O ditado é antigo, mas infalível: quem é vivo sempre aparece. Ainda mais quando o vivente –que está mais para assombração– se chama Eduardo Cunha.
O ex-deputado presidiário tem longa familiaridade com as altas rodas do poder desde a época em que se tornou o todo-poderoso presidente da Telerj e usou o cargo para mexer os pauzinhos e construir sua carreira. No fim dos anos 1980, ajudou a campanha presidencial de Collor e a fortalecer o inexpressivo PRN no Rio de Janeiro. Acabou envolvido no escândalo das contas fantasmas de PC Farias. Sempre conspirando e fazendo alianças secretas, foi a figura determinante no processo de impeachment de Dilma e na posse do vice, Temer. "Que Deus tenha misericórdia dessa nação" –quem não se lembra da frase?
Ao fazer o discurso de renúncia à presidência da Câmara, chorou, com a voz embargada, momento que em nada lembrou o político impassível, de cara glacial. Condenado a 15 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva –pedir e receber US$ 5 milhões em contratos de construção de navios-sonda da Petrobras–, ficou em regime fechado de outubro de 2016 até abril de 2021. Sem tugir nem mugir.
Em 2022, conseguiu suspender sua inelegibilidade e candidatou-se a deputado por São Paulo –obteve só 5.000 votos e não se elegeu. Sua filha, Danielle Cunha, concorrendo pelo Rio, foi eleita com 75 mil votos. Danielle mostrou que o pai continua influente em Brasília ao liderar o lobby pela soltura de Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato de Marielle.
Eduardo Cunha está de volta ao lugar de origem de seus primeiros cambalachos. Conseguiu emplacar aliados na Secretaria de Habitação da cidade e nas empresas públicas municipais RioLuz e IplanRio, de polpudos orçamentos. É o resultado do retorno do Republicanos, partido da Igreja Universal, à prefeitura de Eduardo Paes, que tenta não só a reeleição como o governo do estado em 2026.
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