Autocratas, de direita ou esquerda, costumam se cercar de bajuladores e cães de guarda. Lula, por exemplo, dono do PT e chefe de seita, os teve quando presidente da República e os mantém hoje; renovados. Entre os novos destaca-se o grupo Prerrogativas, que resolveu açular contra esta colunista o jurista Lenio Strek e os advogados Marco Aurélio e Fabiano Silva, que responderam com o artigo “A colunista e os dois demônios que lhe tiram o sono” ao meu artigo “Bob Jeff, o herói bolsonarista”.
A réplica ao meu texto é uma expressão de revolta com a crítica que faço à decisão do STF pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Os articulistas afirmam —por ofício ideológico e dever de bajulação— que Lula esteve em “cárcere político” e que era “um réu sabidamente inocente.” A fim de me desqualificar, citaram Wittgenstein de modo boçal e estúpido: “Outra lição vem de Ludwig Wittgenstein (muito lido em faculdades de filosofia), que dizia: sobre o que não se tem competência para falar, deve-se calar”.
É uma referência canhestra à sétima proposição do Tractatus Logico-Philosophicus, obra influenciada por concepções de lógica e linguagem de Frege e Russell, com laivos de mística schopenhaueriana , que aborda complexas relações entre mundo, pensamento e linguagem, culminando na proposição “Worüber man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen”, que aponta para o indizível nos campos da ética, da estética e da metafísica, mas que, na cabeça desse pessoal, serve para fazer patrulhamento do que uma colunista pode ou não escrever.
Em “As ideologias e o poder em crise”, Norberto Bobbio escreveu o seguinte: “Agora que a esquerda
revolucionária reconheceu os direitos da liberdade, quer todos os direitos, e imediatamente. Inclusive o direito de impunidade que foi sempre a prerrogativa dos soberanos absolutos e dos déspotas”.
Os defensores das prerrogativas de impunidade de Lula, que usaram Bobbio contra mim, devem ter pulado essa parte.
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