A terra arrasada que Vanderlei Luxemburgo encontrou em sua volta ao Corinthians se deve à má gestão do clube. O treinador não ficou desanimado no seu primeiro dia de trabalho após a derrota em casa para o Del Valle na Libertadores nem com a falta de ânimo no vestiário com tantas notícias ruins. Mas entendeu o terreno em que está pisando: o elenco é pobre, não existe um time formado com funções definidas e jogadas claras, não há dinheiro para mudar esse cenário e a corda está no pescoço em relação às competições, como a Libertadores, na qual precisa agora ganhar jogos fora de casa.
Pior. Luxemburgo descobriu que os jogadores estão no limite mental após tantas cobranças, como disse o goleiro Cássio, vazado duas vezes na partida desta terça-feira. “Estamos no limite psicológico”, disse, referindo-se às mudanças recentes de treinador. O Corinthians tinha Fernando Lázaro, depois contratou Cuca, teve Danilo e agora a vaga é de Luxemburgo. A gestão do futebol não existe e os atletas pagam o pato, porque são eles que recebem as vaias após os tropeços.
Por mais boa vontade que todos tenham em campo, e não faltou empenho no time diante do Del Valle, a bagunça tática é grande. Não há posição definida, não há jogadas, todos querem resolver e correm por todos os setores do gramado de forma desorganizada. É um time de pelada. Falta até entrosamento, que gera erros bobos como foi a jogada do segundo gol do rival na Neo Química Arena.
Por mais críticos que somos em relação à fragilidade do elenco, não é hora de condenar esses jogadores. Eles são os menos culpados. A diretoria corintiana não sabe o que está fazendo há tempos, perdida que está no futebol, o bem mais precioso do clube depois de sua torcida. As movimentações são equivocadas na maioria das vezes. Não se sabe se o time vai pela direita ou pela esquerda. Se quer mostarda ou ketchup em seu cachorro quente. Não há comando e todos são envolvidos numa única necessidade iminente, a de ganhar jogos. Tratam o resultado das partidas como meio e não como consequência.
Luxemburgo, malandro que é de Madureira, já percebeu isso. Ele vai ter de ser treinador, mas também manager para formar um elenco para os próximos cinco anos. Se deixarem. Não há no Corinthians ninguém que pense isso. O clube vê seus rivais se movimentarem e ele mesmo vai ficando para trás nessa reconstrução. O Palmeiras está anos luz à frente. O São Paulo tem uma reforma em marcha, o Santos está empenhado em seu estádio e terá de se sustentar em campo com o que tem. Adversários de outros Estados são melhores no jogo e na gestão. Nesse quesito, daria para apontar pelos menos uns dez clubes mais bem organizados do que o Corinthians.
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A gestão corintiana nunca foi tão fraca. O time não tem nada a oferecer para seus torcedores. Nada. Não fosse a paixão e a eterna esperança dos corintianos que lotam o estádio em Itaquera, o time estaria em situação mais delicada. O presidente Duílio Monteiro Alves ficará no comando até dezembro de 2023. É preciso saber disso.
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Luxemburgo, com todos os seus defeitos, é o único em condições de tirar esse clube da miséria esportiva em que se encontra. Já fez isso antes. Nada o assusta. O clube precisa baixar as portas para um balanço. Balanço de verdade. Ou muda ou morre. Tem de reformular o elenco. Colocar para fora colaboradores amigos. Dispensar jogadores. Contratar atletas mais baratinhos e em grande quantidade para fazer uma peneira. De 30, ficar com cinco. E assim até formar um elenco razoável. O Palmeiras fez isso lá atrás. Sem mudar gente e postura, não dará certo. É preciso chacoalhar a árvore e se livrar de alguns galhos, os podres. Olhar para o futuro sem deixar de lado a preocupação com o presente. Não é fácil, mas precisa ser feito.
O Corinthians é grande demais para estar nessa condição. Agora, vai ter o Atlético-MG na Copa do Brasil e tem o Brasileirão com pedreiras em todas as rodadas. A Libertadores vai dar uma folga de três semanas, tempo que Luxa terá para fazer desse bando um time minimamente organizado. Com todo respeito.
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