Separadas por 15 km, Jaguari e Atibainha esvaziam e enchem juntas, o que põe em xeque proposta de Alckmin de transposição
29 de março de 2014 | 18h 00
Fabio Leite e Ricardo Brandt - O estado de S. Paulo
Apontada como um trunfo no projeto de transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, a proximidade entre as Represas Jaguari, em Igaratá, e Atibainha, em Nazaré Paulista, põe em xeque proposta feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). A ideia é aumentar a capacidade do principal manancial paulista sem comprometer o reservatório que abastece também o Estado do Rio.
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Sérgio Castro/Estadão
Represa Jaguari. Obra de interligação custará R$ 504 mi
O governador sugeriu à Agência Nacional de Águas (ANA) que a reversão de água entre os dois reservatórios só seja liberada quando o nível das represas estiverem abaixo de 35% ou acima de 75% da capacidade. O objetivo, segundo Alckmin, é "garantir segurança hídrica" aos dois sistemas para evitar crises de estiagem como a atual e de cheia como a que ocorreu no Cantareira entre 2010 e 2011, com abertura de comportas.
Especialistas ouvidos pelo Estado apontam, contudo, que, por ficarem a apenas 15 quilômetros de distância, as Represas Jaguari e Atibainha estão sob regime climático similar. Por isso, apresentam um "padrão hídrico" muito semelhante. Ou seja, costumam secar ou encher na mesma época do ano.
"A série histórica mostra que os dois reservatórios têm o mesmo comportamento hídrico. Quando um está cheio, o outro também está. Quando um seca, o outro também seca. Por isso, é difícil imaginar que será possível transferir água de uma represa para outra nessas condições", disse o presidente do Comitê da Bacia do Alto Tietê, Chico Brito, prefeito de Embu das Artes pelo PT.
Segundo o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Javier Tomasella, as semelhanças climáticas fazem com que a chance de os dois reservatórios terem o mesmo comportamento hídrico seja de 99%.
"Nada impede que uma região tenha chuvas mais intensas do que a outra. Mas, como a distância entre as barragens é pequena, a tendência é ter padrões de precipitação muito similares. Aparentemente, se tiver uma estiagem severa de um lado, também haverá do outro", afirmou Tomasella.
Registros. O Estado levantou os eventos mais críticos registrados no Sistema Cantareira na última década e confrontou com a situação da Represa Jaguari na mesma época. Em 2004, por exemplo, ano da última grande seca do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas, o Cantareira estava com 23,4% da capacidade em 8 de janeiro. A represa localizada em Igaratá batia a marca de 27,5% no mesmo dia, segundo medições da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
Seis anos depois, o Cantareira chegou a transbordar durante o verão de 2010. No dia 8 de janeiro daquele ano, o nível atingiu 97,4% da capacidade. Na mesma data, o Jaguari estava ainda mais cheio, com 105,2%. E hoje, na pior crise de estiagem do Cantareira, que chegou a 13,8% anteontem, a represa de Igaratá também tem nível crítico (38,9%) para um período pós-verão.
Em nenhum desses casos, a transposição com as regras propostas por Alckmin poderia ser feita entre os dois reservatórios. O governador disse que antecipou a obra, que estava prevista apenas para 2025, porque ela é mais rápida. Ao custo de cerca de R$ 504 milhões, ela está estimada para o segundo semestre de 2015. Pelo canal, será possível remanejar, em média, 5,1 mil litros por segundo.
Obra garante gerência de recurso, diz Sabesp
29 de março de 2014 | 18h 00
Fabio Leite e Ricardo Brandt - O Estado de S. Paulo
A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informou, em nota, que o fato de os regimes climáticos nas Represas Jaguari e Atibainha serem similares "não torna o projeto de interligação ineficiente".
"Muito pelo contrário. O fato de haver interligação é que permitirá um maior armazenamento e gerência dos recursos, seja em situação de escassez, seja em situação de excesso de oferta", afirmou a empresa.
Segundo a Sabesp, se considerada a série histórica de 2003 a 2013, "em um total de 121 meses, apenas em 13 meses o nível do Cantareira esteve abaixo de 35%". Por outro lado, afirma a companhia, "em 39 meses, o índice esteve acima de 70%, em especial nos anos de 2010 e 2011, com várias situações em que as comportas precisaram ser abertas para segurança do sistema".
A Sabesp informou ainda que "este modelo de sistema é mundialmente conhecido por ser moderno e eficiente" e que, no caso de 2010, "a interligação dos reservatórios permitiria que esta água excedente fosse armazenada em Jaguari".
A empresa reiterou que o projeto apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) "não se trata de transposição, e sim, interligação, uma vez que ocorrerá uma rede de mão dupla que permitirá o balanceamento e harmonização hídrica entre as duas represas".
Quando o projeto foi apresentado, há duas semanas, o diretor de Tecnologia da Sabesp, João Paulo Tavares Papa, disse que a obra era uma "transposição entre bacias, mas não no sentido clássico". No Plano Diretor de Recursos Hídricos, encomendado pelo próprio governo, o projeto também é classificado como transposição.
Fabio Leite e Ricardo Brandt - O Estado de S. Paulo
A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informou, em nota, que o fato de os regimes climáticos nas Represas Jaguari e Atibainha serem similares "não torna o projeto de interligação ineficiente".
"Muito pelo contrário. O fato de haver interligação é que permitirá um maior armazenamento e gerência dos recursos, seja em situação de escassez, seja em situação de excesso de oferta", afirmou a empresa.
Segundo a Sabesp, se considerada a série histórica de 2003 a 2013, "em um total de 121 meses, apenas em 13 meses o nível do Cantareira esteve abaixo de 35%". Por outro lado, afirma a companhia, "em 39 meses, o índice esteve acima de 70%, em especial nos anos de 2010 e 2011, com várias situações em que as comportas precisaram ser abertas para segurança do sistema".
A Sabesp informou ainda que "este modelo de sistema é mundialmente conhecido por ser moderno e eficiente" e que, no caso de 2010, "a interligação dos reservatórios permitiria que esta água excedente fosse armazenada em Jaguari".
A empresa reiterou que o projeto apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) "não se trata de transposição, e sim, interligação, uma vez que ocorrerá uma rede de mão dupla que permitirá o balanceamento e harmonização hídrica entre as duas represas".
Quando o projeto foi apresentado, há duas semanas, o diretor de Tecnologia da Sabesp, João Paulo Tavares Papa, disse que a obra era uma "transposição entre bacias, mas não no sentido clássico". No Plano Diretor de Recursos Hídricos, encomendado pelo próprio governo, o projeto também é classificado como transposição.
ampinas estuda fazer reservatório regional
Cidade quer diminuir dependência do Sistema Cantareira; estudo deve ser elaborado no primeiro semestre deste ano
29 de março de 2014 | 18h 00
Maria do Carmo Pagani, especial para O Estado de S. Paulo
Para reduzir a dependência do Sistema Cantareira, que tem operado em níveis a cada dia mais críticos, Campinas estuda a construção de um reservatório regional de água. Na proposta, cidades como Valinhos, Vinhedo, Itatiba e Jundiaí poderiam integrar o projeto, que deve ser elaborado ainda neste semestre.
A informação foi divulgada por autoridades do município anteontem, quando a vazão do Rio Atibaia, que abastece 95% do município, registrou o menor índice do mês de março - 5,93 m³/s -, demonstrando que o cenário do mês de fevereiro, quando a cidade esteve muito próxima do racionamento, pode voltar a ocorrer.
Para fazer o estudo, três empresas serão consultadas. Se o projeto for viável, a obra será de médio prazo, diz o prefeito de Campinas, Jonas Donizette.
Há três possibilidades previstas para o projeto do reservatório. Uma delas é a construção de um sistema adutor que leve para Campinas a água do reservatório de Pedreira - que ainda será construído pelo governo do Estado -, a partir do represamento do Rio Jaguari.
Outra opção seria o represamento da água, em época de seca, do Rio Atibaia, próximo à Estação de Captação na Rodovia D. Pedro I. Segundo Donizette, isso garantiria fornecimento de água por seis meses.
A terceira opção é a construção de reservatório ao lado das estações de tratamento do distrito de Sousas, em Campinas.
29 de março de 2014 | 18h 00
Maria do Carmo Pagani, especial para O Estado de S. Paulo
Para reduzir a dependência do Sistema Cantareira, que tem operado em níveis a cada dia mais críticos, Campinas estuda a construção de um reservatório regional de água. Na proposta, cidades como Valinhos, Vinhedo, Itatiba e Jundiaí poderiam integrar o projeto, que deve ser elaborado ainda neste semestre.
A informação foi divulgada por autoridades do município anteontem, quando a vazão do Rio Atibaia, que abastece 95% do município, registrou o menor índice do mês de março - 5,93 m³/s -, demonstrando que o cenário do mês de fevereiro, quando a cidade esteve muito próxima do racionamento, pode voltar a ocorrer.
Para fazer o estudo, três empresas serão consultadas. Se o projeto for viável, a obra será de médio prazo, diz o prefeito de Campinas, Jonas Donizette.
Há três possibilidades previstas para o projeto do reservatório. Uma delas é a construção de um sistema adutor que leve para Campinas a água do reservatório de Pedreira - que ainda será construído pelo governo do Estado -, a partir do represamento do Rio Jaguari.
Outra opção seria o represamento da água, em época de seca, do Rio Atibaia, próximo à Estação de Captação na Rodovia D. Pedro I. Segundo Donizette, isso garantiria fornecimento de água por seis meses.
A terceira opção é a construção de reservatório ao lado das estações de tratamento do distrito de Sousas, em Campinas.
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