Durante a discussão do PL das Fake News, a bancada evangélica e as principais lideranças do meio se manifestaram contra a aprovação do projeto. Chamou a atenção, contudo, que alguns veículos deram destaque ao apoio ao projeto de um grupo minoritário de evangélicos, liderado pelo deputado Henrique Vieira (PSOL-RJ). Nas redes, muitos crentes disseram não se sentir representados pelo deputado, não só pelo posicionamento político mas também por seus valores e visão de cristianismo.
O fenômeno não é novo, já que parte da mídia brasileira muitas vezes apresentou uma imagem estereotipada dos evangélicos mais conservadores e desproporcional dos progressistas, oferecendo sua visão como um contraponto para aquela visão estereotipada. Essa desproporção na representação dos evangélicos tem gerado um desconforto por parte do evangélico médio, que se sente desvalorizado e incompreendido em seus valores e crenças.
A maior parte das representações na mídia e na esquerda tem reforçado essa representação estereotipada, associando evangélicos a fanatismo, intolerância e obscurantismo. Ocorreu, por exemplo, com Marina Silva. Apesar de ter apresentado o programa de governo mais inclusivo da disputa presidencial de 2014, a candidata foi pintada como uma fundamentalista religiosa.
Esse estereótipo negativo levou evangélicos a se sentirem discriminados em meios mais intelectualizados, como nas universidades, na imprensa e no debate público. Por reação, o evangélico médio se aproximou gradativamente dos que prometeram defender seus interesses e valores contra as mudanças sociais: as lideranças de discurso reacionário.
Em um ciclo vicioso, como mecanismo de defesa, o evangélico médio acabou se tornando mais fechado e menos aberto ao diálogo e à diversidade, se aproximando do comportamento preceituado pela visão estereotipada. Uma profecia que se autorrealizou. Como romperemos esse ciclo?
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