Governo precisa do fast-track para acelerar infraestrutura, parcerias público-privadas e privatizações
As dúvidas com a recuperação da economia que assaltaram a sociedade brasileira até setembro começaram a dissipar-se. E há, também, uma tendência, visível a olho nu, da melhoria da situação fiscal em que nos enrolamos, por desrespeito à Constituição e ignorância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Foram elas que levaram à recessão iniciada em 2014. Trata-se de um crescimento lento, até agora sem energia para autoacelerar-se.
Devido à situação fiscal ainda muito difícil (as despesas correntes com crescimento endógeno incontrolável, a despeito do teto), a falta de demanda efetiva, reconhecida por todos, não pode ser resolvida com mais gasto público, nem com a emissão de dívida, nem com a emissão direta de moeda.
Isso, provavelmente, causaria uma quebra de “expectativas” que destruiria tudo o que se fez até aqui e, em pouco tempo, traria o “populismo” de volta às mesmas políticas fiscal e monetária que nos colocaram onde estamos. A única forma de sairmos da situação é através de financiamento privado, nacional ou estrangeiro, de bons projetos de infraestrutura. Além de acelerar a demanda, deixará como herança um aumento da produtividade de todo o sistema produtivo. É através do aumento dessa “oferta” que sanaremos a enorme deficiência da “demanda” e voltaremos a uma redução do desemprego, por meio de um crescimento econômico mais robusto, mais estável e mais equânime.
A situação econômica mundial, com a qual temos uma simpatia endógena (em condições normais de pressão e temperatura, 1% de aumento do PIB mundial estimula um crescimento de 0,3% do nosso PIB), está desfavorável e submetida a uma perigosa taxa de juro real negativa. Mas há um fator geopolítico importante. As ações insensatas de Trump abandonaram os aliados dos EUA à sua própria sorte, e o Brexit está na mesma linha. Com enormes confusões internas e perspectiva de conflito armado, o grande “capital” europeu tem aqui à sua disposição um país razoavelmente organizado, onde os princípios de um Estado democrático de Direito são respeitados, há relativa harmonia e os diferentes grupos identitários (religiosos, étnicos) estão acomodados. O Brasil não é apenas a oportunidade de remunerar positivamente o seu “capital”, mas também de garantir que poderá vir a beneficiar-se dele diretamente no caso de iminentes chuvas e trovoadas...
Tudo poderá fracassar se o Executivo não obtiver o “fast-track” para liberar os leilões de infraestrutura, as parcerias público-privadas e as privatizações, por conta do medo de que Bolsonaro, por isso, possa reeleger-se, como tenho ouvido à mesa de alguns caros amigos. Pobreza!
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