Zôdio confirma fechamento de megaloja em São Paulo
Unidade que fica na Marginal Tietê deixa de funcionar dois anos depois de a marca estrear no País; empresa não comenta os motivos do encerramento da operação que emprega 70 pessoas
Márcia De Chiara, O Estado de S.Paulo
13 de novembro de 2019 | 09h52
A Zôdio, megaloja de bricolagem localizada na Marginal Tietê do grupo francês Adeo dono da Leroy Merlin, vai fechar as portas no dia 31 de dezembro. A empresa não comenta os motivos do encerramento da operação, mas informa que parte dos 70 funcionários poderão ser reaproveitados nas unidades do homecenter. Neste momento, a empresa está liquidando os estoques, com descontos significativos para se livrar do encalhe de mercadorias.
A loja deixa de funcionar dois anos depois de a marca estrear no País, em dezembro de 2017, com a proposta vender 18 mil itens voltados para casa. A intenção era atender às demandas dos clientes em diversos momentos da vida, ensinado como se fazem muitas coisas, da culinária ao artesanato. Esse modelo deu certo na França e em Portugal, onde existem 22 lojas nesse formato.
Na época do lançamento, Gauthier Lenglart, diretor da varejista no Brasil, disse que a expansão no Brasil dependeria do desempenho da primeira unidade. A expectativa era ter cinco lojas físicas da marca em quatro anos.
Analistas de varejo acreditam que a operação fracassou porque o brasileiro não entendeu esse modelo de varejo de "faça você mesmo" que mistura venda de produtos com experiência de compra.
Segundo o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail,o modelo de loja que vende produtos para o próprio consumidor executar não tem tradição no Brasil, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, observa, até as camadas de menor renda usam serviços de profissionais quando têm de executar alguma tarefa na casa. Neste caso, normalemnte, o serviço é executado por um profissional amigo que possa dar um desconto.
Serrentino acrescenta que esse modelo de negócio é difícil de operar porque a loja não cria um imã para atrair o consumidor. "Essa loja não tem uma categoria de destino", afirma. Além disso, pelo porte da loja que foi construída, ele acredita que o investimento tenha sido significativo. Provavelmente, diz, o resultado deve ter ficado muito abaixo do razoável. Isso deve ter levado os executivos responsáveis pelo negócio terem optado pelo encerramento da operação num prazo tão curto tempo.
Quando a loja Zôdio abriu as portas em dezembro de 2017, a companhia não revelou o investimento na operação. O novo formato começou no País junto com a expansão da megaloja da Leroy Merlin, da Marginal Tietê, em São Paulo, que, na época, tinha sido ampliada. Essa se tornou a maior unidade do grupo, onde foram aplicados R$ 210 milhões em 2017. A Zôdio passou a ocupar o piso superior do novo prédio da Leroy, de 22 mil metros quadrados. Os cerca de 5 mil metros quadrados construídos especialmente para a Zôdio provavelmente deverão ser reaproveitados pelo homecenter.
"Foi uma atitude corajosa de encerrar a operação no País", diz o consultor. Ele acredita que o grupo francês vai direcionar os esforços para as lojas de materiais de construção, com a bandeira Leroy Merlin, líder do setor e que ganhou mercado mesmo com a crise. No mês que vem, a Leroy vai abrir 42ª loja no País, no Espírito Santo, com investimentos de R$ 220 milhões.
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