02 de agosto de 2021 | 08h00
Projetos de inovação tecnológica em curso na CPFL Energia vêm mostrando a consolidação de uma tendência internacional, a do aumento das instalações de sistemas de armazenamento de energia. Com origem na chamada de Projeto de P&D Estratégico ANEEL 021/2016 intitulada “Arranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção de Sistemas de Armazenamento de Energia no Setor Elétrico Brasileiro”, as propostas da companhia buscam mostrar como esses sistemas podem contribuir para uma transição da matriz energética e para a ampliação de fornecimento de energia elétrica por fontes renováveis. Esse maior aproveitamento vale tanto para o sistema elétrico de potência quanto para os consumidores.
Os sistemas de armazenamento de energia atrelados à geração, transmissão e distribuição é uma realidade que veio para ficar, inclusive em solo brasileiro com a implantação de diversas unidades piloto. Uma delas está em operação pela CPFL no Nordeste brasileiro em um dos parques eólicos que a própria empresa administra no Rio Grande do Norte.
Lá, as baterias instaladas em contêiner, na prática, funcionam como um reservatório energético que pode entrar em ação tanto na geração quanto na transmissão. Esses dispositivos têm como objetivo otimizar o escoamento de energia elétrica gerada a partir de fontes renováveis intermitentes - aquelas que não são controláveis -, em especial, a eólica ou a solar.
Um exemplo é quando há excesso de energia elétrica fornecida pelos geradores elétricos a partir dos picos de ventos e que não é distribuído pelas linhas de transmissão de imediato. No lugar do desperdício, essa energia extra é acumulada pelas baterias para, então, ficar armazenada e ser utilizada em outro momento de necessidade.
“Isso permite, por exemplo, elevar o nível de conformidade, em termos de tensão e frequência, da energia elétrica entregue ao sistema de potência em momentos de baixa produção. Dito de outra forma, o vento, na verdade, acaba não sendo desperdiçado e sim melhor aproveitado”, afirma Rafael Moya, gerente de Inovação da CPFL Energia. Isso significa que, quando a energia tem um nível maior de conformidade, o sistema como um todo pode ser gerenciado de maneira mais eficiente e possíveis eventualidades na rede podem ser mitigadas. Esse melhor aproveitamento do recurso reflete diretamente nos consumidores, podendo ajudar também na redução do risco de racionamento.
O sistema de armazenamento de energia também pode incluir a instalação de baterias em pontos específicos da rede de distribuição de energia elétrica, como, por exemplo, em postes ou subestações. Nesses casos, eles podem ser utilizados para aumentar a confiabilidade do fornecimento, seja para aliviar a rede em momentos de pico de consumo ou para suprir eventuais falhas na distribuição.
Além disso, o armazenamento de energia tem outra grande vantagem, explica o gerente de Inovação da CPFL Energia. “Com o uso desta tecnologia é possível conciliar melhor as curvas de geração e consumo”. Segundo Moya, é comum locais com alta concentração de geração solar fotovoltaica apresentarem um pico de geração nos períodos mais ensolarados do dia, o que não necessariamente representa o mesmo período de maior consumo de energia elétrica, que ocorrem geralmente nas primeiras horas da noite no caso de consumidores residenciais. “Nesse caso, o sistema de armazenamento em um condomínio, por exemplo, pode ser útil para ajustar essas duas curvas, isto é, a geração de energia solar fotovoltaica com o consumo de energia elétricas pelos consumidores”, diz o representante da CPFL.
De acordo com o gráfico abaixo, obtido a partir de medições reais da rede em que foi instalado um sistema de armazenamento de energia em baterias, é possível notar como esta tecnologia consegue deixar o consumo mais linear. Com menos alterações bruscas, o sistema elétrico é menos exigido, causando menores variações na tensão, por exemplo.
“Outra vertente desses sistemas de armazenamento é a questão da sustentabilidade”, diz o gerente. Segundo ele, a companhia também está avaliando a substituição de geradores a diesel pelo sistema em operação. “Estamos fazendo esse teste em um posto grande na rodovia Anhanguera. Em breve, divulgaremos os resultados sobre isso”, explica.
Já nos condomínios em que os dispositivos também estão em teste, a expectativa dos especialistas da CPFL Energia é que, no futuro, o sistema possa ser totalmente autossustentado.
“Os nossos desenvolvimentos tecnológicos estão alinhados com o nosso planejamento estratégico. Visamos sempre processos estruturantes para melhorar a qualidade do produto e a eficiência operacional”, afirma Moya.
Da geração ao cliente final
A iniciativa da CPFL Energia conta com diferentes aplicações de armazenamento de energia que geram benefícios em frentes de diversos segmentos do setor elétrico. Isso significa um impacto em toda a cadeia de geração, transmissão, distribuição, e no uso de clientes residenciais e comerciais.
Na geração e transmissão, os sistemas de armazenamento em baterias poderiam ser utilizados para auxiliar a qualidade, conformidade e segurança da geração de energia elétrica por meio de fontes não controláveis, como a eólica. Além disso, representa também um importante papel na integração de tecnologias no setor, contribuindo com a diversificação da matriz energética.
No segmento de distribuição, o armazenamento pode aliviar a rede local e contribuir para um aumento da confiabilidade do fornecimento de energia elétrica e também para o alivio da rede. Afinal, como a energia pode ser armazenada em momentos de baixa demanda, pode ser fornecida quando houver necessidade, durante picos de consumo ou quando há falha no fornecimento, assegurando maior qualidade e confiabilidade do fornecimento de energia.
Agora, quando falamos no uso por clientes residenciais ou comerciais, é possível substituir a geração a diesel e garantir energia extra, sendo também uma maneira de ter mais segurança quando o sistema elétrico está sobrecarregado e até quando falta energia na rede de distribuição, atuando como uma reserva para a rede local.
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