A criançada não está curtindo muito o cardápio vegano em escolas na Bahia
O veganismo é perfeitamente válido como escolha individual. Entra na mesma categoria das religiões, credos filosóficos, opções políticas, gostos literários e fetiches sexuais. Isso significa também que o Estado não tem legitimidade para impô-lo a ninguém e nem mesmo para incentivar cidadãos a segui-lo --da mesma forma que não pode puxar a sardinha para nenhuma fé religiosa.
À luz desses truísmos, é esquisita a história da militante vegana e promotora de Justiça Letícia Baird, do Ministério Público da Bahia, que vem obrigando escolas públicas de algumas cidades do sertão baiano a assinar termos de ajustamento de conduta nos quais se comprometem a reduzir paulatinamente o teor de proteínas animais na merenda servida aos alunos até substituí-las por produtos vegetais. Hoje, 32 mil estudantes de 154 escolas da região já consomem duas vezes por semana um cardápio sem itens de origem animal.
Obviamente, o MP baiano não descreve o programa Escola Sustentável como evangelização vegana, hipótese em que estaria confessando um desvio, mas sim como uma iniciativa destinada a melhorar a saúde das crianças, reduzir gastos e diminuir o impacto ambiental da merenda.
A narrativa tem dois problemas. Em primeiro lugar, embora alguns profissionais de saúde, em geral veganos, afirmem que crianças podem adotar sem problemas uma dieta exclusivamente vegana, o consenso médico recomenda que, nestes casos, haja suplementação de ferro e de algumas vitaminas. E é complicado pensar em suplementação numa área em que a metade da população tem renda mensal inferior a meio salário mínimo.
Em segundo lugar, a criançada não curte muito o cardápio vegano e deixa grandes quantidades de sobras no prato, o que compromete a ideia de que a iniciativa promove a eficiência do gasto público.
O mundo melhoraria bastante se as pessoas parassem de tentar determinar como os outros devem viver.
O mundo melhoraria bastante se as pessoas parassem de tentar determinar como os outros devem viver.
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