições diretas dos novos dirigentes partidários-- do nosso quinto Congresso Nacional, marcado para fevereiro de 2014. Vamos debater nossos erros e acertos e focar os desafios para chegarmos a uma sociedade socialista e democrática. Enfim, o PT completa esses 33 anos pronto para se apresentar renovado para o futuro. RUI FALC


15/02/2013 - 03h30

Rui Falcão: PT, 33


Tendências / DebatesSão tantos os desafios que o Partido dos Trabalhadores enfrentará em 2013 que corremos o risco de não celebrar com a merecida importância a chegada dos nossos 33 anos, que aconteceu no domingo, dia 10 de fevereiro. Se, por um lado, ainda estamos eufóricos com uma vitória maiúscula nas urnas no último pleito, não podemos sucumbir à tentação da euforia e subestimar os imensos obstáculos a transpor.
A luta para transformar o Brasil num país a cada dia mais justo, fraterno e plenamente desenvolvido nunca foi fácil, e não temos a ilusão de que vá assim se tornar. Temos muitos aliados, mas também inimigos poderosos.
Em 2013, comemoramos os dez anos de governo democrático e popular na Presidência da República. Trata-se da coroação de uma política que construímos desde 1979, implementada com estrondoso sucesso pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, com o apoio da nossa base aliada. Honra-nos o fato de que até nossos críticos reconhecem os avanços que nossos governos trouxeram para o país.
Mantemos desde o início o foco em combater as desigualdades sociais. Desde que chegamos ao poder, demonstramos que é possível colocar na prática o propósito que sempre nos norteou. Milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza. A autoestima do povo brasileiro foi recuperada. Hoje, ele é protagonista de um novo tempo e de uma nova história.
Priorizando os mais pobres, nossos governos expandiram a economia do país, gerando mais de 18 milhões de empregos formais, aumentando significativamente a renda dos trabalhadores, gerando inclusão social e diminuindo o flagelo da miséria. A inflação foi controlada, diminuímos a relação entre a dívida e o PIB e a vulnerabilidade externa, além de passarmos de devedores para credores do FMI.
Veridiana Scarpelli/Folhapress
Comemoramos ainda o fato de o Brasil ter mudado de patamar no cenário internacional. Sob a liderança de Lula e Dilma, hoje somos respeitados como potência econômica e referência quando se fala sobre diminuição das desigualdades.
Quando o concerto das nações discute o futuro da África, a questão palestina e os rumos da América Latina, as vozes do operário que chegou à Presidência e da mulher que galgou o mais importante posto da República sempre ressoam mais alto. Nenhum outro mandatário brasileiro obteve tanta respeitabilidade no exterior quanto os dois.
Como se vê, os motivos para comemorar os 33 anos do PT são muitos. Destaco com especial carinho o fato de o nosso partido ter eleito a primeira mulher presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Sob sua enérgica batuta, o país reduz juros, diminui os preços de energia, amplia o emprego, enfrenta as carências históricas na área de infraestrutura, sem deixar de lado a prioridade nos investimentos para educação e assistência social.
O ano de 2013 será especial para o PT. Nele, vamos intensificar a luta pela reforma política, promovendo uma campanha de coleta de assinaturas para implementar, entre outros pontos, o financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais.
Vamos também manter nossa luta pela ampliação da liberdade de expressão, focando principalmente na regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto.
Outra agenda do PT que torna 2013 um ano essencial para nós é a preparação --paralelamente às eleições diretas dos novos dirigentes partidários-- do nosso quinto Congresso Nacional, marcado para fevereiro de 2014. Vamos debater nossos erros e acertos e focar os desafios para chegarmos a uma sociedade socialista e democrática.
Enfim, o PT completa esses 33 anos pronto para se apresentar renovado para o futuro.
RUI FALCÃO, 69, é presidente nacional do PT e deputado estadual em São Paulo

Kennedy, a glória de um mito

13/11/2013 - 03h40


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Na sexta-feira da próxima semana completam-se cinquenta anos do assassinato do presidente John Kennedy. O mistério que acompanha os tiros de Dallas soma-se à mística que as obras inacabadas, bem como as ruínas, produzem na imaginação das pessoas. E se ele não tivesse ido ao Texas? Quase certamente, seria reeleito, e aí?
Como todos os exercícios do gênero, cada um pode achar o que quiser.
Começando a prospecção pelo que aconteceu no Brasil 98 dias depois, a resposta é simples: Dava na mesma. Na noite de 30 março de 1964, quando o presidente Lyndon Johnson foi avisado de que a rebelião militar brasileira estava prestes a eclodir, o que ele fez foi colocar sobre a mesa os planos deixados por Kennedy. Sem tirar nem por.
Passado meio século, criou-se a mitologia segundo a qual tudo seria diferente se ele não tivesse ido a Dallas. Kennedy queria sair do Vietnã. Tudo bem, mas quem entrou foi ele. Kennedy queria se reaproximar de Cuba. Quem tentou invadi-la foi ele. De quebra, planejava o assassinato de Fidel Castro.
Kennedy foi o primeiro presidente americano a tirar extremo proveito da construção de um tipo. Seu antecessor, o general Dwight Eisenhower, elegeu-se porque comandara as tropas aliadas durante a Segunda Guerra. O simpático milionário elegeu-se com uma aura de juventude e dinamismo quando, na verdade, era um homem doente, amarrado num colete que lhe poupava a coluna e mantinha erecto, com a elegância de um desportista. Tinha uma mulher linda, chique e espertíssima. Foi ela quem inventou o mito de Camelot e armou um bem-sucedido boicote ao melhor livro sobre o assassinato do marido. É "A Morte de um Presidente" de William Manchester, escrito a seu pedido, com sua colaboração. Num lance de boa-fé que faria inveja a Roberto Carlos, Manchester cedeu à Biblioteca Kennedy os direitos de publicação e, apesar de ter vendido mais de um milhão de exemplares ao ser publicado, o livro foi para geladeira das obras esgotadas. Felizmente, voltou à livrarias e está na rede, em inglês, por US$ 9,78.
Kennedy foi substituído por Lyndon Johnson, um sujeito sem graça, casado com uma senhora inexpressiva e tinha duas filhas chatas.
A grandeza do presidente assassinado está em dois episódios que o companheiro Obama parece não ter estudado. Nos dois casos, afastou o mundo da guerra porque não confiou em generais insanos e na Central Intelligence Agency. No primeiro, menor, ele se engrandeceu abraçando um fracasso. Em abril de 1961, logo depois de sua posse, uma força expedicionária de exilados invadiu Cuba. Em poucos dias ela foi cercada e 1.200 voluntários foram capturados. A CIA entrou no lance acreditando que o novo presidente dobraria a aposta, dando apoio aéreo aos invasores. Enganou-se.
No segundo episódio, quando foram descobertos mísseis soviéticos em Cuba, Kennedy pilotou pessoal e minuciosamente a crise, congelando as opiniões dos chefes militares. Se dependesse deles, muito provavelmente teria começado a Terceira Guerra Mundial. Felizmente Kennedy gravava todas as suas reuniões, sem o conhecimento dos outros. Os russos recuaram publicamente, recolhendo os mísseis de Cuba, e ele recuou em segredo, comprometendo-se a retirar foguetes da Turquia. Se Obama tivesse desafios desse tipo o mundo estaria frito.
Elio Gaspari
Elio Gaspari, nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por "As Ilusões Armadas". Escreve às quartas-feiras e domingos na versão impressa de "Poder".

Cortella: ‘A escola passou a ser vista como um espaço de salvação’

O filósofo, educador e professor Mario Sergio Cortella alerta que as famílias estão confundindo escolarização com educação; para ele, pais devem retomar seu papel

17 de maio de 2014 | 18h 19

Bia Reis - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - As expectativas das famílias em relação às escolas e o que elas oferecem - ou são, de fato, capazes de ofertar - está em descompasso. De um lado, há adultos cada vez menos presentes, seja pelo excesso de trabalho, pelos longos deslocamentos nas megalópoles ou até pela falta de paciência, que esperam que a escola ensine o conteúdo obrigatório e eduque os seus filhos. Do outro, as instituições se desdobram para dar conta de uma infinidade de disciplinas regulares e ainda são cobradas a disciplinar os alunos e abordar temas considerados pertinentes. Tudo em quatro horas diárias.
Nunca tivemos tanta agressividade dos alunos contra docentes’, afirma Cortella - Ricardo Chicarelli/Estadão
Ricardo Chicarelli/Estadão
Nunca tivemos tanta agressividade dos alunos contra docentes’, afirma Cortella
As críticas são feitas pelo professor, educador e filósofo Mario Sergio Cortella, que lança nesta semana o livro Educação, Escola e Docência - Novos Tempos, Novas Atitudes. "As famílias estão confundindo escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes, o casal não consegue, com o tempo que dispõe, formar seus filhos e passa a tarefa ao professor, responsável por 35, 40 alunos."
Cortella, que há 16 anos não escreve livros na área educacional, fará dois lançamentos de Educação, Escola e Docência, ambos seguidos de palestras. O primeiro será para docentes, no dia 22, na feira Educar/Educador 2014, no Centro de Exposições Imigrantes. O segundo, para o público em geral, ocorrerá em 10 de junho, no Teatro Tuca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
A seguir, Cortella fala sobre a necessidade de uma parceria entre escolas e famílias, o impacto da tecnologia e como tornar as aulas mais atraentes.
O senhor fala em métodos de ensino do século 19, docentes do século 20 e alunos do século 21. É possível resolver o descompasso?
A escola tem de ficar em estado de prontidão para acompanhar uma parcela das mudanças, que acontecem de forma extremamente veloz. Isso porque nem tudo o que vem do passado tem de ser levado adiante. A escola precisa distinguir o que vem do passado e deve ser protegido, ou seja, o que é tradicional, daquilo que precisa ser deixado para trás porque é arcaico. Autoridade docente, atenção ao conteúdo e formação de personalidade ética são valores tradicionais. A escola tem de estar atenta às mudanças tecnológicas, mas não se submeter a elas. Vou dar um exemplo. Imagine se em 2004, quando foi criado o Orkut, uma escola criasse um projeto pedagógico baseado nessa rede social. Como um projeto pedagógico demora 10, 12 anos para ser aplicado na sequência de seriação, hoje ele já estaria obsoleto. Já pensou se quando o pen drive foi lançado outra escola tivesse decidido que todos os alunos deveriam organizar seus materiais nesse formato, que, chegou-se a dizer, substituiria a mochila? Hoje, nenhum jovem usa pen drive: eles guardam tudo em nuvens. Portanto, o que digo é que a escola tem de ficar atenta ao novo, mas não ser refém.
Cada vez mais a aprendizagem ocorre fora do espaço escolar. O que é preciso fazer para conquistar o aluno quando tudo fora da escola parece mais interessante?
Vou te dizer uma coisa que parece óbvia: Ninguém deixa de se interessar por aquilo que interessa. Nós temos de saber o que interessa ao aluno para, a partir daí, chegar ao que é necessário. É preciso conhecer o universo circunstancial dos alunos: as músicas que eles estão ouvindo, o que estão assistindo de programas e vendo de desenho animado, para chegar à seleção do conteúdo científico necessário. Temos de partir do universo vivencial que o aluno carrega para chegar até aquilo que de fato é necessário acumular como cultura produzida pela humanidade. Hoje, a escola não pode ser extremamente abstrata, como no meu tempo. O conteúdo tem de ser conectado com o dia a dia.
O que as escolas precisam fazer para encantar as crianças?
É preciso incorporar o que elas já fazem. A geração anterior, de quem já tem mais de 30 anos, só se comunicava pelo telefone. Esta geração de crianças e jovens voltou a escrever - no Facebook, no Twitter, no WhatsApp, em blogs. A escola tem de aproveitar essa produção. Alguns até dirão que eles escrevem errado. Claro, todo mundo escreve errado antes de escrever certo. Podemos partir de uma escrita que não está no padrão para chegar à norma culta.
Conversando com pais e professores, a impressão é de que estão insatisfeitos. As famílias se queixam das escolas e as escolas, dos pais. O que acontece?
Antes de mais nada, não estamos diante do crime perfeito, em que só há vítimas. Temos autor também. E essa autoria é multifacetada. A escola foi soterrada nos últimos 30 anos com uma série de ocupações que ela não dá conta - e não dará. Em uma sociedade em que os adultos passaram a se ausentar da convivência com as crianças, seja por conta do excesso de trabalho, da distância nas megalópoles ou da falta de paciência para conviver com aqueles que têm menos idade, a escola ficou soterrada de tarefas. As famílias confundem escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes, o casal não consegue, com o tempo de que dispõe, formar seus filhos e passa a tarefa ao professor, responsável por uma classe de 35 ou 40 alunos, tendo de lidar com educação artística, religiosa, ecológica, sexual, para o trânsito, contra a droga, português, matemática, história, biologia, língua estrangeira moderna, etc, etc, etc. A escola passou a ser vista como um espaço de salvação.
E como resolver a questão?
A família precisa retomar o seu papel, porque ter filho dá trabalho. Ou será que as pessoas não sabiam? Existe tempo, aplicação, reordenamento, partilha das tarefas. A escola não tem como dar conta de tudo o que dela hoje se requisita. Quando há um linchamento, querem que a escola fale sobre linchamento. O mesmo ocorre com briga em estádios, corrupção, etc. E nem adianta o pai ou a mãe dizer: "A gente paga, a gente quer o serviço". É preciso uma parceria entre a escola e as famílias. Uma ideia é manter, como algumas instituições fazem, uma escola de pais, com reuniões periódicas para ajudar as famílias na reflexão.
De que maneira a convivência reduzida das famílias com os filhos afeta a escola?
Nunca tivemos tanta agressividade dos alunos contra os docentes. Parte das crianças fica sozinha, come se quiser, vai de perua para a escola e quase não encontra adultos. Se é de classe média, o único adulto que ela encontra é a empregada, para quem ela dá ordem. Não há uma estrutura da disciplina. O primeiro adulto que ela encontra no dia é o professor, que pergunta cadê o uniforme, você fez a tarefa, guarde o celular. Claro que nessa hora a criança vem para cima. É uma geração que confunde desejos com direitos. É preciso uma educação que seja mais firme, mas isso exige tempo, e tempo é questão de prioridade.
Serviço
Educação, Escola e Docência – Novos Tempos, Novas AtitudesEscritor: Mario Sergio Cortella
Editora: Cortez
Páginas: 125
Preço: R$ 32