A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) diz ter dificuldade em entender a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de fazer com que Marta Suplicy se filie novamente ao PT e seja vice de Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições pela Prefeitura de São Paulo de 2024.
Em 2020, Erundina ocupou o posto e chegou ao segundo turno com o colega de partido, quando foram superados por Bruno Covas (PSDB), que tinha o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), como vice. Atualmente, ela compõe o grupo de trabalho que vai elaborar o programa de governo a ser apresentado por Boulos.
Desde que Marta, então senadora, deixou o PT, em 2015, e votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, com gestos como a entrega de flores para Janaina Paschoal, autora do pedido como advogada, Erundina dirige comentários críticos à também ex-prefeita da capital.
Em 2016, quando as duas disputavam a Prefeitura de São Paulo, Erundina disse que Marta era uma "traidora do povo" e não havia passado no teste "como feminista", pois apoiava o governo "ilegítimo" e "machista" de Michel Temer (MDB).
Ela também criticou Marta por ter deixado o PT no momento "mais trágico da história" do partido e que havia traído a legenda, a esquerda e o povo.
"Eu preferia uma outra candidatura, mas é o PT que deve avaliar a quem cabe ocupar a vice. Temos a cabeça, que é o Boulos. Se o PT acha que a Marta é bom nome, aí a responsabilidade é do PT. Já não nos cabe opinar a respeito. Eu teria dificuldade, mas de qualquer forma não nos cabe opinar sobre que nome o PT vai indicar", diz Erundina ao Painel.
A deputada afirma que sua dificuldade não seria em fazer campanha ao lado de Marta, mas em entender a lógica da escolha dela para o posto pelo PT.
"Por que agora a Marta tudo bem?", pergunta a parlamentar. "Eles avaliam que a Marta tem muito apoio popular na periferia, por alguns programas que adotou, Bilhete Único, CEUs. Todo governo tem os seus acertos, e certamente o dela teve, assim como o do [Fernando] Haddad e também o nosso. Mas não basta só o que foi feito em determinado governo, [conta também] a trajetória dessa pessoa ao longo do tempo", completa.
Erundina afirma que o PSOL têm militância em comum com o PT e que ela tem notícia de que a proposta do retorno de Marta ao PT como vice de Boulos tem suscitado críticas.
"Mas a política, sabe como é... É a lógica da politica eleitoral. Eu tenho dificuldade de entender as coisas dessa forma", acrescenta. "Vamos fazer campanha. O importante é conquistar de novo o governo da cidade, que foi muito bem na época que a gente governou, pelo menos em relação a questões sociais".
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