Em vários países do mundo, há relatos de que os insetos estão sumindo por diversas causas ainda não claras
29 de março de 2014 | 17h 30
Giovana Girardi - Enviada especial/O Estado de S. Paulo
YOKOHAMA (JAPÃO) - A situação das plantas e de culturas agrícolas pode ser ainda mais prejudicada pelo impacto que a mudança do clima pode causar a abelhas, borboletas e outros insetos polinizadores. A versão preliminar do relatório aponta que "depois de mudanças do uso da terra, as mudanças climáticas são consideradas o segundo fator mais relevante responsável pelo declínio dos polinizadores".
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Painel alerta para migração de espécies
ARMANDO CATUNDA/ESTADÃO
Abelhas ‘prestam serviço’ com polinização
Em vários países do mundo, há relatos de que as abelhas estão desaparecendo por diversas causas ainda não muito claras. Elas estão em situação de estresse pela perda de habitat, de biodiversidade, além de doenças e uso de pesticidas. Todas essas condições, afirmam os cientistas, podem ser amplificadas pela alteração do clima.
Um dos trabalhos destacados no relatório do IPCC afirma que o declínio generalizado da Apis melifera, a principal produtora de mel, "é uma clara indicação da crescente suscetibilidade ao fenômeno de mudança global, com a aplicação de pesticidas, doenças e estresse".
Evento promovido pela Fapesp em São Paulo há dez dias mostrou que o maior serviço prestado pelas abelhas é para a produção agrícola. "O mel é, na verdade, um subproduto pequeno quando comparado ao valor do serviço de polinização prestado pelas abelhas, que corresponde a quase 10% do valor da produção agrícola mundial", disse a ecóloga Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, da USP.
Esse cálculo leva em conta estimativas do ano de 2007, quando o valor global do mel exportado foi de US$ 1,5 bilhão. Por outro lado, o valor dos serviços ecossistêmicos de polinização foi estimado em US$ 212 bilhões. Os dados estão reunidos no livro Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais.
Painel alerta para migração de espécies
Problema deve aparecer no relatório sobre impactos, vulnerabilidades e adaptação, que será divulgado na noite deste domingo, 30, no Japão
29 de março de 2014 | 17h 23
Giovana Girardi - Enviada especial/O Estado de S. Paulo
YOKOHAMA (JAPÃO) - Mortalidade maior de árvores, migração de espécies, extinção. Esses são alguns dos piores prognósticos para o que vai acontecer com a biodiversidade do planeta diante do aumento da temperatura e das mudanças do clima.
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EDUARDO NICOLAU/ESTADÃO-12/10/2005
Seca de 2005 no Rio Amazonas
O alerta deve aparecer no relatório sobre impactos, vulnerabilidades e adaptação, que será divulgado na noite deste domingo, 30, pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em Yokohama, no Japão. De acordo com uma versão preliminar do documento, que vazou na internet, "uma grande fração de espécies, tanto terrestres quanto de água doce, enfrenta um aumento do risco de extinção diante das mudanças climáticas projetadas ao longo do século 21 e depois". Isso é dito, no jargão do IPCC, com alto grau de confiança.
Para o painel, a ameaça é ainda maior quando combinada com outras pressões, como modificação do habitat, superexploração, poluição e a presença de espécies invasoras. Já com as alterações sentidas hoje, apontam os cientistas, muitas espécies têm alterado a área de abrangência - plantas e animais estão migrando para localidades com clima mais favorável.
Em outros casos, há uma modificação na abundância das espécies - como no caso das abelhas (clique aqui para ler) - e em suas atividades sazonais. Isso está acontecendo em muitas regiões e vai continuar com o futuro de alteração do clima, dizem. "Mas muitas espécies serão incapazes de rastrear climas mais adequados, nos cenários de média ou mais alta mudança climática." Eles se referem a trabalhos científicos, baseados em observações e em modelagens, que mostram que existe uma velocidade máxima com a qual as espécies conseguem se mover pelas paisagens em relação à projeção da velocidade com que as temperaturas e outras alterações devem avançar por essas mesmas paisagens. Principalmente árvores, mas também muitos anfíbios e alguns pequenos mamíferos