A empresa de mídia digital Vice, que já atraiu gigantes como Disney e Fox como investidores antes de entrar em crise, está preparando um pedido de falência, de acordo com duas pessoas com conhecimento das operações.
O pedido pode acontecer nas próximas semanas, segundo três pessoas envolvidas com o assunto que não foram autorizadas a discutir a potencial falência publicamente.
A empresa vem buscando um comprador, e ainda pode encontrar um, para evitar declarar falência. Mais do que cinco companhias expressaram interesse em adquirir a Vice, segundo um envolvido nas discussões. As chances de isso acontecer, no entanto, estão ficando cada vez menores, afirmou uma das pessoas com conhecimento da potencial falência.
Um pedido de falência seria mais um passo sombrio na tumultuosa história da Vice, um veículo da chamada "new-media" (nova mídia) que procurou suplantar o establishment antes de persuadi-lo a investir centenas de milhões de dólares. Em 2017, depois de uma rodada de investimento da empresa de private equity TPG, a Vice foi avaliada em US$ 5,7 bilhões. Mas hoje, segundo a maioria das projeções, ela vale uma fração disso.
No caso de uma falência, o maior credor da Vice, o Fortress Investment Group, pode acabar controlando a companhia, disse uma dos envolvidos na operação. A Vice continuaria operando normalmente e daria um leilão para vender a companhia em um período de 45 dias, com o Fortress na posição de mais provável comprador.
Diferentemente dos outros investidores da Vice, que incluíram a Disney e a Fox, o Fortress possui um tipo de crédito que garante que ele seja pago antes caso ocorra uma venda da empresa.
"O Vice Media Group está engajado em uma avaliação ampla de alternativas estratégias e planejamento", afirmou a organização em nota nesta segunda (1º). "A empresa, sua diretoria e stakeholders continuam focados na busca pelo melhor caminho para a companhia."
A Vice começou como uma revista punk em Montreal, no Canadá, há mais de duas décadas. Com o passar dos anos, ela cresceu para uma companhia de mídia global detentora de um estúdio de cinema, uma agência de publicidade, um programa na HBO e escritórios em capitais mundiais. A Disney, após investir centenas de milhões na Vice, explorou a possibilidade de comprar a empresa em 2015 por mais de US$ 3 bilhões, segundo duas pessoas envolvidas nas conversas.
O acordo nunca se materializou, e a Vice eventualmente sucumbiu em um mercado em baixa para companhias de mídia digital. A empresa está tentando há anos se tornar lucrativa, mas fracassando nesse intento, perdendo dinheiro e repetidamente demitindo empregados.
Na semana passada, a Vice afirmou a empregados que encerraria o Vice World News, uma iniciativa jornalística global que cobria conflitos e violações de direitos humanos. O encerramento foi um banho de água fria para os funcionários que viam a cobertura agressiva da divisão como uma continuidade das raízes da Vice no jornalismo gonzo, estabelecidas quando seu co-fundador Shane Smith reportava de destinos arriscados como a Coreia do Norte.
Enquanto buscava um comprador nos últimos meses, a Vice viu pedidos de demissões em suas posições de liderança. Nancy Dubuc, a antiga CEO da empresa, saiu neste ano após quase cinco anos na companhia. Jesse Angelo, o presidente global de notícias e entretenimento, também deixou a Vice.
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