segunda-feira, 20 de junho de 2011

combustível que dá em árvore


Pesquisadores da USP descobrem que casca de eucalipto pode gerar etanol

POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
Rio - ‘Antes de imprimir, pense no Meio Ambiente’. A frase já virou até clichê na assinatura de e-mails, mas demonstra a preocupação de muita gente com o fato de que, por mais que a indústria invista no reflorestamento, papel utilizado significa a derrubada de árvores. Cientistas da USP encontraram uma maneira de minimizar as perdas ambientais desse processo, transformando as cascas de eucaliptos em combustível.

Uma pesquisa feita na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, mostrou que é possível transformar uma tonelada de cascas em 200 quilos de açúcares que, após processos químicos, podem gerar cerca de 100 litros de etanol.
 
O rendimento do processo de produção do etanol a partir dos resíduos de eucaliptos, por hectare, equivale aproximadamente a metade do de álcool de cana-de-açúcar. Ainda assim, a descoberta é considerada uma vitória, por oferecer nova alternativa ao álcool tradicional e evitar mais desperdícios na produção de papel.

As experiências, que fazem parte da tese de doutorado de Juliano Bragatto, orientada pelo professor Carlos Alberto Labate, da Esalq, ainda não terminaram. Os pesquisadores estão testando um maior número de variedades de eucalipto, para verificar com exatidão a composição química das cascas e a quantidade de açúcar disponível. “A ideia do estudo foi achar uma maneira de aproveitar matéria-prima que poderia virar gás carbônico na atmosfera”, afirma Labate.

O trabalho dos pesquisadores da USP teve o apoio de uma indústria de papel e celulose, que forneceu os resíduos de eucalipto. No Brasil, existem mais de 4,5 milhões de hectares deste tipo de árvore. Cada 30 milhões de toneladas de madeira geram sete milhões de toneladas de casca de eucaliptos, o que mostra que há muito potencial para o novo combustível. Resíduos da casca recém-extraída geram combustível de ainda melhor qualidade. 

Apesar de ser considerado um líder no mundo quando o assunto é a produção de etanol, o Brasil teve que importar mais de 150 milhões de litros do álcool dos EUA, que é feito de milho. Um dos motivos foi a alta nas vendas de carros flex. 

Mesma tecnologia para bioplásticos

Já se sabe também que a mesma tecnologia ajudará a aproveitar as cascas de outras maneiras, além da produção de combustível: o açúcar que vira matéria-prima do novo etanol também poderá ser aproveitado na produção de bioplásticos, por exemplo. Segundo a USP, as conclusões do estudo deverão ser publicadas em um artigo científico, em veículo internacional ainda a ser definido.

Ribeirão Preto investe em sustentabilidade

Sábado, 18 de Junho de 2011 - 21h25

Ribeirão Preto investe em sustentabilidade

Ecopontos para resíduos, lotes para quem respeita normas ambientais e futuro parque tecnológico são alguns exemplos

Luciene Garcia
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Com pouco mais de 600 mil habitantes, Ribeirão Preto se prepara para conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Para isso, conta com a colaboração de empresas e da população. O desafio é integrar práticas que não agridam o meio ambiente e o social.
Uma das iniciativas prevê a instalação de nove ecopontos de coleta de resíduos da construção civil na cidade. O projeto ainda está em fase de desenvolvimento pela prefeitura, mas o primeiro deles, que servirá de modelo para os outros oito ecopontos, deve ser instalado no segundo semestre.
Segundo o secretário da Casa Civil da prefeitura, Layr Luchesi Junior, a iniciativa tem o apoio de setores ligados à construção civil e o debate será ampliado. "O projeto depende de investimentos  e as discussões avançam com o apoio dos segmentos", informa.
A terceira etapa do Distrito Empresarial de Ribeirão Preto, segundo Luchesi, também terá rigor na instalação de empresas no local. No segundo semestre deste ano, 116 lotes deverão ser colocados à venda para empresas, desde que elas respeitem as normas ambientais vigentes.
Nesta fase são 605 mil metros quadrados com leilão público. A oferta mínima é de R$ 110 o metro quadrado. A área, que fica na zona Norte, tem quase 1,5 milhão de metros quadrados e duas etapas já foram comercializadas.
Atualmente, 22 empresas estão em funcionamento e outras 26 constroem os seus galpões. As restrições ambientais são para empresas que poluem o ar ou que afetem as águas do Rio Pardo.
Sacolinhas
Ribeirão Preto assinou um acordo com a associação que representa os supermercados em São Paulo para banir o uso das sacolas plásticas dos estabelecimentos comerciais.
A entidade representa 200 estabelecimentos do setor e estabelece a proibição a partir de 1º de janeiro de 2012. Os supermercados terão que disponibilizar sacolas recicláveis para a venda ou comercializar a R$ 0,19 a unidade. O projeto ainda depende de aprovação da Câmara dos Vereadores para virar lei.
Por ano, os consumidores de Ribeirão Preto descartam perto de 40 milhões de sacolas. A meta é reduzir em 5% o descarte anual.

O melhor jeito de aumentar os salários

01/06/2011 - 14:43 - ATUALIZADO EM 03/06/2011 - 12:49

PAULO RABELLO DE CASTRO
Época
PAULO RABELLO DE CASTRO,autor de livros sobre economia brasileira e mundial, é consultor e classificador de riscos de crédito. Coordena o Movimento Brasil Eficiente e escreve quinzenalmente em ÉPOCA. 
paulo@rccconsultores.com.br
Lançada como balão de ensaio pelo governo Dilma, a redução dos custos sobrepostos à folha de pagamentos das empresas pode empacar. Isso frustraria a ampla expectativa já criada, pois o Brasil precisa avançar urgentemente na desoneração do trabalho assalariado. Mesmo que não ganhe demais, o empregado custa caro para quem o emprega. O adicional de 20% incidente sobre a folha de pagamentos, até o limite de dez mínimos por trabalhador ao mês, é só o principal gravame. Há muitos outros.
É imperioso afastar esse custo das costas do trabalhador, pois é ele quem o carrega, em última análise. Os encargos são cobrados do dono da empresa, mas, por certo, o funcionário é descontado indiretamente. O salário que leva para casa poderia ser até 20% maior, não fora tal recolhimento feito por seu empregador ao INSS.
Mas por que empacaria uma providência tão importante e oportuna, primeira medida na direção de reformar a exagerada carga tributária do brasileiro? São duas as questões espinhosas. Primeira, identificar de que modo se arrecadarão os quase R$ 90 bilhões anuais ao INSS. Não incidindo sobre a folha, incidirão sobre qual outra rubrica do balanço das empresas? A segunda questão é saber em que ritmo, e como, implantar a transição da atual incidência sobre salários para outra, sem abalos ou sustos à receita previdenciária. É aí que o governo se atrapalha.
Porta-vozes da presidente Dilma têm acenado com um novo tributo sobre o faturamento das empresas em substituição à folha de salários. Parece ser ideia fácil de implantar, até que topamos com uma tremenda contradição. O próprio governo quer anunciar o fim das contribuições sociais, hoje incidentes sobre o faturamento das empresas, por entender, corretamente, que somente um tributo deveria incidir sobre a circulação da produção. O objetivo, na fase seguinte da reforma tributária, seria unir o ICMS à Cofins, ao PIS, à Cide e ao anacrônico IPI, transformando esses cinco monstros num único imposto nacional de circulação. Ótima ideia. Mas, se é para eliminar tributos sobre o faturamento, que nada indicam sobre a efetiva capacidade contributiva de uma empresa, por que diabos haveríamos de reinventar a mesma estupidez, vestida agora de contribuição previdenciária? Seria um enorme retrocesso conceitual. Um tiro no pé da reforma.
O ideal seria trocar o INSS sobre o salário por um imposto mais simples – sem trazer a CPMF de volta
Como fazer? Há uma boa alternativa, neutra na sua incidência, de modo a não punir nem estimular indevidamente qualquer segmento da economia, portanto uma opção que não elege vencedores nem perdedores. A sugestão é usar o conceito de lucro da operação produtiva, calculado antes de a empresa abater suas despesas com juros, depreciação e amortizações, às vezes conhecido pelas siglas Ebitda (em inglês) ou Lajida. Nessa alternativa, é a real “geração de caixa” das empresas que contribuirá com o financiamento do INSS – ou seja, o Brasil que ganha paga a previdência. A fórmula é simples de calcular, estimula as empresas a conhecer seu próprio desempenho operacional, é anticíclica e pró-investimento, na medida em que favorece a manutenção do trabalho assalariado nas fases de expansão de capital, assim como em momentos difíceis da empresa.
Com a incidência previdenciária sobre a geração de caixa se resolveria a segunda questão. Seria possível implantar a reforma do trabalho bem mais rápido do que projeta o governo e, eventualmente, o empregador teria até a opção de calcular sua contribuição por um ou outro método, durante a transição. Importante é não permitir que a promessa da presidente se perca no vazio. Essa é uma ameaça real, se a equipe do governo insistir em usar mais um tributo sobre o faturamento, ou pior, ressuscitar a CPMF para substituir a contribuição previdenciária atual. A reforma tem de vir até 1o de janeiro de 2012, pois ajudaria a neutralizar o impacto negativo da projetada subida do salário mínimo em 14% ou mais. Dilma corre contra o relógio. A sociedade começa a cobrar ações decisivas – e a desconfiar da falta de um plano concatenado de governo para a reforma tributária.