Dadas suas críticas destemperadas à imprensa, a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, parece que não entende muito bem a função primordial do jornalismo nos regimes democráticos: a de fiscalizar as atividades de governo.
Após instigar o linchamento virtual de uma jornalista de O Estado de S. Paulo, voltou sua artilharia para um editorial desta Folha. Por óbvio a imprensa não está isenta de críticas, o problema é como a crítica é feita.
Podem-se apontar erros factuais de um texto sem acusar má-fé da autoria, quando não há indícios para o achaque. Do contrário, trata-se de um ataque narcisista cujo intuito é apenas instigar militância e acirrar polarização, que prejudica projetos de esquerda e de direita alternativos ao petismo e ao bolsonarismo.
Sobre o editorial "Delírios petistas", Hoffmann disse que a Folha quer "um país sem o PT". Ora, mas o texto elogia a racionalidade solitária do ministro da Fazenda ante teses econômicas heterodoxas. Fernando Haddad não é filiado ao PT?
A deputada ainda usa espantalhos, afirmando que, segundo o editorial, "pode existir um país sem investimentos públicos e renda para a população". Já o texto diz que alto gasto público se justifica quando há recessão e que não pode ser política pública contínua, sob o risco de se cair numa "espiral de dívida, inflação, juros e baixo crescimento". Inflação, como se sabe, corrói a renda dos trabalhadores, afetando de modo cruel os mais pobres.
Hoffmann não rebate nenhum dos dados publicados, como o gasto público equivalente a 40% do PIB no Brasil, um dos maiores do mundo, e se restringe a imputar "fake news".
Lembremos que esse termo foi cunhado por Donald Trump e virou palavra de ordem de Jair Bolsonaro (PL). O PT dá continuidade ao mesmo método infantil que desvaloriza a função social da imprensa só porque não quer ser contrariado. Deveria buscar exemplos menos autoritários, parar de birra e trabalhar de fato para resolver os diversos problemas do país, em vez de piorá-los.
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