domingo, 28 de abril de 2024

O marinheiro e o almirante, Elio Gaspari, FSP

 Tramita na Câmara um projeto aprovado pelo Senado que manda inscrever no livro dos Heróis da Pátria o marinheiro negro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, de 1910.

Essa revolta começou no encouraçado Minas Gerais e espalhou-se por outros navios da frota da baía de Guanabara e durou quatro dias. Pediam: "que desapareçam a chibata, o bolo, e outros castigos", bem como o aumento do soldo. Bombardearam o Rio, com a morte de duas crianças. Terminado o motim, os rebeldes foram anistiados, com o apoio de Rui Barbosa.

Homem negro em foto preto e branca com uniforme da Marinha
João Cândido - Creative Commons

O comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, escreveu à Comissão de Cultura da Câmara, desaconselhando a iniciativa: "Nos dias atuais, enaltecer passagens afamadas pela subversão, ruptura de preceitos constitucionais organizadores e basilares das Forças Armadas e pelo descomedido emprego da violência de militares contra a vida de civis brasileiros é exaltar atributos morais e profissionais, que nada contribuirá ao pleno estabelecimento e manutenção do verdadeiro Estado democrático de Direito".

Tudo bem. Revolta é revolta e revoltoso é revoltoso, mas a Marinha precisa equilibrar a equação.

Desde 1933 ela manteve na sua frota o navio-escola Saldanha da Gama. Desativou-o em 1990 e está construindo outro, com o mesmo nome, para apoio na Antártica.

Luís Filipe Saldanha da Gama (1846-1895) era um almirante de vitrine e se achava. Revoltou a Armada em 1893 contra o governo do marechal Floriano Peixoto, perdeu e foi combater no Rio Grande do Sul. Lá, foi batido e degolado.

Saldanha queria que Floriano convocasse eleições. Foi um rebelde do andar de cima. João Cândido, insurreto do andar de baixo, queria acabar com a chibata. Ambos se revoltaram, porém prevaleceram.

Um é nome de navio da Marinha, o outro é nome de um petroleiro da Transpetro.

INTELIGÊNCIA EDUCACIONAL

O governador Tarcísio de Freitas e seu secretário de Educação Renato Feder querem usar instrumentos de inteligência artificial para produzir as aulas digitais que são usadas pelos professores de todas as escolas da rede estadual paulista.

Saiba-se lá o que é isso, mas a dupla precisa recorrer à própria inteligência convencional para cuidar da quitanda que administra.

O município de Morungaba tem 3.000 habitantes. Há 12 anos lá funciona a escola privada Ratimbum com 72 alunos (seis bolsistas) que cursam até a 5ª série. Há mais de um ano a escola pediu aos educatecas autorização para ampliar suas matrículas, com aulas até a 9ª série.

A Ratimbum recebeu quatro visitas de inspetores com inúmeras exigências, algumas erradas. Atendeu várias. (Um pedido, verbal, exigia que a água dos bebedouros viesse da Sabesp, que não atende o local onde fica a escola.)

Algum programa de inteligência artificial poderia organizar a comemoração do segundo aniversário da espera da autorização.

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