Muitos nomes entraram nos noticiários, não por seus conteúdos relevantes, mas por possíveis envolvimentos em ações criminais
Nos últimos dias os nomes de muitos influenciadores entraram nos noticiários, não por seus conteúdos relevantes ou conquistas pessoais, mas por possíveis envolvimentos em ações criminais.
O grande acontecimento foi a denúncia do Fantástico sobre os jogos de azar que estão sendo investigados pela Polícia Federal e que pagam quantias altíssimas para que esses influenciadores divulguem seus produtos que lesam usuários, como o 'Jogo do Tigrinho' e 'Jogo do aviãozinho'.
Depois do programa de domingo à noite, muitos dos influenciadores destacados sairam correndo para rescindir contratos com a empresa Blaze, em modo 'barata voa'. O Fantástico incluiu em sua reportagem nomes muito conhecidos como Mel Maia, Viih Tube, Jon Vlogs, Juju Salimeni, Rico Melquíades. Mas a lista é bem maior, tem muita gente ganhando rios de dinheiro, cifras absurdas como um milhão de reais por mês. Imagine o quanto a empresa lucra e o quanto de dinheiro os usuários desses joguinhos perdem.
No Pará, na operação "Truque de Mestre", foram feitos doze mandados de prisão temporária em condomínios de luxo e casa de prostituição em Belém. Uma das influenciadoras teria movimentado vinte e três milhões de reais em dois meses nesses cassinos online, além de estar ligada a um esquema de lavagem de dinheiro através de uma casa de prostituição.
Mas as denúncias vão além dos cassinos online. Outro destaque nas notícias criminais foi o influenciador fitness e fisiculturista Renato Cariani, que tem mais de sete milhões de seguidores só no Instagram e que foi indiciado pela Polícia Federal por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Ele alega inocência.
A pergunta que nos vem à mente diante desses fatos é por que tantos influenciadores brasileiros estão agindo de forma criminosa? Como pode ter tanta gente disposta a cometer ilegalidades? Seria uma epidemia de falta de caráter?
Uma das possíveis respostas é estatística. O Brasil tem cerca de meio milhão de influenciadores, segundo o Brazilian Report, que coloca nessa categoria os perfis com mais de dez mil seguidores que usam suam conta para fazer publicidade. É muita gente. E, com uma amostragem tão grande, faz sentido encontrar tanta gente disposta a cometer ilícitos e enganar seguidores de forma remota em nome do lucro fácil.
Esse mesmo artigo diz que os "influenciadores digitais moldam o consumo brasileiro mais do que em qualquer outro lugar" do mundo, mais do que na China, inclusive. Quase metade dos consumidores escolhem marcas e produtos com base no endosso de celebridades online. E, diante da possibilidade de ganhar em um único story ou post o equivalente a dezenas de salários mínimos, muita gente aceita fazer coisas suspeitas ou ilegais. Anos e anos de pensamentos condenáveis como 'pagando bem, que mal tem?' incutidos em nossa cultura, mais a facilidade e imediatismo dessas ações e pagamentos podem ter resultado nesse cenário lamentável.
É tudo muito triste, mas ainda temos aquele fio de esperança que vem com o final de cada ano. Quem sabe em 2024, alguns dos produtores de más influências melhorem. Ou, quem sabe, a gente tome vergonha na cara e pare de seguir todos eles.
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