sábado, 28 de março de 2015

Renato Janine Ribeiro será o novo Ministro da Educação


Professor de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo, Ribeiro substituirá o ex-governador do Ceará Cid Gomes

Agência Brasilredação@brasileconomico.com.br
A Presidência da República anunciou nesta sexta-feira que o filósofo e professor Renato Janine Ribeiro será o novo ministro da Educação. Ribeiro ocupará a vaga deixada por Cid Gomes na semana passada, depois que o então ministro acusou deputados de seremachacadores e oportunistas.
O novo ministro da Educação é professor titular de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP) e especialista na obra do filósofo inglês Thomas Hobbes, sobre quem focou suas pesquisas de mestrado e doutorado. Sobre o filósofo, Ribeiro publicou os livros A Marca do Leviatã e Ao Leitor Sem Medo.
Ribeiro escreveu ainda ensaios sobre filosofia política focando a realidade brasileira. Ele venceu o Prêmio Jabuti em 2001 com a obra A Sociedade Contra o Social: O Alto Custo da Vida Pública no Brasil. O filósofo tem ainda publicações que tratam de democracia, da relação da universidade com a sociedade e sobre a forma de fazer política em geral. Ao todo Ribeiro tem 18 livros editados, além de ensaios e artigos em publicações científicas.
No serviço público, além de ter sido aprovado no concurso para professor da USP, Janine atuou como membro do Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (1993-1997), do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) (1997-1999), secretário da SBPC (1999-2001) e diretor de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (2004-2008). Além disso, foi membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados da USP e é membro do Conselho Superior de Estudos Avançados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), segundo informações do Palácio do Planalto.
Ribeiro fez mestrado na Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne, doutorado pela USP e pós-doutorado pela British Library. O novo ministro foi convidado hoje pela presidenta Dilma Rousseff para assumir o cargo e tomará posse no dia 6 de abril.

Mais da metade da população vive em 294 arranjos formados por contiguidade urbana e por deslocamentos para trabalho e estudo

Mais da metade da população vive em 294 arranjos formados por contiguidade urbana e por deslocamentos para trabalho e estudo

Mais da metade da população no Brasil (55,9%) residia, em 2010, em municípios que formavam os arranjos populacionais, ou seja, agrupamentos de dois ou mais municípios com forte integração populacional, devido aos movimentos pendulares para trabalho ou estudo, ou à contiguidade entre manchas urbanas. Isso representava 106,8 milhões de pessoas em 294 arranjos, formados por 938 municípios. Deslocavam-se, entre os municípios do próprio arranjo a que pertencem, 7,4 milhões de pessoas, por motivo de trabalho e/ou estudo. Levando-se em conta que 27 arranjos são fronteiriços, ou seja, formados também por unidades político-administrativas em outros países, o número de residentes totalizava 107,7 milhões.
É o que revela o estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, que mostra, ainda, o Sudeste com o maior número de arranjos (112), que englobam 72,0% da população da região (57,8 milhões) e o Norte com o menor número (17), envolvendo 23,5% da população local (3,7 milhões). Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Palmas (TO) são as únicas capitais estaduais que não formam arranjos populacionais. As cinco maiores concentrações urbanas eram “São Paulo/SP” (19,6 milhões de habitantes), “Rio de Janeiro/RJ” (11,9 milhões), “Belo Horizonte/MG” (4,7 milhões), “Recife/PE” (3,7 milhões) e “Porto Alegre/RS” (3,6 milhões).
As concentrações urbanas se caracterizam por forte deslocamento para trabalho e estudo entre seus municípios. Nas duas maiores, os deslocamentos envolvem mais de 1 milhão de pessoas. É o caso de “São Paulo/SP”, com 1.752.655 pessoas se deslocando entre seus municípios, e do “Rio de Janeiro/RJ”, com 1.073.831. Os maiores fluxos ocorrem entre os municípios de Guarulhos (SP) e São Paulo (SP), Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ), Duque de Caxias (RJ) e Rio de Janeiro (RJ) e entre Osasco (SP) e a capital paulista.
Apesar de separados por aproximadamente 430 quilômetros de distância, o eixo Rio de Janeiro – São Paulo apresenta um movimento de 13,4 mil pessoas entre seus arranjos, 57,7% delas se deslocando somente em função do trabalho e 40,5% somente devido ao estudo. Da mesma forma, a ligação entre os arranjos de “Goiânia/GO” e “Brasília/DF” promovia um fluxo de 8,8 mil pessoas.
Além de possibilitar um maior conhecimento da realidade urbana brasileira, o estudo fornece subsídios adicionais para a elaboração de políticas públicas, assim como, estimula a parceria entre os municípios envolvidos. É possível acessar a íntegra do estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil” no link abaixo:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/geografia_urbana/arranjos_populacionais/default.shtm.
Os arranjos populacionais seguem o padrão da urbanização brasileira, com algumas exceções naqueles de população muito baixa. Do ponto de vista regional, trata-se de uma distribuição espacial que acompanha as metrópoles e as capitais regionais.
O Sudeste e o Sul mostravam os maiores números de arranjos (112 e 85, respectivamente) enquanto o Nordeste aparecia na terceira posição (56), seguido da região Centro-Oeste (24). Na região Norte, onde os processos de urbanização e desmembramento são menos intensos, havia um menor número de arranjos (17) e uma menor participação da população vivendo em arranjos populacionais.
No Nordeste, os arranjos populacionais localizam-se marcadamente próximos ao litoral, ainda que ocorram também no interior, principalmente vinculados a centros regionais tradicionais, como Petrolina/PE -Juazeiro/BA, Juazeiro do Norte/CE, Campina Grande/PB e Caruaru/PE.
Na região Sudeste, verifica-se que, além das metrópoles, os arranjos populacionais acompanham os grandes centros urbanos. Destacam-se em Minas Gerais, Ipatinga/MG e Juiz de Fora/MG. No Estado do Rio de Janeiro, o Litoral Norte, com Campos dos Goytacazes/RJ e Macaé/RJ, além de Volta Redonda/RJ, no Vale do Paraíba. Em São Paulo, os arranjos seguem também os principais eixos econômicos articulados pelas rodovias Presidente Dutra (São José dos Campos/SP, Taubaté/SP), Anhanguera (Campinas/SP e Ribeirão Preto/SP), Imigrantes (Baixada Santista/SP), BR-456 (“Araraquara/SP” e “São José do Rio Preto/SP”) e SP-300 (Bauru/SP).
Na região Sul, cabe destacar o padrão catarinense do litoral norte, formado por arranjos próximos uns dos outros e com população entre 350 mil e 1 milhão de habitantes, encabeçados pelas cidades de Joinville, Blumenau, Itajaí e Florianópolis. Além destas, vão formar arranjos populacionais equivalentes às cidades de Criciúma (SC), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS), Maringá (PR), Londrina (PR) e Foz do Iguaçu (PR). Os maiores arranjos estão associados às metrópoles de Porto Alegre e Curitiba, ambos com populações próximas a 3 milhões de habitantes.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, os arranjos estão ligados principalmente aos grandes núcleos urbanos (Belém, Goiânia e Brasília).
63,6% dos arranjos populacionais têm até 100 mil habitantes
Dos arranjos populacionais, 187 (63,6%) têm até 100 mil habitantes e são considerados de baixa concentração de população. Eles reúnem 8,4 milhões de habitantes (no Brasil e no exterior) e 387 municípios brasileiros, o que corresponde a 7,8% e 41,3% dos totais registrados nos arranjos populacionais, respectivamente.
Existe uma forte presença desses pequenos arranjos no entorno de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e João Pessoa (especialmente na direção de Natal), e 75,9% deles são formados por apenas dois municípios.
Médias concentrações urbanas agrupavam 18,6% da população
As médias concentrações urbanas são municípios isolados e arranjos populacionais acima de 100 mil a 750 mil habitantes. Juntas totalizavam 35,5 milhões de residentes, o que equivalia a 18,6% da população brasileira. Assim como as grandes concentrações urbanas, possuem a urbanização como principal processo indutor da integração entre os municípios componentes, em particular com relação ao núcleo. Além disso, têm médio tamanho populacional e podem ter manchas de urbanização únicas que resultam da expansão de uma ou mais cidades.
Eram 77 municípios isolados, 81 arranjos populacionais (sendo um deles uma 1a integração de arranjo populacional, ou seja, uma integração entre arranjos), totalizando 368 municípios. Nesta faixa populacional, “São José do Rio Preto/SP” e a 1ª Integração de “Presidente Prudente/SP” eram os que possuíam mais municípios em suas composições, formados, cada um deles, por 12 municípios. Em seguida, vinham “Ipatinga/MG” e “Criciúma/SC”, com dez, e “Maringá/PR”, com nove municípios.
Dos 81 arranjos, 30 (37%) possuíam ao menos um município desmembrado após a Constituição Federal de 1988. “Criciúma/SC” é o que tinha mais municípios desmembrados, três (ou 30%). Dos arranjos com desmembramentos, 11 são formados por apenas dois municípios, ou seja, provavelmente o arranjo só existe devido ao desmembramento.
Em relação à contiguidade, 131 municípios participantes de arranjos (45%) tinham tal característica. Em “Itajaí - Balneário Camboriú/SC”, os sete municípios que o compõem formavam uma única mancha urbanizada. Neste mesmo contexto aparece “Jundiaí/SP”, com os seus seis municípios componentes formando uma única mancha urbanizada.
O maior fluxo de pessoas para trabalho e estudo foi entre Americana e Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo (32,5 mil pessoas), das quais 77,5% se davam em função do trabalho. Treze ligações entre municípios superaram a marca de 10 mil pessoas se deslocando, e o trabalho foi o maior motivador, com destaque para os fluxos entre Maringá e Paiçandu (PR). Algumas ligações apresentaram movimento para estudo superior a 30%: Balneário Camboriú e Itajaí (SC), com 33,3%, Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), com 31,7%, e Cabo Frio e São Pedro da Aldeia (RJ), com 30,3%.
Brasil possui 26 grandes concentrações urbanas
São consideradas grandes concentrações urbanas os arranjos populacionais acima de 750 mil habitantes e os municípios isolados (que não formam arranjos) de mesma faixa populacional. Para comparar áreas urbanas de portes semelhantes, o estudo dividiu esse grupo em três faixas distintas: acima de 750 mil a 1 milhão de habitantes; acima de 1 milhão a 2,5 milhões de habitantes; e maiores que 2,5 milhões de habitantes.

Na faixa acima de 750 mil a 1 milhão de habitantes, foram identificadas seis grandes concentrações urbanas, das quais cinco eram arranjos populacionais, com exceção de Campo Grande. Apenas “Sorocaba/SP” não é capital estadual. Havia uma heterogeneidade no número de municípios que compunha os arranjos desta faixa, pois há casos como o de “Cuiabá/MT”, que era formado por apenas dois municípios, enquanto ”Florianópolis/SC” possuía dez e “Aracaju/SE”, 12 municípios.
Os maiores fluxos de deslocamento para trabalho e estudo, internos aos arranjos, desta faixa populacional, apareciam em “Florianópolis/SC” (119,9 mil pessoas), sendo que 54,1 mil pessoas (45,2%) se movimentavam entre os municípios de Florianópolis e São José, e 20,4 mil (17,0%) entre a capital catarinense e Palhoça. O arranjo populacional de “Aracaju/SE” totalizava 93,7 mil pessoas se deslocando, das quais 49,0% (45,9 mil pessoas) o faziam entre os municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro e 29,3% (27,5 mil pessoas) entre Aracaju e São Cristóvão. Essas duas últimas ligações tinham os maiores índices de integração desta faixa populacional (0,58 e 0,70, respectivamente).
Onze concentrações urbanas têm entre 1 milhão e 2,5 milhões de habitantes
Foram identificadas 11 concentrações urbanas com população acima de 1 milhão a 2,5 milhões de habitantes, sendo quatro no Nordeste (“João Pessoa/PB”, “São Luís/MA”, “Natal/RN” e “Maceió/AL”), duas na região Norte (Manaus, no Amazonas, e “Belém/PA”), quatro no Sudeste (“Vitória/ES”, “Campinas/SP”, “Baixada Santista/SP” e 1a Integração de “São José dos Campos/SP”) e uma no Centro-Oeste (“Goiânia/GO”). Excetuando-se o estado de São Paulo, todas as concentrações urbanas desta faixa populacional tinham como núcleos capitais estaduais.
Ainda nesta faixa populacional, a concentração urbana formada pela maior quantidade de municípios era “Goiânia/GO” (12), seguida pela 1a integração do arranjo de “São José dos Campos/SP” (10) e “Maceió/AL” (9). Das 11 concentrações urbanas, nove tinham mais de 50% de seus municípios com contiguidade da mancha urbanizada, sendo que “Belém/PA”, “Baixada Santista/SP” e “São Luís/MA” formavam, cada qual, uma única mancha urbanizada que perpassava todos os municípios.
Os arranjos populacionais que possuíam os maiores volumes de pessoas, se deslocando entre municípios para trabalho e estudo, nesta faixa populacional, eram “Vitória/ES” (227,1 mil), “Goiânia/GO” (191,0 mil) e “Baixada Santista/SP” (161,2 mil). O maior fluxo entre os municípios foi registrado entre Aparecida de Goiânia e Goiânia (GO), com 122,9 mil pessoas, seguido de Ananindeua e Belém (PA), com 93,5 mil pessoas, e entre Santos e São Vicente (SP), com 64,4 mil pessoas.
O trabalho predominava como razão principal para tais deslocamentos, superando 77,0% dos fluxos.
Maiores ligações ocorrem entre Guarulhos e São Paulo
Dentre as nove concentrações urbanas de população superior à 2,5 milhões de habitantes, três escalas podem ser destacadas: aquela entre 3 milhões e 5 milhões de habitantes (“Belo Horizonte/MG”, “Recife/PE”, “Porto Alegre/RS”, “Salvador/BA”, “Brasília/DF”, “Fortaleza/CE” e “Curitiba/PR”), a do “Rio de Janeiro/RJ”, com 11.946.398, e a de “São Paulo/SP”, com 19.613.759, em 2010.
O arranjo populacional de “São Paulo/SP” concentrava 36 municípios, o maior número em todo o país, e era seguido pela 2a integração de “Porto Alegre/RS” (26) e por “Belo Horizonte/MG” (23). A contiguidade é um traço marcante, chegando a 31 dos 36 municípios em “São Paulo/SP”, processo intenso também na 2a integração de “Porto Alegre/RS”, com 19 municípios formando duas manchas de conurbação. O arranjo do “Rio de Janeiro/RJ” somava 18 municípios em uma única mancha urbanizada, o que equivalia a 85,7% de seus 21 municípios.
As duas maiores concentrações urbanas apareciam com mais de 1 milhão de pessoas se deslocando para trabalho e estudo. Em “São Paulo/SP”, as maiores ligações ocorriam entre os municípios de Guarulhos e São Paulo (146,3 mil) e entre Osasco e São Paulo (112,4 mil). No “Rio de Janeiro/RJ”, apareciam entre Niterói e São Gonçalo (120,3 mil), Duque de Caxias e Rio de Janeiro (119,0 mil) e entre Nova Iguaçu e Rio de Janeiro (109,6 mil). Ressalta-se, ainda, o número elevado de deslocamentos presentes na ligação entre a capital mineira e Contagem, com 119,6 mil, no arranjo “Belo Horizonte/MG”, e a da capital pernambucana com Jaboatão dos Guararapes, com 118,2 mil, no arranjo “Recife/PE”.
Os deslocamentos entre municípios por motivo de trabalho eram predominantes nos arranjos acima de 2,5 milhões de habitantes. Mais de ¾ dessas ligações superavam 70% dos deslocamentos para tais fins. Entretanto, algumas ligações possuíam valores superiores a 30% para estudo. No “Rio de Janeiro/RJ” tal característica é mais marcante, caso, por exemplo, das ligações entre Belford Roxo e Nova Iguaçu, em que 36,0% se deslocam apenas para estudo, 60,4% apenas para trabalho e 3,6% para trabalho e estudo.
Cerca de 2 milhões de pessoas vivem em 27 arranjos populacionais fronteiriços
Foram identificados 27 arranjos populacionais na fronteira internacional brasileira, somando aproximadamente 2,1 milhões de habitantes, 44,2% deles vivendo em países vizinhos. Destes, 16 se localizavam na região Sul, incluindo o de maior população, “Foz do Iguaçu/Brasil - Ciudad del Este/Paraguai”, com 674,7 mil habitantes (59% de estrangeiros).
O Rio Grande do Sul possuía 12 arranjos fronteiriços, que totalizam 607,5 mil pessoas (36,3% de estrangeiros). O arranjo de “Sant’Ana do Livramento/Brasil – Rivera/Uruguai” é o terceiro maior do país com 161,4 mil pessoas (48,9% de estrangeiros). As regiões Norte e Centro-Oeste possuíam 11 arranjos populacionais em conjunto, sendo cinco só no Mato Grosso do Sul.
Santa Catarina se destaca por seus arranjos populacionais litorâneos
Há também os arranjos populacionais litorâneos, voltados para atividades turísticas e de veraneio. Em geral, suas áreas urbanizadas são contíguas ou muito próximas, acompanhando a orla marítima. Em 2010, eram 49 municípios envolvidos, e apenas cinco não eram contíguos. Mas tal característica nem sempre é acompanhada por movimentos pendulares intensos para trabalho e estudo. Estes arranjos expandiram seus tecidos urbanos para atender à demanda de veraneio de grandes metrópoles próximas.
Destes, “Itajaí - Balneário Camboriú/SC” é o maior arranjo populacional, com 479 mil pessoas. Analisando-o conjuntamente com “Itapema/SC”, os dois arranjos atingem o número de 555,6 mil pessoas. Esse efetivo populacional é devido, em grande parte, à importante função portuária de Itajaí e à localização junto aos arranjos de “Blumenau/SC” e “Joinville/SC”. “Cabo Frio/RJ” e “Araruama/RJ” formam o segundo maior conjunto, com 464,2 mil pessoas.
Cidade-Região de São Paulo engloba 89 municípios, 11 arranjos e 27,4 milhões de habitantes
O arranjo populacional de "São Paulo/SP" articula-se mais intensamente aos arranjos de "Campinas/SP", "Jundiaí/SP", "Sorocaba/SP", "Baixada Santista/SP" e "São José dos Campos/SP", entre outros. Juntos, estes arranjos formam o que se qualifica como "aglomerações policêntricas ou multi-agrupadas", que cumprem múltiplas funções e potencializam a capacidade de produzir bens, prestar serviços, estabelecer parcerias e gerir recursos. Com isso, “São Paulo/SP” forma o que se chama de Cidade-Região, que engloba 89 municípios e 11 arranjos populacionais, somando 27,4 milhões de habitantes.
Eixo Rio – São Paulo tinha fluxo de 13,4 mil pessoas para trabalho e estudo em 2010
O estudo identificou alguns casos especiais de arranjos populacionais, que representam tendências ou aspectos relevantes da urbanização brasileira.
Um deles é o eixo Rio de Janeiro – São Paulo, que, apesar da grande distância entre os dois núcleos (aproximadamente 430 km), apresentava movimento de 13,4 mil pessoas em 2010. Destes, 57,7% são realizados somente por motivos de trabalho e 40,5% só devido ao estudo.
O arranjo de “Macaé – Rio das Ostras/RJ” também possui forte ligação com o do “Rio de Janeiro/RJ”, alcançando 12,8 mil pessoas, na qual 81,9% destinam-se somente a trabalho. No leste fluminense, as ligações entre o arranjo de “Macaé – Rio das Ostras/RJ” com “Cabo Frio/RJ” e com “Campos dos Goytacazes/RJ” também são significativas, superando 9 mil pessoas em cada ligação. Caso o dinamismo econômico nesta região venha a aumentar o movimento de pessoas entre estes arranjos, levará à criação de uma nova unidade urbana com mais de 1,2 milhão de habitantes.
A ligação entre “Goiânia/GO” e “Brasília/DF” possuía 8,8 mil pessoas se deslocando. Cabe ressaltar que, entre estes dois arranjos, situa-se o município de Anápolis (334,6 mil habitantes em 2010). Sua importância está no fato de que entre este município e “Goiânia/GO” existiam 6,0 mil pessoas se deslocando para trabalho e estudo em 2010, e entre ele e “Brasília/DF” 2,4 mil pessoas. Com isso, tal dinâmica poderá ser decisiva na formação de uma nova unidade urbana que unirá os arranjos de “Brasília/DF” e “Goiânia/GO”.

Comunicação Social
25 de março de 2015
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  • Monica O'Neill, Pesquisadora do IBGE, durante a coletiva dos Arranjos Populacionais
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  • Maurício Gonçalves, Pesquisador do IBGE, comenta os Arranjos Populacionais 
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Será que desejamos o impossível?, por Renato Janine Ribeiro, in Valor Econômico

O pensamento do novo Ministro da Educação, Renato Janine

O artigo abaixo foi escrito para o Valor Econômico, antes da crise que derrubou o Ministro Cid Gomes.

Por Renato Janine Ribeiro
Um principio básico da ciência e que, quando uma hipótese não explica os fenômenos, devemos procurar outra que de melhor conta deles. Este principio me ocorreu ha poucos dias. Afinal, quase todos os analistas, eu inclusive, temos criticado a presidente da Republica por seu estilo de pouca negociação. Ate ficamos espantados: como sobe a presidência alguém que ignora princípios tão elementares? Mas ai parei. Nunca e bom apostar na ignorância ou inépcia daquele a quem criticamos. Pode ser que Dilma Rousseff erre sim ao não negociar, ao não fazer politica. Só que...
Se isso não for obvio? Se nosso ponto de partida estiver errado?
Durante milênios, os homens acreditaram que os astros, inclusive o sol, giram em torno da Terra. Só que, desse jeito, alguns astros têm um movimento estranho, irregular, e ate mesmo retrogradam. Já com a astronomia moderna, heliocêntrica, os movimentos dos planetas - inclusive a Terra - em torno do Sol descrevem orbitas mais regulares. Essa, a lipao cientifica: se os resultados soam absurdos, devemos questionar a hipótese de que partimos. No caso, em vez de pensar que Dilma ignora o mais elementar da razão e da politica, indagar o que ela efetivamente pretende.
Da para governar bem e ser honesto no Brasil?
No seu primeiro ano de governo, Dilma demitiu todos os auxiliares acusados de corrupção. Foi aplaudida. Mas logo começaram a questiona-la: por que não fazia alianças? Porque não gostava dos políticos? ou, sei lá, da própria politica? Só que, num Pais em que tantos políticos importantes são suspeitos de corrupção, negociar com eles o que significa? Podemos ter decência no exercício do poder e, ao mesmo tempo, transito livre pelo mundo dos políticos?
Essa e a realidade atual, que precisa mudar, mas isso não será fácil. E se Dilma for representativa de nosso desejo difuso de uma politica competente e sem corrupção? Ela se irrita, sim, com quem esta a sua volta, o que politicamente e inábil, mas isso porque cobra eficiência. E isolou a família da politica. Nem ela nem os familiares despertam suspeitas de favorecimento pessoal. Pode ate governar mal, só que detestando a corrupção e a ineficiência. Mas basta detesta-las para supera-las?
A hipótese passa a ser: e se o "momentum" Dilma for exatamente a tragédia mais representativa daquilo que desejamos? Se o problema não estiver nela, mas em nos? Em nos, analistas da politica e cidadãos, que pretendemos o melhor de dois mundos: eficiência e honestidade.
Pode haver governabilidade, no Brasil de hoje, sem corrupção? Podemos ter governabilidade sem negociações e alianças, que vão ao limite de nossa irresponsabilidade?
Para não ficarmos num só partido, lembremos a rebelião do PCC em São Paulo em 2006, quando a quadrilha paralisou a cidade por alguns dias. A situação só foi resolvida quando 0 governo estadual - que e do PSDB - negociou com 0 PCC e cedeu. Meticulosamente, deletamos este passado (embora ainda presente) de nossa memoria.
E ouvi de Dráuzio Varella que desde o massacre do Carandiru em 1992, ocorrido no governo do PMDB, a policia não entra nos presídios do Estado. São geridos pelo crime. Isso e inadmissível. Mas assim baixa a violência nas cadeias e mesmo 0 crime fora delas.
Essa mistura de bem e mal, de resultados positivos e meios obscuros para consegui-los, merece atenção. Porque lavamos as mãos. Denunciamos a corrupção e queremos que as leis passem no Congresso. Mesmo na ditadura, isto e, num regime em que 0 Congresso pouco decidia, 0 assessor presidencial Heitor de Aquino dizia, quando ia negociar a aprovação de decretos-leis pelos parlamentares, que ia abrir o "barril de peixe podre". Imagina-se 0 odor. Fingimos que ele não existe, ou que nasceu ontem.
Uma vez, estive na antessala de uma pessoa com certo poder. Faltava agua no seu prédio. Ouvi a secretaria telefonar a alguém: "Não quero saber como, mas você terá que resolver 0 problema em duas horas". Pensei que era uma forma de exigir eficiência e presteza. Mas depois entendi que esse bordão serve para colocar 0 encarregado a margem da lei. Vire-se. Se violar a lei, viole. Mas eu lavo as mãos. "Não quero nem saber!"
E se Dilma tiver a mesma convicção que 0 povo brasileiro? Se também quiser 0 fim da corrupção e, ao mesmo tempo, um governo eficiente? Se sua aversão aos políticos for porque não ere na sua honestidade, nem competência? Neste caso, não a estaremos condenando, exatamente porque tem os mesmos propósitos da maioria da sociedade?
Esta e uma hipótese. Não justifica a presidente, no sentido de aprova-la e apoia-la. Ela deveria dialogar, se não com a categoria politica, certamente com a sociedade. Mas a hipótese talvez explique os fenômenos, isto e, a ação - e inação - de Dilma, melhor do que a suposição de que ela e inepta politicamente. E cabe perguntar se a psicanalise não ajuda a entender 0 ódio crescente a ela. Ódio ao outro e projeção de ódio a si mesmo (simplifico, claro). Talvez ela cause tanta rejeição porque nos mostra, as escancaras, um dilema que queremos esconder de nos. Queremos a honestidade sem pagar 0 prego por ela. Pensamos que a honestidade dos políticos, quando vier, vai nos cumular de bênçãos. O dinheiro que e roubado da sociedade vira a nos como as fontes de leite e mel da Terra Prometida. Esquecemos que chegar a isso da trabalho, e que também terão que acabar muitas condutas nossas, "informais" dizemos as vezes, imorais ou ilegais. Mas, sobretudo, esquecemos que reformar a politica não e só dos políticos. Demanda esforço de quem os elege, e esse esforço não se resume em raiva, menos ainda, insultos.
Renato Janine Ribeiro e professor titular de ética e filosofia politica na Universidade de São Paulo. Escreve as segundas-feiras