segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Tabata anuncia como vice Lúcia França, que fala em consertar os erros dos homens, FSP

 

São Paulo

A candidata a prefeita Tabata Amaral anuncia nesta segunda-feira (5) a professora Lúcia França como sua vice, em uma chapa pura do PSB depois de fracassada a tentativa de formar coligação com o PSDB, que era prioridade para a deputada federal e decidiu lançar a candidatura de José Luiz Datena.

Lúcia, que em 2022 foi vice na chapa de Fernando Haddad (PT) ao governo do estado e é casada com o ex-governador e ministro Márcio França (Empreendedorismo), diz à Folha que o ineditismo de uma candidatura de duas mulheres na capital será um diferencial e minimiza o problema da ausência de alianças.

Professora Lúcia França (PSB) e deputada federal Tabata Amaral (PSB), que formam chapa na eleição para a Prefeitura de São Paulo, posam na laje da casa onde Tabata foi criada, na Vila Missionária (zona sul da capital)
Professora Lúcia França (PSB) e deputada federal Tabata Amaral (PSB), que formam chapa na eleição para a Prefeitura de São Paulo, posam na laje da casa onde Tabata foi criada, na Vila Missionária (zona sul da capital) - Pablo Saborido/Divulgação

"É o momento de a gente poder consertar o que os homens têm feito com a cidade de São Paulo. Vejo vantagens em sermos do mesmo partido: a gente fala a mesma linguagem, pensa igual, então é mais fácil", afirma ela, citando a educação como a principal pauta que une ambas.

O nome da ex-primeira-dama do estado passou a ser especulado como alternativa para vice depois que Tabata articulou a migração de Datena do PSB para o PSDB, na intenção de que o apresentador fosse indicado a vice pelo partido, mas ele acabou sendo estimulado pelos tucanos a concorrer a prefeito.

Os rumores aumentaram depois que a professora teve destaque na convenção do PSB, no último dia 27, quando apenas o nome de Tabata foi oficializado, com a decisão de deixar a vaga em aberto para o caso de desistência de Datena e de uma eventual retomada da negociação com o PSDB. O prazo para as convenções se encerra nesta quinta, e as candidaturas têm que ser registradas até dia 15.

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Lúcia diz que não se vê como segunda opção e relata que já vinha sendo cotada como opção por Tabata e outros dirigentes do PSB, partido ao qual é filiada há 37 anos. Segundo a vice, as sondagens levavam em conta a possibilidade de não ser fechada nenhuma aliança.

"O partido, com tantos nomes importantes, apontou o meu desde sempre", valoriza a educadora, que milita pela participação de mulheres na política.

Lúcia faz coro à candidata na avaliação de que houve descumprimento de acordo por parte de PSDB e Datena, mas evita se estender na crítica.

Diz que aprendeu com o aliado de longa data Geraldo Alckmin que, se uma pessoa não tem algo de bom para falar de outra, é melhor ficar calada. O vice-presidente da República é entusiasta da campanha do PSB na capital e, segundo Lúcia, avalizou a escolha.

Na convenção do partido, a agora vice fez um discurso em defesa de uma cidade mais justa e de incentivo ao empreendedorismo, tema que ela afirma querer levar o tema à campanha, aproveitando a possibilidade de ações em parceria com o ministério chefiado por seu marido no governo Lula (PT).

Lúcia, que dois anos atrás foi companheira de chapa de Haddad, diz ver com naturalidade o enfrentamento com o PT, que apoia a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL).

Segundo ela, a frente partidária de 2022 precisava ser ampla para barrar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). "Isso foi importante. E agora é natural que as coisas comecem a voltar, que cada um tome o seu caminho."

Proprietária de uma escola em Praia Grande (SP), o que usa para descrever a revolução que a educação fez na vida dela. Vinda de uma família de classe baixa, assim como Tabata, Lúcia nasceu em São Paulo, mas ainda jovem se mudou para a Baixada Santista, onde virou professora e depois empresária.

Ela voltou a ter casa na capital paulista desde a campanha de 2020, quando França foi candidato a prefeito. Naquela eleição, em que o ex-governador terminou em terceiro lugar, com 13,6% dos votos, a professora rodou a cidade com o marido e iniciou um trabalho de aproximação com segmentos de mulheres, da educação e da área social.

A ideia agora é aprofundar o trabalho, dividindo-se em agendas de campanha com Tabata para "multiplicar a presença" da chapa.

Lúcia, que comandou o Fundo Social de São Paulo (braço do governo estadual) quando foi primeira-dama, em 2018, afirma que a campanha de 2020 foi a que mais despertou "dor na alma" dentre todas as que fez com o marido —que foi prefeito de São Vicente por dois mandatos— porque "nunca tinha visto tanta miséria" nem esperava encontrar tantas crianças sem casa, comida e escola.

"Vou repetir o que a Tabata fala: a gente tem que entregar para o paulistano o básico bem feito. Nós temos boas ideias, e não são ideias mirabolantes, para segurança, transporte público e as outras áreas", diz.

Lúcia França com o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, Tabata Amaral e o prefeito do Recife, João Campos, na convenção do PSB que oficializou a candidatura da deputada a prefeita, no último dia 27 - Rubens Cavallari - 27.jul.2024/Folhapress

A campanha de Tabata tem como promessa a oferta de oportunidades iguais, algo que Lúcia elege como prioridade caso a chapa seja eleita, junto com o compromisso de alfabetizar 100% das crianças na idade adequada e garantir que saiam do ensino fundamental com conhecimento de lógica.

Embora tenha passado anos fora da capital, ela conhece a cidade "o suficiente para ficar incomodada", em suas palavras. Afirma que hoje suas atividades estão concentradas na cidade e que se ausenta em média um dia por semana, quando vai a Praia Grande acompanhar a situação do colégio.

Lúcia rebate críticas de adversários que descartam a possibilidade de o PSB chegar ao segundo turno. "Nós estaremos lá. A Tabata sempre surpreende", diz. "Uma cidade que é boa para a mulher é boa para a PCD [pessoa com deficiência], para a criança, para o idoso e para os homens", segue.

Na pesquisa Datafolha de julho, a candidata registrou 7% das intenções de voto, empatada tecnicamente com outros postulantes em segundo lugar, enquanto a liderança ficou com o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que teve 24%, e Boulos, que alcançou 23%.

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