Mais de mil agentes públicos desarticularam ecossistema do crime e violação de direitos
O procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, disse durante entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira (6/8) que a Operação Salus et Dignitas representou um verdadeiro "tributo à cidadania", já que a articulação entre as instituições viabilizou uma resposta firme contra o ecossistema no qual proliferam atos ilícitos e sistemática violação de direitos humanos na região central da cidade. "A operação não se esgota hoje. A sociedade pode ficar confiante", disse o PGJ.
"Onde há o crime organizado presente há violação de direitos", sublinhou o promotor Lincoln Gakyia, um dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), cuja investigação de mais de um ano culminou na operação deflagrada agora em conjunto com o governador do Estado, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público do Trabalho.
De acordo com o promotor, houve dez prisões, cinco preventivas e cinco em flagrante. Entre os detidos, está uma liderança do PCC que abastece o tráfico de drogas na cracolândia a partir da comunidade do Moinho. Oliveira e Costa ressaltou que a denominação da operação - saúde e dignidade - não é casual. O foco é proteger os dependentes químicos.
Desde as primeiras horas desta terça-feira, mais de mil agentes públicos foram para as ruas para cumprir as ordens judiciais. Eram sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão, 46 de arresto, sequestro e bloqueio de bens e 44 de interdição de imóveis. "O tráfico de entorpecente é apenas uma das atividades dentro do repertório criminoso dessa região, que envolve profusas atividades ilícitas, como o comércio ilegal e receptação de peças veiculares, armas e celulares; contaminação do solo com a reciclagem e ferro-velho; exploração da prostituição; captação ilegal de rádios transmissores da polícia; submissão de pessoas a trabalho análogo a escravo, entre outras graves violações a direitos humanos", sustentam os promotores do GAECO nos pedidos deferidos pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.
Durante as investigações, constatou-se que o PCC vem atuando de maneira estratégica na assim denominada cracolândia e em diversas outras áreas do centro, replicando a lógica dos agentes econômicos, só que nos mercados ilícitos. Ao garantir o controle de um território específico, consegue-se maximizar os lucros através de atividades ilícitas diversificadas, ao mesmo tempo em que restrições que limitam sua expansão são superadas. Na visão das autoridades envolvidas com a Operação Salus et Dignitas, o ambiente de desordem favorece a prática de atividades ilícitas, sendo os consumidores de entorpecentes, dentre outros, vítimas das organizações criminosas.
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