A estupidez do movimento antivacina ganhou a chancela presidencial. Sabe-se lá que estrago pode provocar a declaração feita por Jair Bolsonaro sobre uma possível imunização contra o novo coronavírus. "Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina", disse.
Na sequência, veio a Secom (Secretaria de Comunicação) confirmar que não está nos planos do governo "impor obrigações". Do presidente à sua equipe, é muita gente desinformada. Ou mentirosa. Ou irresponsável. Provavelmente tudo isso. Vacinação é uma das medidas compulsórias que podem ser adotadas no combate à Covid-19, prevista em lei assinada por Bolsonaro.
É possível que ele desconheça que há vacinas obrigatórias na infância e que o descumprimento pode penalizar os responsáveis, inclusive com prisão. Mas sabemos que negacionistas estão aí desde sempre. A onda mais recente vem desde 1998, depois que um artigo publicado —e depois rejeitado— pela revista The Lancet relacionou a tríplice viral ao autismo. Um desastre.
Sei de pessoas, aqui e acolá, inclusive conhecidos, que devem se achar o próprio alecrim dourado e resolveram não vacinar os filhos pelos "riscos". É gente culta, preocupada com a desigualdade, PhD em namastê, que só come orgânico, recicla e compra na livraria do bairro, mas acha que vacina só no rabo dos outros.
Além desses que não acreditam na segurança da profilaxia, uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh (EUA) identificou mais três grupos. Os que desconfiam da ciência, aqueles que adoram tratamentos alternativos e os que compram teorias conspiratórias, incluindo a de que a gravidade da pandemia é falsa.
Bolsonaro alimenta a insensatez até de quem se opõe ao seu governo mas desdenha desse tipo de prevenção. Ele se mostra de novo o pior líder diante da crise. O mundo inteiro quer uma vacina contra o coronavírus. Mas mais difícil do que essa só uma para a estupidez do presidente.
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