Os alagamentos, a cracolândia, a mobilidade urbana —podem esquecer. Problemas reais de 12 milhões de habitantes parecem não existir para os candidatos a prefeito de São Paulo, cuja energia se concentra na troca de acusações e ofensas e na estratégia de viralizar vídeos com frases lacradoras e memes. Tanto se falou na nacionalização das eleições municipais que há um exemplo perfeito do fenômeno na maior cidade do país. Perde o debate de ideias e de soluções, perde o eleitor que se diverte com o circo.
No ato em que lançou Guilherme Boulos, em julho, Lula deu o tom da campanha: "Quero que os eleitores saibam que você é o meu candidato. Temos de mostrar quem está com quem". Hoje, assustado com o rumo da disputa, aconselha Boulos a escapar das armadilhas de Pablo Marçal. Em recente debate, os dois se comportaram como se estivessem no recreio escolar, um querendo tirar a merenda do outro.
Influenciador com milhões de seguidores, Marçal como candidato já tem apelido: "Lamarçal". Antes tido como versão paulistana do padre de quermesse que serviu de escada a Bolsonaro em 2022, anda tirando votos de Ricardo Nunes, ameaçando a reeleição. Nunes integra o numeroso grupo de políticos que suplicam o apoio do capitão, mas não querem ser vistos como radicais ou golpistas.
Bolsonaro está mais preocupado em não ser preso, pouco ligando para São Paulo. Ter seu nome ligado ao de Nunes e ao de Marçal é importante para o plano em curso de conseguir uma espécie de anistia antecipada. Não percebe que o ex-coach tem um sonho maior. Como Milei, mira a Presidência.
O impacto do despropósito eleitoral atinge o país inteiro. Lá em Caixa-prego não duvido que haja candidatos a vereador que têm como principais propostas o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a exigência de que o Brasil suspenda as relações diplomáticas com a Venezuela de Maduro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário