A Covid-19 é uma doença potencialmente letal e que causa enorme destruição econômica, além de ser altamente disruptiva para nossas vidas. Até o fim do ano passado, isso era uma fatalidade. Vieram, então, as vacinas. Em vários países desenvolvidos, os imunizantes já estão disponíveis para todos os adultos e adolescentes que desejem tomá-los. Bastam duas picadas para reduzir substancialmente o risco de morte pela moléstia. A vacinação também ajuda a recuperar a economia e permite recobrar alguns aspectos da vida pré-pandêmica. Não obstante, fatias substanciais das populações de alguns desses países recusam a injeção.
"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta". A frase, de Albert Einstein, captura a essência da chamada hesitação vacinal. De um ponto de vista puramente darwiniano, poderíamos interpretar a atitude dos cidadãos recalcitrantes como uma contribuição involuntária ao aprimoramento da espécie, mas não é tão simples.
A vacinação tem efeitos positivos não só para o indivíduo mas também para a coletividade. Quando porções significativas de uma comunidade deixam de imunizar-se, o vírus permanece em circulação, colocando em risco as pessoas que não podem vacinar-se ou não desenvolvem uma boa imunidade após a inoculação, além de aumentar a probabilidade de surgirem variantes do vírus com escape vacinal.
Faz sentido, portanto, que as nações em que a hesitação é mais forte adotem diferentes blends de incentivos (dias de folga, cerveja grátis, prêmios em dinheiro) e sanções (demissão, limitação a atividades) para diminuir a resistência. Essas medidas devem funcionar, mas só parcialmente.
No Brasil, a julgar pelas pesquisas, a hesitação é pequena. Mas isso não significa que a estupidez inexista por aqui. Ela apenas se manifesta de outras formas. Nós, afinal, elegemos Bolsonaro.
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