quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Como fica o xadrez eleitoral em SP, com Alckmin fora do PSDB, OESP

 Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

12 de agosto de 2021 | 05h00

A declaração do ex-governador Geraldo Alckmin admitindo pela primeira vez que vai deixar o PSDB para disputar o Palácio dos Bandeirantes por outro partido em 2022, mexeu com o xadrez político em São Paulo e projeta disputa em São Paulo em 4 campos.

1. Ex-tucano histórico x novo tucano

O atual vice-governador, Rodrigo Garcia, que recentemente trocou o DEM pelo PSDB, é o “herdeiro político” do governador João Doria, que planeja disputar a Presidência. Garcia deve assumir o cargo em abril, quando vence o prazo de desincompatibilização de Doria, mas já está viajando pelo interior. Garcia terá retaguarda da máquina estadual na disputa com Alckmin pelo apoio dos partidos do centro e Centrão. O Progressistas comanda a secretaria de Transportes Metropolitanos, o Republicanos o Esporte, o PL tem a vice liderança do governo na Assembleia Legislativa, e o MDB, a Agricultura. Segundo tucanos ouvidos pela reportagem, essa seria hoje a base de lançamento de Garcia para entrar na disputa com um bom tempo de TV, recursos do Fundo Eleitoral e capilaridade no interior. Além disso, Doria e o seu secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista, estão promovendo filiações em massa de prefeitos no partido.

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Geraldo Alckmin anunciou que pode deixar o PSDB. Foto: Felipe Rau/Estadão

Já Alckmin, que deve se filiar ao PSD, está conversando com PSB – o também ex-governador Márcio França pode ser seu candidato a vice. Esse grupo está em tratativas com o PV, Podemos, Avante, Solidariedade e outras siglas menores. Com isso, Alckmin e Garcia teriam os maiores espaços da propaganda eleitoral.

2. A esquerda dividida entre Fernando Haddad e Guilherme Boulos

Enquanto no plano nacional o PT e o PSOL devem estar no mesmo palanque, em São Paulo seguem com projetos distintos. Fortalecido pelo resultado da eleição na capital, quando chegou ao 2° turno, Guilherme Boulos tem feito agendas no interior e é colocado como pré-candidato pelo PSOL. Seu desafio é tornar-se conhecido onde o eleitorado é mais conservador.

Já o ex-prefeito Fernando Haddad tornou-se o candidato natural do PT ao Palácio dos Bandeirantes após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperar seus direitos políticos. Há nos dois partidos defensores da tese de unidade entre eles. Se ocorrer, dizem especialistas, dificilmente a esquerda ficaria fora do 2° turno. Com o centro e o Centrão obstruídos por Alckmin e Garcia, resta a Boulos e Haddad disputar o apoio de siglas de esquerda, como o PCdoB e o PDT.

3. A direita bolsonarista

O presidente Jair Bolsonaro, que ainda busca um palanque paulista, chegou a lançar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mas ainda falta um partido que acolha o projeto bolsonarista no Estado. O PTB já abriu as portas. Sob o comando do empresário Otávio Fakhoury, investigado no inquérito das fake news, a sigla busca filiar os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), além do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança – apontados como potenciais candidatos bolsonaristas.

4. A direita não bolsonarista

Na ala da direita que faz oposição a Bolsonaro, o Novo já lançou o deputado federal Vinicius Poit. Outro nome apresentado é o do deputado estadual Arthur do Val.


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