Mulheres carentes, presas ou em situação de rua, além de estudantes de escolas públicas de São Paulo, podem ter acesso gratuito a absorventes íntimos. Um projeto de lei apresentado em outubro na Assembleia Legislativa de São Paulo, intitulado Menstruação Sem Tabu, visa distribuir o produto de higiene, além da conscientizar acerca da saúde da mulher e dos cuidados básicos que devem acompanhar a menstruação.
O projeto, que ainda está em análise na Assembleia, conseguiu reunir deputadas de diferentes correntes políticas e foi assinado por Janaina Paschoal (PSL), Leci Brandão (PcdoB), Beth Sahão (PT), Edna Macedo (Republicanos) e Delegada Graciela (PL). Segundo o texto, as escolas receberiam palestras e cursos para falar sobre o tema. A Universa, a Delegada Graciela destaca dois objetivos principais: a quebra do tabu em torno da menstruação e a dificuldade ao acesso aos absorventes, principalmente por motivação financeira.
"Este projeto vai ao encontro à quebra dos tabus e à criação de uma política pública efetiva no tocante ao atendimento social de milhares de mulheres e jovens por todo Estado de São Paulo", a deputada afirma.
Em setembro último, no Quênia, uma jovem de 14 anos cometeu suicídio em setembro depois de supostamente ser envergonhada pela professora por ter sangue de menstruação vazado na roupa. De acordo com o jornal local The Daily Nation, Jackline Chepngeno teria sido expulsa da sala de aula quando menstruou pela primeira vez.
Uma pesquisa publicada em junho na revista científica BMJ Open, feita com 32.748 holandesas entre 15 e 45 anos, verificou que 14% das entrevistadas tiveram de se ausentar do trabalho ou da escola durante o período menstrual. E 3,5% delas relataram ter o problema em todos ou quase todos os ciclos menstruais.
Se a proposta for aprovada, o absorvente seria incluído nas cestas básicas no Estado de São Paulo e distribuído nas escolas estaduais, e ainda em unidades de internação para jovens infratoras, às adolescentes sob regime de semiliberdade ou de internação, em presídios, abrigos e a mulheres em situação de rua.
O projeto está hoje na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), sob análise da deputada Marina Helou (Rede). Ele ainda deve passar pelas comissões de Defesa e Direitos das Mulheres e de Finanças, Orçamento e Planejamento, antes de ir a plenário para votação.
No Rio, projeto parecido virou lei
A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou, em junho último, lei que prevê a distribuição gratuita de absorventes nas escolas da rede municipal. De acordo com o texto, do vereador Leonel Brizola Neto (PSOL), a distribuição dos absorventes higiênicos se dará por meio de máquinas de reposição, instaladas nos banheiros das escolas. Procurada, a secretaria de Educação da cidade não informou se as máquinas já estão sendo instaladas.
Enquanto isso, a geógrafa Carolina Chiarello de Andrade, 25, e a estudante Talita da Silva Soares, 22, já estão fazendo a sua parte desde dezembro de 2018, quando criaram o projeto Tô de Chico. Desde então, elas coletam doações de absorventes, calcinhas e sutiãs e distribuem os artigos mensalmente para mulheres que vivem nas ruas do centro e da zona sul do Rio e também na cidade de Niterói.
A dupla recebe o material de doadores e, uma vez por mês, vai andando pelas ruas e entregando a mulheres em situação de rua. E se surpreende a cada ação, conforme conta Talita:
"Muitas vezes, as mulheres nos mostram como se viram nesse período, como usar dois shorts. Ter calcinha, absorvente ou sutiã é uma coisa banal para quem pode pagar e, muitas vezes, não enxergamos o valor disso para mulheres que não têm como comprar. Ter uma calcinha, um absorvente e um sutiã é questão de higiene e também de dignidade e autoestima".
Quem quiser colaborar, ela explica, deve mandar mensagem para o instagram @eutodechico.
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