quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ruy Castro Mãos na cumbuca, FSP

 

Amigos de São Paulo, Minas Gerais e Brasília têm me cumulado de mensagens sobre mais um governador do Rio apanhado com a mão na cumbuca —e que mão e que cumbuca. Mas que novidade há no fato de que, com poucas exceções, o Rio vem sendo governado por canalhas?

E não é de hoje. Há um firme controle por eles da totalidade do Executivo e do Legislativo e de parte do Judiciário locais —controle esse que começou desde que a fusão decretada pelo ditador Ernesto Geisel, em 1975, por motivos políticos e sem consulta às populações, entregou a rica Guanabara ao sistema dominado pelo pior do atrasado Estado do Rio. Foi esse sistema que gerou Moreira FrancoAnthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Luiz Fernando Pezão, todos fluminenses, o carioca Sérgio Cabral e o paulista (de Jundiaí) Wilson Witzel. O eleitorado do interior do Estado domina o da cidade do Rio à base de 60% para 40%.

Só que todos os luminares citados foram ou estão sendo investigados, incriminados ou denunciados por corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. E cinco deles, até agora, já conheceram a grade. Garotinho e Rosinha gozam de uma porta giratória, mas Cabral está condenado a 294 anos. Significa que, mal ou bem, algo ainda funciona: a lei.

Poderia ser uma inspiração para a Justiça de outros Estados, cujas populações, nas últimas décadas, também têm feito escolhas discutíveis. Os brasilienses, por exemplo, elegeram Agnelo Queiroz, Paulo Octávio, José Roberto Arruda, Rogério Rosso e Joaquim Roriz. Os mineiros, Fernando Pimentel, Antonio Anastasia, Aécio Neves, Eduardo Azeredo e Newton Cardoso. Os paulistas, João Doria, Geraldo Alckmin, José Serra, José Maria Marin, Luiz Antônio Fleury, Orestes Quércia, Paulo Salim Maluf e o pai de todos, Adhemar de Barros.

Todos eles, cheios de processos nas costas. Apenas não foram condenados. E alguns nunca serão.

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