sábado, 2 de julho de 2022

Matador de Bruno e Dom era o ‘menino’ de expedição de combate a invasões de 2002, OESP

 


Há 20 anos, em junho de 2002, começava no Vale do Javari a última grande expedição indigenista na Amazônia. Uma equipe de 35 indígenas e ribeirinhos, chefiada pelo sertanista Sydney Possuelo, atravessou a selva durante 105 dias para combater invasões no território habitado por 16 grupos isolados. Entre os mateiros que ajudavam na abertura de trilhas e na construção de canoas estava um ribeirinho que cometeria um dos crimes de maior repercussão da história recente da floresta.

O pescador Amarildo Costa de Oliveira, o Pelado, que na época da expedição tinha 21 anos, confessou ter executado o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. O assassinato completa um mês na terça-feira e com as circunstâncias sob investigação. Indígenas apontam crime de mando. A Polícia Federal chegou a descartar a hipótese, mas voltou atrás.

Em primeiro plano, o pescador Amarildo Oliveira Costa, o Pelado. Ao fundo, o sertanista Sydney Possuelo, no Vale do Javari, em 2002.
Em primeiro plano, o pescador Amarildo Oliveira Costa, o Pelado. Ao fundo, o sertanista Sydney Possuelo, no Vale do Javari, em 2002. Foto: Sydney Possuelo/ Acervo Pessoal

Continua após a publicidade

Da expedição de Sydney para cá, a rede criminosa da pesca e do garimpo se sofisticou com recursos do narcotráfico na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia. O esquema de drogas e armas capturou comunidades ribeirinhas ao redor do território dos isolados. Pelado morava numa delas, a São Gabriel, onde um certo Rubens Villar, o Colômbia, que a polícia procura, controla a venda de pescados clandestinos.

“O que leva um jovem que participou daquela viagem a cometer um assassinato 20 anos depois? Não acompanhei a vida dele”, disse Sydney.

Talvez as condições às quais um homem é submetido podem impulsioná-lo para certas coisas. A vida dos ribeirinhos é difícil

Sydney Possuelo

Sydney disse ver indígenas e ribeirinhos como brasileiros afetados por um processo injusto de País. “Talvez o narcotráfico e a pesca ilegal sejam as únicas oportunidades. A gente não tem resposta para o caso desse rapaz. Se for questão de índole, numa família de classe média também pode ter criminoso. É índole ou são as duas coisas.”

Pelado, na popa do barco, durante a expedição ao Vale do Javari, em 2002.
Pelado, na popa do barco, durante a expedição ao Vale do Javari, em 2002.  Foto: Sydney Possuelo/ Acervo Pessoal

Farda

O universo de ribeirinhos e indígenas sempre foi de tensão por espaço. Indigenistas procuram apaziguar as relações e evitar o avanço de inimigos.

Esse menino (Pelado) era trabalhador, sempre sorrindo nos momentos de descanso. Não me despertou atenção maior

Sydney Possuelo

Na expedição, Pelado e colegas mateiros ganharam farda, tênis Kichute e chapéu. A rotina era acordar antes do sol, tomar um rápido café, passar o dia em caminhada, verificar vestígios de isolados e criminosos. O grupo construiu duas canoas para descer o Rio Jutaí.

Pelado, de farda, é o primeiro da esquerda para a direita. Ao lado, Orlando Possuelo, filho de Sydney.
Pelado, de farda, é o primeiro da esquerda para a direita. Ao lado, Orlando Possuelo, filho de Sydney.  Foto: Sydney Possuelo/ Acervo Pessoal

Ao longo da viagem, ribeirinhos contavam histórias de violência. Pelado relatou que, dias antes da expedição, ele e parentes tiveram um barco roubado. A família teria pago policiais para “acabar” com os bandidos. Num acampamento, Pelado sonhou com “flecheiros” levando facões e machados. Seus gritos acordaram o grupo. A história da expedição foi relatada no livro Homens Invisíveis, que publiquei em 2007, pela Record.

Buscas

No dia 15 de junho, a PF organizou entrevista em Manaus para anunciar ter desvendado o crime. A busca pelos corpos foi feita, na verdade, por uma equipe de marubos, kanamaris e matises e pelo indigenista Orlando Possuelo, filho de Sydney e colega de Bruno.

Pelado comanda o motor de um dos barcos da expedição em 2002.
Pelado comanda o motor de um dos barcos da expedição em 2002. Foto: Sydney Possuelo/ Acervo Pessoal

Em 2002, Orlando tinha 17 anos quando participou da expedição do pai em 2002. Nos últimos anos, ouvia histórias de Pelado agora dono de um barco de pesca de 14 metros de comprimento que invadia a área indígena. Em 2017, Pelado ameaçou Bruno de morte. E teve o nome fichado por tráfico de munições. Com o governo Jair Bolsonaro, a partir de 2019, invasores intensificaram as ações no Javari.

A equipe de Orlando e dos indigenistas ouviu, ainda no dia das mortes, um pescador relatar ter visto “seu Bruno” passar numa “voadeira”, como chamam lanchas de alumínio, motor 40, no Itaquaí, e o “60″ indo atrás, com dois “caras”. O barco de motor 60 era pilotado por Pelado. Na comunidade de São Rafael, o pescador pegou uma cartucheira e uma espingarda: “Bora, bora, vamos pegar esse cara”, disse, segundo relatos. Entrou na embarcação Jeferson da Silva Lima, um homem que não tinha a tez exposta ao sol dos ribeirinhos. Os indígenas passaram a trabalhar com hipótese de crime de mando.

Em reconstituição, Pelado protegido irmão e nega ter atirado em Bruno e Dom; assistência

Amarildo da Costa Oliveira relatou à Polícia Federal como o indigenista Bruno Pereira e o repórter britânico Dom Phillips foram executados a tiros no Vale do Ja

A diferença dos motores dos barcos permitiu que Pelado se aproximasse da voadeira. Com duas pessoas, o barco de Bruno fazia 45 km/h, dez a menos que o de Pelado. “Isso é muita coisa na Amazônia”, disse Orlando. A perseguição foi facilitada porque o barulho do motor não permitiu a Bruno perceber a aproximação.

A cerca de 15 metros, Bruno, que estava na proa, levou um tiro no abdômen – a perícia registrou outro no tórax e um na cabeça. Ele perdeu a direção e disparou uma arma a esmo. A voadeira entrou na vegetação da margem direita do Itaquaí, quebrou galhos, a hélice se enroscou no mato. Em seguida, houve mais disparos. Dom morreu com um projétil também no abdômen. A sequência foi descrita pelos indígenas da equipe de busca a partir de profunda análise das alterações do mato e do solo.

Saiba quem eram Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari

Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Orlando e os indígenas foram a São Gabriel, onde vivia Pelado. Jeferson entrou na conversa: “Ninguém conhece Pelado aqui”. Um policial militar que acompanhava o grupo comentou: “Esse Jeferson não é ribeirinho, é branco demais, tem tatuagem de cadeia”. “Se ele não era pescador local, nunca teve prejuízo com ações do Bruno. Por que entraria nessa?”, questionou Orlando.

Preso pela Polícia Militar, Pelado disse que houve um “embate” entre Jeferson e Bruno antes dos tiros. “Não houve nada disso. Matou por trás”, disseram os indígenas. Pelado foi com a polícia num igarapé, onde deixara os corpos. Mas foi um indígena que chamou a atenção para uma árvore derrubada. Debaixo da galharia o chão estava queimado. Os ribeirinhos tinham posto fogo nos corpos e galões, mas não conseguiram destruí-los. Esquartejaram e enterraram. “O que você fez?”, disse baixinho Orlando a Pelado, quando os corpos foram encontrados. “Pois é, agora tenho que pagar”, respondeu.

Orlando afirmou que Bruno tinha por marcas coragem, confiança e lealdade. E paixão pelos indígenas. “No campo, era parceiro e firme nas suas posições”, lembrou o indigenista.

Falta política para os carros elétricos, Celso Ming, OESP

 Celso Ming*, O Estado de S.Paulo

02 de julho de 2022 | 08h00

O futuro dos carros elétricos não pode ser deixado apenas para decisão de cada empresa. Deve ser objeto de política industrial de governo.

Os países avançados, principalmente da Europa, já decidiram a substituição dos veículos alimentados a energia fóssil por veículos elétricos. Prazos relativamente curtos estão sendo fixados para cumprir as metas.

Se um dos objetivo é conquistar mercado externo para esse segmento que se tornará predominante, então será preciso garantir escala de produção e redução de custos, para as quais a boa densidade do mercado interno poderá ser alavanca decisiva.

Mas, até agora, não há definição de uma política nessa direção. Se tudo continuar assim, o Brasil poderá novamente perder grandes oportunidades.

Os carros elétricos seguem conquistando espaço no Brasil. As vendas dos modelos leves cresceram 54% nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior (veja o gráfico). Atingiram 16,3 mil unidades, mas são nicho de cerca de apenas 2% nas vendas totais do setor.

Esse crescimento acontece em cenário de aumento de custos, em consequência de vários choques nas cadeias de produção, o que encarece os veículos. O mercado é abastecido com importados. O modelo mais barato no mercado alcança R$ 139 mil. O cenário pode mudar com a nacionalização da produção de um componente-chave: a bateria.

Em junho, duas montadoras, a Caoa Chery e a Great Wall Motorsanunciaram planos para a produção de híbridos no Brasil, que combinam o uso de motor a combustão (etanol ou gasolina) com elétrico.

Carro elétrico
As vendas dos modelos leves eletrificados cresceram 54% de janeiro a maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 24/06/2022

A Caoa já iniciou a fabricação de dois utilitários esportivos híbridos na fábrica de Anápolis, em Goiás. A multinacional brasileira Weg também deu a partida na produção de packs de baterias para veículos elétricos pesados, como ônibus, caminhões e embarcações. 

A infraestrutura também avança. A Shell acaba de inaugurar o primeiro eletroposto de carregamento rápido para elétricos na cidade de São Paulo e pretende criar mais 34 até março de 2023 na Região Sudeste. A Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) também inaugurou recentemente um primeiro ponto de recarga ultrarrápida em postos de combustíveis da bandeira Petrobras. A operação prevê a instalação de 70 postos nas Regiões Sul e Sudeste.

O fundador da Zletric, startup especializada em soluções para recarga de veículos elétricos e híbridos, Pedro Schaan, observa que “em infraestrutura, o Brasil está mostrando que existem opções de recarga, que hoje já são 1,5 mil”.

Geovani Fagundesócio da consultoria PwC Brasil, adverte que o Brasil precisa definir que porcentuais da sua frota serão eletrificados ou híbridos e o quanto de energia fóssil será tolerada. “São parâmetros importantes para dar mais clareza ao processo de transição energética. O mercado privado tem capital suficiente para financiar esse desenvolvimento, mas para isso é preciso garantir mais segurança nas regras do jogo.”  /COM PABLO SANTANA

*CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

Conheça o plano otimista de Thomas Piketty para mitigar a desigualdade global, WP OESP

 Gary Gerstle, Washington Post

02 de julho de 2022 | 16h00

O monumental O Capital no Século XXI de Thomas Piketty (2013) ofereceu um dos estudos mais completos e esclarecedores sobre a economia capitalista desde que Karl Marx publicou O Capital original, 150 anos antes. Apesar das cerca de setecentas páginas de análises eruditas e muitas vezes densas, O Capital de Piketty foi um grande sucesso – vendendo mais de 2,5 milhões de cópias no mundo todo. O livro apareceu em um momento crucial. Vinha se formando um descontentamento econômico desde a crise financeira de 2008-2009 e muitos culparam as elites econômicas e seus aliados no governo por terem empurrado para o abismo o sistema bancário mundial (e o bem-estar de dezenas de milhões de pessoas). Em 2011, o Occupy Wall Street deu foco e movimento a essa fúria, facilitou o surgimento de líderes políticos como Elizabeth Warren e Bernie Sanders e gerou uma fome por compreensão sobre os mecanismos do capitalismo capazes de produzir profundas desigualdades econômicas e injustiças. O tomo de Piketty forneceu a visão do funcionamento interno do capitalismo que muitas pessoas estavam buscando com muita urgência.

O Capital no século XXI concentrou a maior parte de sua atenção no mundo industrializado avançado da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. A sequência ainda mais longa de Piketty, Capital e Ideologia (2019), aprofundou essa análise original e expandiu seu escopo para incluir grande parte do resto do mundo, com foco particular em como a escravidão e o colonialismo contribuíram para o triunfo do Ocidente capitalista. O mais recente trabalho de Piketty, A Brief History of Equality, resume perfeitamente as descobertas de seus dois volumes anteriores em “meras” 250 páginas de texto. Os leitores acharão este trabalho atraente por sua brevidade. Mas A Brief History of Equality também é um tipo de livro muito diferente dos dois primeiros.

Piketty recusa honraria oferecida pelo governo francês
O economista Thomas PikettyFoto: Fred Dufour/AFP

Embora não seja bem um manifesto, A Brief History of Equality oferece um argumento bem fundamentado sobre por que devemos ser otimistas em relação ao progresso humano, que Piketty define como “o movimento em direção à igualdade”. Nos últimos duzentos anos, observa ele, a expectativa de vida aumentou de 26 para 72 anos. “Nos dias de hoje”, acrescenta, “a humanidade está com a saúde melhor do que nunca e também tem mais acesso à educação e à cultura do que jamais teve”. Piketty está ciente das disparidades no bem-estar dos indivíduos tanto nas sociedades industriais avançadas quanto entre o Norte e o Sul Global. Mas sua leitura da história do século 20 lhe permite pensar que essas desigualdades do século 21 podem ser reduzidas, em parte porque “a marcha para a igualdade em todas as suas formas” é irreprimível, em outra parte porque gerações passadas de reformadores abriram um caminho que ainda ilumina o rumo a seguir.

Piketty se concentra em particular na revolução governamental que as forças liberais e de esquerda impulsionaram entre 1910 e 1980 no Ocidente industrializado. Ao longo dessas décadas, escreve ele, as sociedades ocidentais construíram estados de bem-estar robustos, investiram pesadamente em educação e outros bens públicos e reduziram consideravelmente a desigualdade econômica – e, portanto, a lacuna nas chances de vida – entre ricos e pobres. Piketty chama essa transformação de “revolução antropológica”; para ele, representa um triunfo social-democrata. Os impostos foram o instrumento chave da revolução. Em um país depois do outro, as receitas totais de impostos explodiram, de menos de 10% da renda nacional em 1910 para algo entre 30 e 40% nas décadas de meados do século. Esses regimes tributários eram altamente progressivos e redistribucionistas, com os Estados Unidos (surpreendentemente) liderando a tendência, impondo uma alíquota máxima média de 81% sobre os mais ricos entre 1932 e 1980..

iketty apresenta em A Brief History of Equality um dos programas social-democratas mais compreensíveis e abrangentes disponíveis em qualquer lugar. Suas propostas incluem financiamento público de eleições, assembleias transnacionais para complementar as legislaturas nacionais, um imposto global

O triunfo da social-democracia no Ocidente do século 20 imbuiu Piketty com a confiança de que a humanidade pode fazer a transição para um novo estágio de igualdade. Pensador socialista engajado e lúcido, Piketty apresenta em A Brief History of Equality um dos programas social-democratas mais compreensíveis e abrangentes disponíveis em qualquer lugar. Suas propostas incluem financiamento público de eleições, assembleias transnacionais para complementar as legislaturas nacionais, um imposto global de 2% sobre todas as fortunas individuais que ultrapassem 10 milhões de euros (cerca de US$ 10,4 milhões), envolvimento dos trabalhadores na gestão das grandes empresas (para promover um “socialismo participatório”) e a revisão de tratados globais para garantir que a circulação internacional de capital facilite, em vez de dificultar, a busca de objetivos-chave, como reduzir os gases de efeito estufa e mitigar a desigualdade econômica entre o Norte e o Sul Global.

Piketty sabe que não será fácil implementar qualquer uma de suas propostas. Mas sua leitura da política no Ocidente do século 20 lhe dá motivos para ter esperança. Naquela época, argumenta ele, movimentos progressistas – mulheres exigindo o voto, trabalhadores lutando por direitos trabalhistas, partidos social-democratas competindo pela vitória nas urnas, minorias lutando por direitos civis – desencadearam uma vasta transformação política. Movimentos de protesto desse tipo, adequadamente ajustados às necessidades dos cidadãos do século 21, podem alcançar resultados semelhantes.

Bernie Sanders
O senador democrata Bernie Sanders, um dos líderes da ala mais progressista do partido, tem sido influente no governo Biden Foto: Chip Somodevilla/AFP

Para defender a eficácia da política progressista, no entanto, Piketty ignora uma visão um tanto sombria oferecida em seu O Capital no Século XXI. Nesse trabalho, Piketty argumentou que o triunfo social-democrata do século 20 não surgiu apenas do trabalho de movimentos progressistas. Igualmente importante – e talvez ainda mais – foi a força destrutiva de duas guerras mundiais. “Foi o caos da guerra”, escreveu Piketty, “que reduziu a desigualdade no século XX (...). Foi a guerra, e não a racionalidade democrática ou econômica, que apagou o passado e permitiu que a sociedade começasse de novo, do zero”.

A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais a que Piketty se refere mataram quase 100 milhões de pessoas, destruíram instalações de produção, despojaram as potências europeias de suas colônias geradoras de renda e em todos os lugares desestabilizaram tanto as fortunas quanto o pensamento das elites econômicas. A catástrofe da guerra, argumentou Piketty em seu trabalho de 2013, deu à social-democracia a chance de triunfar no Ocidente.

Daí a questão-chave para o livro de Piketty de 2022: será que se pode realizar no século 21 uma redução da desigualdade na mesma escala que ocorreu no Ocidente do século 20 sem outra grande guerra? Ou uma pandemia muito mais destrutiva do que esta que estamos vivendo? Ou uma catástrofe climática? Piketty certamente quer responder que sim. Ele traçou um plano inteligente, ponderado e motivado por convicções políticas admiráveis. Mas um plano desse tipo, como o próprio Piketty mostrou em O Capital no Século XXI, talvez não seja suficiente, mesmo quando apoiado por uma falange de movimentos progressistas. A destruição vasta e cruel da vida e da propriedade, Piketty escreveu certa vez, foi o prelúdio do triunfo social-democrata do século 20. Esperemos que o mundo não precise de morte e desespero semelhantes para criar uma era de reconstrução econômica e social do século 21.

- - -

Gary Gerstle é professor emérito de história americana na Universidade de Cambridge e autor, mais recentemente, de The Rise and Fall of the Neoliberal Order: America and the World in the Free Market Era. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

A Brief History of Equality

Thomas Piketty – traduzido por Steven Rendall

Belknap - 274 páginas - US $27.95