Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje, quinta-feira, 5 de junho, a organização ambientalista WWF-Brasil faz um alerta para a população brasileira sobre a questão da gestão adequada dos recursos naturais, com foco na crise de abastecimento de água vivida atualmente pela região metropolitana de São Paulo. Com a mensagem “É a gota d’água!”, a organização instalou uma gota de água inflável, com 10 metros de altura, na Avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon. O objetivo é transformar a crise em oportunidade para repensar o modo como os recursos hídricos são geridos, não só em São Paulo, mas em todas as grandes e médias cidades brasileiras.
Assista ao vídeo da ação:
“Soluções de curto prazo para problemas ambientais são geralmente desastrosas. A crise de água em São Paulo é a prova que a gestão dos recursos hídricos requer investimentos e planejamento de longo prazo. É um compromisso de todos: governos, empresas e sociedade civil”, afirma a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecilia Wey de Brito, citando que aos governos cabe implementar políticas e instrumentos, com orçamentos compatíveis; às empresas, seguir a legislação ambiental, buscar inovações para a redução do uso de água em processos produtivos e interagir com a comunidade. Já o cidadão deve economizar água em casa, participar dos comitês de bacias da sua região e fiscalizar e cobrar ações responsáveis dos setores público e privado.
Com a sua pior crise nos últimos 70 anos, o colapso de abastecimento de água no Sistema Cantareira se deve a uma série de fatores integrados, entre os quais a questão da seca e das mudanças climáticas é apenas um deles. A falta de investimentos em planejamento aliada a falta de governança do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e ao desrespeito à legislação ambiental, como a ocupação irregular e o desmatamento de áreas como nascentes e matas ciliares, são as principais razões do problema. Outro agravante é o aumento da demanda devido ao uso irracional do recurso e ao crescimento populacional. “Entre 2004 e 2013, o consumo de água nos 33 municípios abastecidos pela Sabesp aumentou em 26%, enquanto a produção cresceu apenas 9%. Ou seja, há um claro descompasso entre demanda e oferta de água”, afirma Maria Cecilia.
O WWF-Brasil também aponta o risco para a biodiversidade aquática com a decisão do Governo do Estado de São Paulo em utilizar o volume morto do Sistema Cantareira, com impacto direto na economia pesqueira e turística da região. “O volume morto é o último refúgio dos peixes e da fauna aquática, mas nessas condições a temperatura da água fica mais quente, diminui o oxigênio dissolvido e aumenta a mortandade de muitos peixes”, explica Maria Cecilia, estimando que até o momento foram perdidas 20 toneladas de peixes, principalmente cascudos e corimbatás que vivem no fundo do reservatório.
A utilização do volume morto também traz riscos à saúde humana e aumenta o custo de tratamento da água, já que a parte funda do reservatório acumula sedimentos, matéria orgânica e metais pesados que se decantam ali. “O governo irá gastar 40% a mais para desintoxicar e tratar a água do volume morto. Ainda assim, não há tecnologias disponíveis para a eliminação completa de metais pesados”, diz a secretária-geral.
Mas existe uma solução para o problema, e ela não está na construção de novos reservatórios, nem em obras de infraestrutura hídrica. Para o WWF-Brasil, a crise deve incentivar investimentos, no mínimo 0,5% do PIB por ano em planejamento e gestão de recursos hídricos no país, reforma dos sistemas de captação, tratamento e distribuição da água, que desperdiça uma média de 40% do recurso no país, são ações relativamente simples que podem trazer grandes benefícios.
Com a ação “É a Gota D’Água”, o WWF-Brasil espera que a crise seja transformada em oportunidade para repensar a gestão dos recursos hídricos. “A gestão não deve ser somente para atender a demanda, mas também para garantir a oferta”, finaliza Maria Cecilia, lembrando que o WWF-Brasil coloca em prática ações consistentes e replicáveis em favor da conservação e da boa gestão de ecossistemas aquáticos na Mata Atlântica, no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado, com iniciativas como o Programa HSBC pela Água, Projeto Bacias e Água Brasil.
Em conjunto com o banco HSBC, em parceria iniciada em 2002, o WWF-Brasil busca engajar governos, empresas, sociedade civil e comunidade para conservar 747 km de rios, restaurar 30 nascentes e 5 km de afluentes na bacia do Alto Paraguai. Já o Projeto Bacias, em parceria com a Ambev, objetiva promover a recuperação, a conservação e a gestão da bacia Corumbá-Paranoá, no Distrito Federal, uma das mais importantes do país. Junto com o Banco do Brasil, a Fundação Banco do Brasil e a Agência Nacional de Águas, o Programa Água Brasil desenvolve projetos de conservação de recursos hídricos em sete microbacias hidrográficas e em cinco cidades brasileiras, que poderão ser replicados em todo o país no futuro.
sábado, 7 de junho de 2014
Torço para dar certo - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 07/06
Por que ser contra a Copa agora, quando de nada mais adianta, pois os gastos já foram feitos, os ingressos vendidos e os times estão chegando?
Estamos a menos de uma semana — este é o último sábado — da 20ª Copa do Mundo, a segunda realizada no Brasil, mais de meio século após a primeira, em 1950. Tomara que daqui até o dia 12 prevaleça a vontade da maioria, não a desconfiança e o medo estimulados por ameaças da minoria, numa total inversão do princípio democrático. Estou com os 71% que disseram ao Ibope que vão torcer para que tudo dê certo (só 11% de espíritos de porco querem que o Mundial fracasse). Concordo que a Copa não é prioridade, que saúde e educação deveriam vir antes, que houve desperdício de recursos, atraso nas obras, inépcia e provável superfaturamento, entre outras críticas dos que se opõem. É tanta coisa dando errado, e ainda querem privar o povo de uma fonte de alegria. Além do mais, em que o cancelamento do evento esportivo nessa altura do campeonato ajudaria a resolver as mazelas do país? E por que não houve protestos quando o governo se empenhou tanto para sediá-la, nos sujeitando às imposições tirânicas da Fifa? Houve comemoração.
Em vez de palavras de ordem, gostaria de assistir a um amplo debate em que fossem contestadas as vantagens anunciadas pelo governo de que, por exemplo, os turistas vão gastar R$ 25 bilhões, de que o nosso PIB vai receber um reforço de R$ 30 bilhões, três vezes mais do que na Copa das Confederações, e de que, ao contrário do que se diz, a reforma dos estádios não está drenando recursos que deveriam ir para a educação. A presidente declarou que no início da administração Lula o orçamento dessa pasta era de R$ 18 bilhões e hoje é de R$ 112 bilhões. As despesas com os estádios vão ficar, segundo ela, em R$ 8 bilhões.
Por que ser contra a Copa agora, quando de nada mais adianta, pois os gastos já foram feitos, os ingressos vendidos e os times estão chegando? Não se trata evidentemente de proibir as manifestações, mas de impedir seus abusos e excessos, de dar um basta a uma rotina em que grupos organizados, sob qualquer pretexto e muitas vezes com violência, tumultuam as cidades, impedindo o trânsito, bloqueando ruas e cerceando a prerrogativa de ir e vir da população. Por isso, foi muito oportuno o manifesto recém-lançado por sociólogos, antropólogos, pesquisadores universitários, exigindo respeito aos direitos constitucionais que estão sendo “usurpados”.
Em suma, por que não seguir o exemplo dos servidores de Goiânia em greve? Eles aproveitaram a oportunidade do jogo amistoso lá e realizaram protesto pacífico contra o governador do estado, sem atrapalhar a alegria de milhares de torcedores que foram vibrar com a vitória do Brasil.
Por que ser contra a Copa agora, quando de nada mais adianta, pois os gastos já foram feitos, os ingressos vendidos e os times estão chegando?
Estamos a menos de uma semana — este é o último sábado — da 20ª Copa do Mundo, a segunda realizada no Brasil, mais de meio século após a primeira, em 1950. Tomara que daqui até o dia 12 prevaleça a vontade da maioria, não a desconfiança e o medo estimulados por ameaças da minoria, numa total inversão do princípio democrático. Estou com os 71% que disseram ao Ibope que vão torcer para que tudo dê certo (só 11% de espíritos de porco querem que o Mundial fracasse). Concordo que a Copa não é prioridade, que saúde e educação deveriam vir antes, que houve desperdício de recursos, atraso nas obras, inépcia e provável superfaturamento, entre outras críticas dos que se opõem. É tanta coisa dando errado, e ainda querem privar o povo de uma fonte de alegria. Além do mais, em que o cancelamento do evento esportivo nessa altura do campeonato ajudaria a resolver as mazelas do país? E por que não houve protestos quando o governo se empenhou tanto para sediá-la, nos sujeitando às imposições tirânicas da Fifa? Houve comemoração.
Em vez de palavras de ordem, gostaria de assistir a um amplo debate em que fossem contestadas as vantagens anunciadas pelo governo de que, por exemplo, os turistas vão gastar R$ 25 bilhões, de que o nosso PIB vai receber um reforço de R$ 30 bilhões, três vezes mais do que na Copa das Confederações, e de que, ao contrário do que se diz, a reforma dos estádios não está drenando recursos que deveriam ir para a educação. A presidente declarou que no início da administração Lula o orçamento dessa pasta era de R$ 18 bilhões e hoje é de R$ 112 bilhões. As despesas com os estádios vão ficar, segundo ela, em R$ 8 bilhões.
Por que ser contra a Copa agora, quando de nada mais adianta, pois os gastos já foram feitos, os ingressos vendidos e os times estão chegando? Não se trata evidentemente de proibir as manifestações, mas de impedir seus abusos e excessos, de dar um basta a uma rotina em que grupos organizados, sob qualquer pretexto e muitas vezes com violência, tumultuam as cidades, impedindo o trânsito, bloqueando ruas e cerceando a prerrogativa de ir e vir da população. Por isso, foi muito oportuno o manifesto recém-lançado por sociólogos, antropólogos, pesquisadores universitários, exigindo respeito aos direitos constitucionais que estão sendo “usurpados”.
Em suma, por que não seguir o exemplo dos servidores de Goiânia em greve? Eles aproveitaram a oportunidade do jogo amistoso lá e realizaram protesto pacífico contra o governador do estado, sem atrapalhar a alegria de milhares de torcedores que foram vibrar com a vitória do Brasil.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
USP matriculou 32,3% de alunos de escola pública em 2014
POR VICTOR VIEIRA O número de alunos de escola pública que entrou na Universidade de São Paulo (USP) neste ano saltou para 32,3%. Como o blog revelou, o índice foi maior do que no ano passado, quando 28,5% dos matriculados eram da rede pública. Do total de inscritos que vieram da rede pública, 30% se [...]
POR VICTOR VIEIRA
O número de alunos de escola pública que entrou na Universidade de São Paulo (USP) neste ano saltou para 32,3%. Como o blog revelou, o índice foi maior do que no ano passado, quando 28,5% dos matriculados eram da rede pública.
Do total de inscritos que vieram da rede pública, 30% se declararam pretos, pardos e indígenas.
Os dados foram apresentados hoje pelo pró-reitor de Graduação Antônio Carlos Hernandes. Entre algumas das carreiras mais concorridas, a quantidade de candidatos de escola pública também foi alta. Na Faculdade de Medicina da USP, 41,2% dos 250 ingressantes vieram de escola pública. Já na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 30,6% dos matriculados vieram da rede pública.
Em outras unidades, porém, a quantidade de alunos de escola pública foi abaixo da média. Na Escola Politécnica, 22,5% vieram de escola pública. Na Faculdade de Direito, o índice foi de 18,9%.
MUDANÇA
Para a próxima edição do vestibular, haverá mudanças no cálculo do bônus a alunos. Antes o calculo da bonificação era feito de forma escalonada, a partir do número de questões acertadas por cada candidato. Nesse formato, a média geral de bônus dados era de 9%.
Agora os candidatos de escola pública e pretos, pardos e indígenas só precisarão acertar o patamar mínimo de 30% da prova. Os bônus variam entre 12% e 25% sobre o desempenho no vestibular.
A expectativa da Pró-Reitoria de Graduação é aumentar entre 4% e 6% a proporção de alunos de escola pública já no próximo ano. Pelo Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior de São Paulo (Pimesp), plano proposto pelo governo estadual aos reitores das universidades estaduais, em 2014 já deveria haver 35% de alunos de escolas públicas nessas instituições. Para 2015, a expectativa era de 43% e, no ano seguinte, 50%. Ao adotar o sistema de bônus, a USP não estabeleceu metas.
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