Na semana passada, tivemos dois eventos importantes: as eleições para as presidências das duas casas do Congresso Nacional e a abertura do ano legislativo. No primeiro deles, o processo transcorreu de maneira civilizada, sem as pantomimas e o escracho a que assistimos em 2019, o que, a essa altura, representa um avanço.
Parecia até que alguns deputados e senadores tinham finalmente introjetado que os representantes do povo devem respeito às instituições da República e ao cargo que ocupam, o que foi prontamente desmentido quando alguns deles receberam, no plenário da Câmara dos Deputados, o chefe do Executivo aos gritos de "fascista", "assassino" —e "mito". O parlamento é a casa dos debates com argumentos e da construção dos consensos a partir de divergências legítimas. O baixo calão como alta dialética talvez indique o nível do debate proposto...
Pela primeira vez, em dois anos de governo, Bolsonaro foi ao Congresso participar da solenidade de abertura dos trabalhos, um gesto de respeito ao Legislativo e que ao menos indica boa vontade em reconstruir as relações. Reconheceu o trabalho e o apoio do Congresso na aprovação das principais medidas no ano que passou. Apresentou as prioridades do Executivo a serem trabalhadas e aperfeiçoadas em conjunto com o Legislativo e pregou maior integração e harmonia entre os Poderes para enfrentar os desafios do Brasil.
Quem sabe tenha compreendido que os Poderes são independentes, mas devem trabalhar em harmonia, que "todo poder emana do povo", da Constituição e é bifronte e que um governo minoritário não é capaz de avançar sem uma maioria estável no parlamento —com a qual construa uma agenda consensual.
Os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, os ilustres Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, fizeram discursos equilibrados. Defenderam a vacinação em massa, a recuperação do emprego e da renda e as reformas econômicas de que o país precisa.
O jovem senador também pregou o respeito, a conciliação e a superação dos radicalismos e extremismos que tanto marcaram os últimos anos e assegurou que o "compromisso com o país deve guiar todos os Poderes". É bem-vindo que o Senado se desacanhe na apreciação das pautas urgentes e no cumprimento de suas funções constitucionais.
A situação social e econômica do país é delicada e demanda de todos os Poderes clareza de objetivos e de propósitos. Os eventos da semana passada nos dão alguma esperança para os próximos meses. Que as palavras profícuas se concretizem com a urgência de que o Brasil precisa.
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