Terminou ontem sem acordo a terceira rodada de negociações entre representantes da Rússia e da Ucrânia. A delegação de Moscou anunciou a criação de cinco corredores humanitários para a retirada de civis das áreas de conflito, mais precisamente de Kiev, Kharkiv, Chernigov, Sumy e Mariupol. Porém, os ucranianos consideraram a proposta “imoral”, uma vez que os corredores levariam os civis para a Rússia e para Belarus, aliada de Moscou. “São cidadãos ucranianos, eles deveriam ter o direito de ir para território ucraniano”, disse, em nota, o governo de Kiev. Durante a noite, um novo ataque com foguetes a áreas residenciais em Sumy deixou pelo menos nove civis mortos, incluindo duas crianças, e fez a Ucrânia ceder e aceitar a proposta russa de um corredor para tirar os cidadãos e levá-los para a Rússia ou Belarus. (CNN)
Antes da reunião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apresentou uma lista de condições para encerrar a invasão. Primeiro, a Ucrânia seria desmilitarizada; segundo, incluiria em sua Constituição o princípio da neutralidade, o que a impediria de aderia à Otan ou a outros blocos, como a União Europeia. Por fim, Kiev teria de reconhecer a Crimeia, anexada por Moscou em 2014, como território russo e a independência das províncias rebeldes de Donetsk e Lugansk. “De resto, a Ucrânia é um Estado independente e vai viver como quiser, dentro das condições da neutralidade”, disse o porta-voz. (Reuters)
Kiev não respondeu às exigências russas. Em vez disso, o presidente Volodymyr Zelenski gravou um vídeo em seu gabinete para mostrar que não deixou a capital. “Não estou me escondendo, não tenho medo de ninguém. Ficarei o quanto for necessário para vencermos essa guerra”, disse. (BBC)
Segundo fontes do governo americano, a Rússia estaria recrutando combatentes sírios para lutar na Ucrânia, além de mandar novas tropas reforçarem os 127 batalhões que já estão no país invadido. (Washington Post)
Enquanto isso... O governo ucraniano anunciou ter matado em combate o major-general Vitaly Gerasimov, chefe de gabinete e primeiro vice-comandante do 41º Exército do Distrito Militar Central da Rússia. Na sexta-feira, outro major-general russo, Andrei Sukhovetsky, foi morto pelos ucranianos. (g1)
Para ler com calma. A cidade portuária de Odessa é ucraniana, mas tem laços fortes com a Rússia. Agora, seus habitantes se preparam, com armas e barricadas, para a aproximação de tropas em navios de guerra russos. “Os russos sempre visitaram Odessa e encontraram apenas calor humano e sinceridade. E agora? Bombas contra Odessa? Não é só um crime de guerra. É um crime histórico”, afirmou o presidente Zelenski. (Guardian)
Meio em vídeo. Um texto publicado no ano passado por Vladimir Putin revela o que ele realmente pensa da Ucrânia. Ele vê uma história mitificada que une os dois povos. Ele vê forças externas querendo enfraquecer esses povos os separando. É um discurso fascista no talo. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)