Aldo Rebelo diz que não quer disputar a eleição como vice de Ricardo Nunes. Ninguém acredita nele. O ex-ministro de Lula e Dilma por quatro vezes e ex-deputado federal durante 24 anos pelo Partido Comunista do Brasil se filiou ao MDB no último dia da janela partidária. Continuando no PDT, que apoia Guilherme Boulos, candidato do PSOL e do PT, ele não teria qualquer chance.
Secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, Rebelo terá de entusiasmar o PL e o Republicanos, que também buscam uma indicação na chapa de Nunes. Sobretudo terá de convencer Bolsonaro de que, além de atrair votos, é um nome de confiança —um comunista de confiança. O preferido do ex-presidente é o ex-coronel da Rota Ricardo Melo Araújo.
A movimentação de Rebelo a favor de grileiros e garimpeiros o credencia. De chapéu panamá, tem percorrido a Amazônia para promover a mineração em terras indígenas. Em entrevistas, faz declarações surpreendentes: Lula "tem pouca paciência para a política". Define as investigações contra Bolsonaro como "perseguição". Em seu manual de puxa-saquismo consta que jamais um golpe de Estado foi preparado por minuta.
Ricardo Nunes era um vereador desconhecido em sua própria cidade até iniciar uma briga contra a chamada ideologia de gênero. Nascido em Alagoas, terra do cupincha Renan Calheiros, Rebelo usou estratégia semelhante. Assumiu a pose de Policarpo Quaresma, nacionalista radical aliado aos militares, fazedor de projetos patrióticos em defesa da mandioca, do saci-pererê, da língua portuguesa, da dublagem obrigatória em filmes estrangeiros. À exceção do esperto Saci, que ganhou um dia para desprestigiar o Halloween, todos fracassaram.
Dores de ressentimento calaram fundo no peito varonil. Mas só isso não explica o pulo nos braços do capitão. Aldo Rebelo, apesar do disfarce, sempre foi um bolsonarista raiz. E de vanguarda.
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