segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Usina de Pirapora terá 25 MW de potência


O secretário de Energia José Aníbal visitou, nesta quinta (24), as obras de construção da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de Pirapora do Bom Jesus, na região metropolitana de São Paulo, realizadas pela EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia).
A usina, construída junto à barragem de Pirapora no rio Tietê, terá potência de 25 MW e poderá suprir a demanda de cerca de 100 mil pessoas. Essa energia já foi comercializada em leilão e começará a ser entregue em 1º. de janeiro de 2015. No entanto, a expectativa é que a obra seja concluída antes mesmo deste prazo.
“Estamos acompanhando de perto todas as obras de infraestrutura na área energética realizadas no Estado de São Paulo. Nosso objetivo é assegurar que os cronogramas sejam cumpridos e que a demanda por esse recurso seja plenamente atendida”, diz José Aníbal.
Vale destacar que a construção dessa usina contribui para o alcance de uma das metas propostas pelo Plano Paulista de Energia, ou seja, a ampliação do uso de energias limpas. Hoje, o Estado de São Paulo já conta com a participação de 55% de fontes renováveis na matriz energética, um dos índices mais altos do mundo, e deve chegar a 69% até 2020.
Considerada de baixo impacto ambiental, graças ao aproveitamento da estrutura já existente - uma barragem utilizada pela EMAE para o controle da água do Tietê - a hidrelétrica também tem um custo de construção menor, na ordem de R$123 milhões.
“Sob a perspectiva da EMAE, a construção dessa usina é uma oportunidade bastante interessante de negócio, já que conseguimos aproveitar recursos existentes para gerar novas receitas. Inclusive, estamos analisando a viabilidade técnica para reproduzir esse modelo em outras unidades, como no Tietê e na barragem de Edgard de Souza”, conta Ricardo Borsari, presidente da empresa.
Do ponto de vista do desenvolvimento local, a obra também apresenta vantagens, como a geração de cerca de 400 a 500 empregos diretos, além de contribuir para impulsionar o comércio e o serviço na região.
“Acreditamos que esse tipo de iniciativa, que alia desenvolvimento econômico, com um melhor aproveitamento dos recursos naturais, é um modelo de competitividade que reflete o espírito empreendedor do povo paulista”, afirma Aníbal.

Mercado de arte vê oferta de obras falsas com assinatura de Frans Krajcberg


FABIO BRISOLLA
DO RIO
Em novembro, a galerista carioca Marcia Barrozo do Amaral foi procurada por um colecionador que desejava verificar a autenticidade de uma escultura de Frans Krajcberg antes de assinar um cheque de R$ 150 mil.
Por representar o artista plástico, nascido na Polônia e radicado no Brasil, ela costuma ser consultada por compradores, mesmo quando não participa da negociação.
Duas peças foram apresentadas ao colecionador, para que ele escolhesse. Marcia constatou que ambas eram falsas. E se espantou com a ousadia dos criminosos.
Para convencer o potencial cliente, o golpista apresentou duas declarações onde o próprio Krajcberg supostamente assumia a autoria das esculturas. A Folha teve acesso ao "documento", que traz uma falsificação da assinatura do artista, mas com números corretos de seu CPF e RG.
Anteriormente, a galerista já havia alertado outro colecionador que cogitava comprar escultura semelhante a uma das obras falsas recentemente ofertadas. Mudava apenas a cor, um tom vermelho terra --presente em outras obras do artista.
"Provavelmente, o falsificador teve dificuldade na venda da primeira versão e resolveu pintá-la para tentar negociar novamente", diz Marcia, que divide com a Galeria Sérgio Caribé, de São Paulo, a comercialização dos novos trabalhos de Krajcberg.
A origem das falsificações estaria em Nova Viçosa, município de 38 mil habitantes no extremo sul da Bahia, onde Krajcberg mora desde 1972.
Eduardo Knapp/Folhapress
O artista Frans Krajcberg em sua casa, em Nova Viçosa
O artista Frans Krajcberg em sua casa, em Nova Viçosa
EX-FUNCIONÁRIOS
Em 2011, a polícia prendeu dez pessoas, entre elas três ex-funcionários do artista, acusados de participar em uma série de roubos e furtos no sítio de Krajcberg.
"Quem está produzindo as obras falsas sabe o que faz. É alguém que conhece de perto o trabalho do Krajcberg", diz Marcia, que suspeita da participação de ex-colaboradores do artista na falsificação.
Na semana passada, a galerista recebeu um e-mail com fotos de pinturas que replicam uma série de desenhos com folhas criados por Krajcberg. A vendedora escreveu na mensagem seu telefone de contato, com código de área de Nova Viçosa.
A investigação realizada pela Polícia Civil da Bahia, no entanto, não chegou a uma figura crucial: o responsável por negociar as peças falsas.
"Não identificamos o intermediário", disse o delegado Marcus Vinícius Almeida Costa, que coordenou a equipe envolvida na investigação.
Na época, um dos réus informou o nome do suposto intermediário à promotora Milene Moreschi, do Ministério Público do Estado da Bahia. Foi pedida a quebra de sigilo bancário do suspeito, ainda não concedida.
Não existe investigação em curso atualmente na Polícia Civil da Bahia, seja para identificar o negociador ou para rastrear as falsificações.
"O Krajcberg chegou a falar sobre a falsificação quando investigamos o roubo. Mas ele não indicou uma obra falsa ou alguma pista que pudesse motivar uma investigação", disse o delegado.

Lincoln, Obama e Bono Vox, por Luiz Felipe Pondé


28/01/2013 - 03h00


Obama não tem nada a ver com Lincoln. Ele quer se vender como o Lincoln negro, mas é festivo demais para sê-lo. Ele é um Carter que tem a sorte de ser negro.
Obama é um presidente fraco, demagogo e oportunista. O Chávez dos EUA (apesar de que Chávez tem mais "cojones" do que Obama). Compará-lo a Lincoln é uma piada.
Obama está mais para Bono Vox, que ganha muita grana com fotos de crianças da África, dizendo coisas "legais" para gente que tem uma visão de mundo de 12 anos de idade --coisa em voga hoje.
Lincoln foi um presidente que levou os Estados Unidos a uma guerra que matou cerca de 2 milhões de americanos, uma "sangueira patriótica", como dizia o crítico Edmund Wilson. A Guerra de Secessão, o Norte contra o Sul, não foi uma disputa ao redor da abolição da escravidão nos EUA.
O que estava em jogo não era a escravidão acima de tudo, era o Sul querer sair da União. Era o Sul querer ser livre para seguir seu modo de vida pré-moderno.
Mesmo se os confederados (o Sul) tivessem aberto mão dos escravos, Lincoln os teria devastado, porque o que estava em questão era o controle político e militar do território e a expansão do modo moderno de economia e sociedade.
Incrível como o pensamento público cai nesse papo de Lincoln "liberal". Ser abolicionista na época não era ser liberal; no Brasil, o conservador Joaquim Nabuco foi abolicionista. A "inteligência liberal" deve deixar Lênin, Stálin e Fidel, nada festivos, muito irritados.
Lincoln está mais para Bibi Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, do que para Obama. Lincoln invadiria os territórios palestinos e os anexaria.
A guerra foi o modo pelo qual o Norte, industrializado, capitalista, cético, materialista, portanto, moderno, invadiu e destruiu a civilização aristocrática, rural, tradicional, pré-moderna sulista. Os "ianques" (o Norte) conquistaram o Sul, assim como espanhóis, portugueses, ingleses e franceses conquistaram as Américas e a África. Os confederados queriam a independência. Lincoln disse "não, o Sul também é nosso", e levou os EUA à guerra que fez do país definitivamente uma nação moderna.
Lincoln era um cabra macho. Os "ianques" massacraram o Sul, roubaram suas terras, mataram seus homens, violentaram suas mulheres. Soldado sempre foi para guerra para ganhar dinheiro e violentar as mulheres dos vencidos. Foi nessa guerra que inventaram a metralhadora, para matar mais gente de modo mais eficaz.
Obama não seria capaz disso porque ele gosta de coquetel beneficente e falar para jovens sobre música afro-americana. Ele jamais tomaria uma decisão como essa, ele é fraco demais (paralisou os EUA no Oriente Médio), preocupado em agradar o marketing liberal americano ("liberal" é "progressista" nos EUA) e passar para a história como o cara mais legal da América.
O máximo que ele faria seria levar os americanos para um show do Bono Vox. Se Obama não fosse o primeiro presidente negro da história, não teria sido reeleito, e depois de 48 horas do término do seu mandato seria esquecido na lata de lixo da história.
Sua relação com Lincoln é a ideia de que ele seria um presidente a deixar uma América "liberal", assim como Lincoln. Mas Lincoln não era "liberal", ele não queria que os EUA perdessem território e grana.
Acho importante que as pessoas sejam iguais perante a lei, pouco importa se são héteros ou homos.
Minha crítica ao Obama não está em seu possível legado "progressista" (que não é dele, mas dos Kennedy) em termos políticos, mas sim a sua ideia errada de que os EUA devam seguir um modelo europeu centralizador.
Os EUA são o que são porque nunca foram centralizadores, e o governo nunca esmagou o cidadão comum fazendo dele um retardado mental econômico e moral como no Estado de bem-estar social europeu.
O problema com Obama é sua têmpera "liberal". Esta têmpera, cozida em campus acadêmico, gosta de festa, greves de estudantes e professores (ninguém está nem aí para esse tipo de greve porque a sociedade no seu dia-a-dia passa muito bem sem alunos e professores universitários) e boa vida.
Luiz Felipe Pondé
Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".