Recentemente, dei uma palestra em Washington para a Corporação Financeira para o Desenvolvimento (DFC na sigla em inglês), descendente do que costumava se chamar Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, conhecida por seus amigos como Usaid. Financiada pelo governo dos EUA, a nova DFC é uma grande fornecedora de empréstimos para empresas de países pobres.
Então é igual ao Banco Mundial, que dá supostos empréstimos para Estados como Cazaquistão ou Nigéria? Não. A página da DFC na web declara que "nós fornecemos ao mundo em desenvolvimento alternativas financeiramente sólidas para iniciativas insustentáveis e irresponsáveis dirigidas por Estados". Eu me levantei e aplaudi.
Os problemas de empréstimos, subsídios ou o que seja para iniciativas dirigidas pelos Estados são inúmeros. Mais obviamente, se você der dinheiro ao presidente A no país B notoriamente corrupto, o dinheiro acaba numa conta bancária na Suíça.
De maneira menos óbvia, o dinheiro que é justificado como sendo "para" escolas rurais, não pode, na lógica econômica, ser "para" elas. O país A tem, evidentemente, uma lista de projetos que gostaria de realizar, classificados do mais urgente, como aumentar a conta no Credit Suisse do presidente A, até os menos urgentes, como melhorar a ala oeste do palácio presidencial. Se o governo já fosse abrir as escolas rurais, de qualquer maneira, o dinheiro extra do Banco Mundial escorre para outro lugar. Dar dinheiro a qualquer governo apenas permite que ele gaste em projetos menos urgentes e marginais.
Ele pode dizer ao Banco Mundial, e diz, que cada dólar foi "para" escolas rurais, e pode até mesmo mostrá-las. Mas dinheiro é dinheiro. O palácio do presidente é reformado.
No entanto, eu tinha dúvidas até mesmo sobre o bom foco do DFC em projetos privados, menos sujeitos a tais desvios financeiros, porque focados.
Você pode muito bem perguntar por que o governo dos Estados Unidos está envolvido em operações bancárias. A resposta é que o antigo Usaid devia ser uma ferramenta contra a influência soviética, e o novo DFC é para ser uma ferramenta contra a influência chinesa. Mas que a China tenha embarcado em sua idiota Iniciativa Cinturão e Rota, investindo em países sobre os quais não tem poder para exigir o reembolso ou impedir a expropriação, pode não ser um bom motivo para ter uma iniciativa paralela dos Estados Unidos.
Talvez seja melhor deixar que bancos voltados para o lucro procurem projetos financeiramente sólidos, certo?
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