O número de casos de secas, calor excessivo e inundações está se multiplicando no mundo.
O verão de 2023 foi o mais quente do hemisfério Norte em 2.000 anos e 2024 deve bater esse recorde.
Pobreza e concentração populacional nas periferias agravam as consequências do fenômeno. É por isso que governos no Brasil devem começar a envolver igrejas evangélicas nas ações para prevenir desastres ou mitigar seus efeitos.
Goste-se ou não dos evangélicos, eles estão continuamente gerindo recursos para resolver problemas em suas comunidades. Suas ações incluem coleta e distribuição de mantimentos, oferta de atividades para crianças e adolescentes, estímulo ao empreendedorismo; a lista de serviços é longa. Por isso, eles representam os casos mais expressivos da sociedade civil organizada nos bairros mais expostos a enchentes e deslizamentos.
Há uma ideia equivocada de que evangélicos, em geral mais pobres, não se interessam por ecologia ou que até torcem pelo apocalipse climático. Na verdade, há entre católicos e evangélicos o mesmo senso pró-ambiental que reina na média da população brasileira. "Mesmo se isolarmos os estratos com menor renda e menor escolaridade, eles ainda tendem a reportar níveis de preocupação ambiental altos na comparação internacional", avalia o sociólogo da USP Renan William dos Santos, que estuda o tema.
O ambientalista evangélico Cal DeWitt dedicou parte de sua carreira como pesquisador e professor universitário atuando como tradutor entre cientistas e cristãos nos EUA.
Para ele, a chave para levar o debate climático para as igrejas é analisar esse tema à luz da Bíblia. "Se a leitura das Escrituras mostra que cuidar da criação é uma parte vital das tarefas das pessoas e que temos sido negligentes em relação a isso, somos mobilizados à conversão (ao ambientalismo)."
O governador Tarcísio de Freitas parece um nome improvável para compor uma lista de embaixadores do clima, mas faz sentido que ele abrace esse tema. A Igreja Universal é uma organização irmã do Republicanos, partido ao qual ele está filiado. Esse relacionamento pode ser o ponto de partida para convocar igrejas para monitorar chuvas e alertar localmente moradores em caso de perigo.
No momento em que o governo federal rejeita atuar em parceria com igrejas —por exemplo, no tema das comunidades terapêuticas, que oferecem tratamento para dependentes—, Tarcísio pode se fortalecer politicamente. Capacitadas, comunidades de fé têm capilaridade e propósito para atuar rapidamente em locais de risco.
E retribuiriam o gesto de confiança mostrando como podem ser relevantes para a sociedade.
spyer@uol.com.br
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