domingo, 28 de maio de 2023

Secretário de Habitação pede demissão e abre crise na gestão Nunes, FSP

 


SÃO PAULO

João Farias, secretário municipal de Habitação da gestão Ricardo Nunes (MDB), pediu demissão nesta sexta-feira (26), expondo uma crise que se arrasta desde o início de maio na gestão municipal.

Internamente, Farias e o diretor-presidente da Cohab, João Cury, têm divergido fortemente a respeito de um decreto ainda não publicado para desapropriação de uma área e construção de um projeto habitacional em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo.

O secretário municipal da Habitação, João Farias
O secretário municipal demissionário da Habitação, João Farias - Divulgação

Em forte discussão sobre o assunto do decreto no começo de maio, Farias e Cury chegaram a se exaltar. Segundo alguns relatos ao Painel, houve xingamentos e gritos, e os dois precisaram ser contidos. Outros dizem que se tratou de um bate-boca.

área da habitação é considerada estratégica para Nunes, que aposta na construção de casas para alavancar suas chances de reeleição no ano que vem.

A crise também pode respingar no arco de alianças de Nunes para a reeleição, uma vez que Farias é uma liderança paulista importante do Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas.

PUBLICIDADE

Procurado pelo Painel, o secretário demissionário disse que dará mais detalhes sobre o assunto na segunda-feira (29). Segundo ele, o estopim para sua decisão de sair foi o fato de membros da prefeitura estarem divulgando uma versão distorcida para a tensão.

Internamente, o secretário de Habitação tem criticado Cury e o secretário de Governo, Edson Aparecido, ambos do MDB, pela elaboração de um decreto que desapropriaria um terreno na Cidade Tiradentes e abriria as portas para que uma empresa específica mantivesse sua participação no programa habitacional Pode Entrar. Sem o decreto, a empresa seria desclassificada.

Segundo Farias tem argumentado, o decreto tiraria a lisura do processo ao prejudicar as condições iguais de concorrência. Na iminência da publicação do decreto, ele disse a Nunes que deixaria a prefeitura se o texto saísse no Diário Oficial, o que ainda não ocorreu.

Farias então procurou Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, que ligou para o prefeito e passou a intervir na questão. Na ocasião, eles propuseram a Nunes uma alternativa: se a Procuradoria-Geral do Município dissesse que o decreto não prejudicaria ninguém, ele continuaria no cargo após a publicação do texto. O secretário publicou uma foto do encontro em suas redes sociais.

Do outro lado, em acusação similar, a afirmação é a de que Farias que estaria criando dificuldades inexistentes para que outras empresas assumissem o empreendimento em Cidade Tiradentes. O grupo de Cury tem afirmado que os técnicos da prefeitura têm corroborado a posição dele de que o projeto deve passar pelo menos por uma análise inicial.

Em reunião com Cury, os técnicos e o prefeito, o secretário de Habitação rebateu e disse que a questão não é técnica, mas jurídica.

Os interlocutores de Cury também dizem que Farias minou a autoridade do prefeito ao procurar Marcos Pereira para resolver o imbróglio, e por isso vinham cobrando sua exoneração.

Em nota, Cury disse que não teve "nenhuma discussão com o secretário João Farias, muito menos com xingamentos, até chegar às vias de fato."

Sobre o Pode Entrar, afirmou que "os projetos estão sendo analisados e existe uma comissão interdisciplinar que os analisa e os aprova ou não, e eu não faço parte dela."

Nenhum comentário: