Como Aristide Maillol, Yves Saint Laurent exaltou continuamente a mulher. Já aos dezessete anos foi trabalhar com Christian Dior. Aos vinte um, quando Dior faleceu, assumiu o controle da empresa e evitou a ruína financeira da mesma. Sua primeira coleção como estilista da grife foi um sucesso. Graças ao vestido trapézio, mereceu ser chamado de Christian 2.
Pouco depois, no entanto, durante a Guerra de Independência da Argélia, foi convocado para o exército francês. De tão maltratado e ridicularizado pelos colegas por ser homossexual, teve um esgotamento nervoso.
De volta à vida civil, saiu da Dior e, em 1962, fundou com Pierre Bergé a própria marca. Os dois foram amantes até 1976 e parceiros nos negócios durante três décadas.
Nos anos 60 a marca se tornou conhecida no mundo inteiro graças ao smoking feminino, que mudou a vida das mulheres. Além de empoderá-las, dando a elas um direito que só os homens tinham, o direito à calça comprida, introduziu na moda uma ambivalência inexistente. Sou mulher, mas posso me vestir como homem. Isso tem a ver com a liberdade do estilista em relação à fantasia.
Yves Saint Laurent foi subversivo também no plano social. Além de ter lançado o prêt à porter, que tornou a elegância acessível a um número maior de mulheres, apresentou, pela primeira vez, manequins negras num desfile de moda.
Possível não amar o estilista que ousou se opor ao preconceito sexual, social e racial? Com Pierre Bergé, ele criou uma fundação em Paris, que mostra toda a história da produção. São mais de 15 mil objetos e 5 mil peças de vestuário num palacete da Avenue Marceau. Nunca me esqueço dos diferentes vestidos de noiva de cor e particularmente do preto. Como Manet, Saint Laurent sabia que o preto também é uma cor.
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