segunda-feira, 1 de junho de 2020

Carmita Abdo: as 5 ondas do self na pandemia, OESP

Primeira onda: morbi-mortalidade – o maior medo, de ficar doente e morrer.

Segunda onda: quando você percebe que não morreu, entra na onda da preocupação. Será que vai ter recurso para dar conta de tudo? Recursos de diferentes espécies. Recurso do governo para pagar todo o gasto com saúde. Recurso meu, que começo a ver meu trabalho e emprego não trazendo o mesmo retorno que antes. Medo de não poder pagar minhas contas.

Terceira onda: a questão de perceber que as coisas se avolumam e a incerteza – onde que isso vai parar? Será que isso vai ter uma saída ou não? Questão da dúvida, da incerteza, do desconforto. Já não morri, agora estou tentando sobreviver como posso.

Quarta onda: Saúde mental; quando começamos a perceber que estamos mais frágeis, quando nos damos conta que estamos desestabilizados, um maior nível de ansiedade começa a aparecer. Isso se nota de diferentes formas: concentração anulada, agitação psicomotora. Ou predisposição à depressão, quando a pessoa se sente fatigada, desanimada e desacredita de tudo.

Aqui afloram ou se exacerbam a predisposição ao álcool, às drogas, aos distúrbios alimentares.

Quinta onda: quando a pandemia terminar do ponto de vista da infecção e da contaminação, virá o stress pós-traumático daquilo que ficar. Muitos comprometidos na funcionalidade. Uma descarga da ansiedade acumulada. É o rastro da pandemia.

Estamos na quarta onda.
Houve um aumento na ordem de 20 a 30%, em termos de consumo de álcool, de drogas, de distúrbios alimentares. A notificação de casos de violência doméstica acompanha esta curva.
Entendendo que uma onda não exclui a outra; elas são sucessivas e concomitantes.

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