terça-feira, 10 de agosto de 2021

Alvaro Costa e Silva Vivemos dentro do golpe, FSP

 O presidente, nós já sabemos: é o pior da história do Brasil. Na votação do voto impresso, vamos descobrir se o Congresso é tão desprezível quanto Bolsonaro.

É cansativo elencar as mazelas pelas quais o regime é diretamente responsável: condução criminosa do combate à pandemia, destruição da educação, ciência, cultura e meio ambiente; suspeitas de corrupção nos ministérios, principalmente no da Saúde; apagão energético batendo à porta; 14,8 milhões de desempregados, sem contar os subempregados; carestia; famílias inteiras despejadas, vivendo na rua, com fome. Além do golpe em curso. Se é que já não vivemos dentro dele, com tanques e aeronaves desfilando em Brasília, e continuamos a maquiar a realidade chamando-a de crise institucional.

A discussão da bandeira bolsonarista contra a urna eletrônica é só um dos sintomas da doença insidiosa que se instalou na sociedade brasileira. Um debate artificial criado para manter a base de apoiadores motivada e que só existe em determinadas bolhas das redes sociais, impulsionado por mentiras e longe das aspirações do país, e que mesmo assim o presidente da Câmara resolveu levar ao plenário em troca da grana das emendas e do fundão eleitoral e, claro, de mais cargos.

Com ares de estadista, Arthur Lira escreveu no Twitter que passou o fim de semana lendo tratados políticos de Aristóteles, Locke e Montesquieu, para melhor entender “o sistema de freios e contrapesos que formam a separação entre os Poderes”. Mas não deu um pio sobre os ataques e xingamentos de Bolsonaro —entre os quais um sonoro “filho da puta” capaz de enrubescer a torcida do Flamengo na antiga geral— a ministros do STF e TSE.

Que bom se Lira pudesse ler —mas ler com a atenção dedicada aos clássicos, não de orelhada— o “Manual do Escoteiro Mirim”, que ensina a fazer coisas práticas e, sobretudo, recomenda boas ações. A abertura do processo de impeachment, por exemplo.

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