quarta-feira, 20 de julho de 2011

Urge bom senso nas negociações salariais


17 de julho de 2011 | 0h 00
Sérgio Amad Costa - O Estado de S.Paulo
Boa oferta de emprego, inflação ameaçando o País e desaceleração da economia compõem o cenário para este segundo semestre. Exageros são esperados nas reivindicações salariais. Cerca de 7 milhões de trabalhadores serão representados por seus sindicatos nas campanhas para as convenções ou acordos coletivos de trabalho. Categorias muito bem organizadas têm data-base nesse período: petroleiros, bancários, metalúrgicos, químicos, entre outras.
Trata-se de cenário que faz crer na possível ocorrência de uma onda de movimentos paredistas, em busca de maiores salários. Centrais sindicais já acenam para tal possibilidade. Alguns dirigentes de sindicatos estão procurando inflamar o movimento com declarações equivocadas. Uma delas é a de que há um sentimento dos trabalhadores de que o Brasil cresceu e eles não receberam nada em troca. Assim, existe uma predisposição para uma campanha salarial mais exigente.
Equivocam-se esses dirigentes, pois o País cresceu economicamente e houve, sim, um retorno salarial para os trabalhadores em geral. Podemos citar, como exemplo, o que ocorreu em 2010. Segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), no ano passado, 93% dos pisos salariais, definidos em 660 convenções coletivas ou acordos coletivos de trabalho, tiveram aumento acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Alguns pisos chegaram a ter 8% de aumento real, fora o reajuste da inflação.
Também tiveram ganhos reais, em 2010, os trabalhadores de faixas salariais mais elevadas. Ou seja, 87% das 700 negociações coletivas acompanhadas pelo Dieese obtiveram aumento real de salários, isto é, acima da inflação. Cumpre ressaltar que foi a maior porcentagem de acordos com aumento real observada em toda a série iniciada em 1996.
Outra declaração equivocada de vários dirigentes sindicais e que provoca um ambiente desfavorável para o diálogo nas negociações é que "salário não gera inflação e ponto final". Ora, dependendo de como é concedido o aumento salarial, em função do contexto em que ele ocorre, pode, sim, gerar inflação.
Os acréscimos reais de salários, para não contribuírem para um processo inflacionário, devem ser acompanhados por ganhos de produtividade e sintonizados ao contexto do mercado interno e externo, variando de setor a setor da economia. Os salários sendo elevados e a produtividade permanecendo a mesma, obviamente alguém terá de pagar por esse desequilíbrio. Esse alguém é o consumidor. E, vale lembrar, quem recebeu esse aumento salarial, desacompanhado de crescimento da produtividade, é também um consumidor. No final, ninguém ganhou, todos perderam.
Finalmente, para as próximas negociações salariais, não podemos esquecer de outro componente que está ameaçando, e muito, o equilíbrio inflacionário no País: trata-se da indexação que foi feita no salário mínimo, mediante a Lei n.º 12.382, de 25 de fevereiro de 2011. O reajuste no início de 2012 levará em conta a variação do INPC acumulada nos 12 meses anteriores ao mês do reajuste. Também será utilizado, para o cálculo, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2010, que foi de 7,5%. Portanto, o aumento será de cerca de 14%.
O problema não está no valor do reajuste do mínimo, mas, sim, na forma na qual se concede tal aumento. Essa é uma modalidade baseada nos nossos antigos gatilhos salariais e que, com certeza, afetará diretamente os preços dos produtos e dos serviços. Será que algum dirigente sindical, em sã consciência, duvida de que os reajustes nos preços acontecerão também automaticamente?
Assim, faz-se necessário que tanto os sindicatos quanto as empresas tenham muito bom senso nessas próximas negociações salariais, levando em conta o cenário atual da economia, que está sob a ameaça real da volta da inflação. Caso contrário, correremos o risco de perder essa estabilidade econômica, que com tanto esforço conquistamos nesses últimos 16 anos.
PROFESSOR DE RECURSOS HUMANOS E RELAÇÕES TRABALHISTA DAS FGV-SP 

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O Brasil em melhor posição no mercado de petróleo


17 de julho de 2011 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo
O Brasil deverá produzir, no ano que vem, 2,4 milhões de barris de petróleo por dia, segundo o Oil Market Report, da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), distribuído quarta-feira. Haverá um acréscimo de 175 mil barris/dia, em relação a este ano, e o País será o maior responsável pelo aumento da oferta de petróleo na América Latina, estimado em 270 mil barris/dia.
O acréscimo da produção virá, em especial, das novas áreas de desenvolvimento em águas profundas, "incluindo volumes da camada pré-sal". Os gráficos publicados pela IEA indicam já neste semestre um aumento da extração de petróleo brasileiro.
Em 2012, será maior o peso dos países que não são membros da Opep (o cartel dos exportadores) e que deverão aumentar a produção em 0,9 milhão de barris/dia, contribuindo para o equilíbrio do mercado global. Em destaque estão o Brasil e também o Canadá, a Austrália, a Colômbia, a China e o Iêmen.
A produção mundial de petróleo atingiu 88,3 milhões de barris por dia, no mês passado, com crescimento de 1,2 milhão em relação a maio, enquanto a demanda média deste ano é calculada pela IEA em 89,5 milhões de barris. Não há surpresa, portanto, na manutenção de cotações elevadas da commodity, próximas de US$ 95 para o barril do tipo WTI e de US$ 116 para o do tipo Brent, apesar das flutuações conjunturais.
Na quinta-feira, o presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou que não haverá medidas adicionais de estímulo à economia - que costumam encorajar a alta dos preços das commodities. (Mas, anteontem, as cotações do WTI e do Brent voltavam a subir, respectivamente, para US$ 97,24 e US$ 117,26 o barril, no mercado futuro de agosto.) Há um ano, os preços dos dois tipos oscilavam entre US$ 70 e US$ 80.
O aumento da produção de óleo bruto, combinado com preços elevados, tende a favorecer o Brasil, em 2012, sobretudo se houver mais equilíbrio entre oferta e demanda de álcool, evitando que continue a tendência de troca do álcool pela gasolina.
O Brasil, alertam os técnicos da IEA, enfrenta problemas com o aumento dos custos e com dúvidas acerca da capacidade da indústria de suprimentos e de serviços de "atender ao cronograma de um ambicioso projeto com conteúdo local obrigatório". O relatório também registra que a Petrobrás, recentemente, adiou de novo a publicação do plano de negócios 2011-2015, "supostamente por disputas sobre os custos" e pelos temores do governo quanto a "preços mais elevados para a gasolina e inflação". 


terça-feira, 19 de julho de 2011

A diferença entre poupar e dever R$ 100



19 de julho de 2011 | 10h09
Yolanda Fordelone
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Fonte: André Lessa/ AE
Já se completaram 17 anos desde o início do Plano Real, mas você sabe qual a diferença entre estar investindo ou devendo durante todo este período? O assessor de investimentos da corretora XP Investimentos, Bernardo Marotta, fez uma comparação simples: um correntista que depositou R$ 100 na poupança em qualquer banco, no dia 1º de julho de 1994 (data de lançamento do Real) e um inadimplente que estava devendo os mesmos R$ 100 no cheque especial desde esta data.
O correntista teria hoje a quantia de R$ 374. Achou pouco? Bom, mas é melhor do que estar devendo. Quem estava no cheque especial hoje teria uma dívida de R$139.259.
“Ou seja, com R$ 100 do cheque especial, ele ficaria devendo nove carros populares, e com o da poupança conseguiria comprar apenas um pneu”, diz o assessor.
Segundo ele, as duas maiores bandeiras de cartão de crédito – Visa e Mastercard -atualmente tem juros de 10,40 % ao mês e 11,40 % ao mês, respectivamente.
Em contrapartida a tradicional caderneta remunera o investidor em 0,5% mais variação da Taxa Referencial (TR), o que significa aproximadamente 0,60 % ao mês.