domingo, 6 de setembro de 2020

Elio Gaspari O pior negócio que Moro fez na vida foi meter-se com Bolsonaro, FSP

 

O pior negócio que o juiz Sergio Moro fez na vida foi meter-se com Jair Bolsonaro. O ferrabrás de Curitiba foi moído pelo capitão, e a divulgação de sua troca de mensagens com o presidente mostra que ele se prestou a uma fritura inédita na história republicana.

No dia 12 de abril, reclamando de uma reportagem, Bolsonaro disse-lhe: “Todos os ministros, caso queira contrariar o PR, pode fazê-lo, mas tenha dignidade para se demitir”.

Noves fora a má relação com o idioma, Bolsonaro disse-lhe que devia pedir para sair. Moro fingiu que não ouviu. Uma semana antes fingiu não ter ouvido outra indireta: “Algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. (...) A hora D não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”.

Moro manteve-se em olímpico silêncio durante a tétrica reunião ministerial de 22 de abril. No dia seguinte, diante da notícia de que pedira demissão, manteve-se em silêncio quando o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, desmentiu a informação. Era verdade.

Quando um presidente sugere que um ministro deve pedir demissão, ele a pede ou diz que pode ser demitido. Fora daí, o que há é dissimulação, dos dois.

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No dia 12 de outubro de 1977, o presidente Ernesto Geisel disse ao ministro Sylvio Frota que não estava se entendendo com ele e sugeriu que pedisse para ir embora. Frota recusou-se. Geisel demitiu-o, na hora. A conversa durou poucos minutos e à noite o general estava no avião de carreira, a caminho de sua casa no Rio.

Pesadelo petista

Há alguns meses, o pesadelo dos petistas era sair da eleição municipal sem chegar ao segundo turno em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, o crescimento de Guilherme Boulos (PSOL), na intelectualidade e no meio artístico, bem como o fortalecimento das alianças de Bruno Covas (PSDB), sugerem que esse resultado parece inevitável.

Num cenário catastrófico, Boulos pode até conseguir mais votos que o comissário Jilmar Tatto.

Roupa suja

Se metade do que as facções em que está dividido o Ministério Público dizem for verdade, a corporação precisa de uma Lava Jato.


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