quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Sem novas encomendas, fabricantes de trens sugerem propostas para aquecer o mercado. RF

Sem novas encomendas para 2019, as fabricantes de carros de passageiros com unidades de produção no Brasil preparam documento com algumas sugestões e propostas aos candidatos à presidência. Uma das propostas incluídas é a criação do Retrem, um programa que poderia seguir os mesmos moldes do Refrota, que é a linha de crédito oferecida pela Caixa Econômica Federal, com recursos do FGTS, para modernização e ampliação da frota de ônibus no país. O presidente da Abifer, Vicente Abate, que está à frente da iniciativa, explica:
“Financiamento de longo prazo e taxas competitivas podem estimular as operadoras de passageiros sobre trilhos a modernizar a sua frota de trens. No levantamento que fizemos, há demanda de pelo menos 560 carros de passageiros para serem modernizados dos sistemas do Distrito Federal, Trensurb, MetrôRio, CBTU Belo Horizonte e Metrô de Recife. Esse volume, além de garantir a qualidade do transporte nas capitais, poderia ser a solução para que as fábricas não fiquem ociosas no ano que vem”, diz.
Outra sugestão incluída no documento, que também deve ser entregue aos candidatos ao governo de São Paulo, é a concretização de projetos que já estiveram em pauta, como a extensão da Linha 15-Prata até Cidade Tiradentes. O projeto do monotrilho foi encurtado (até a estação Iguatemi) e, por consequência, a encomenda das composições à Bombardier também. Ao assinar o contrato com o governo do estado, em 2012, a fabricante entregaria 54 trens, número que foi revisto e passou a ser 27 composições (todas já entregues). O projeto da Linha 18-Bronze, que ligaria o ABC paulista, e a expansão da Linha 2-Verde também poderiam gerar demanda adicional para a indústria.
A falta de encomendas no Brasil faz com que as fabricantes mirem o mercado de países vizinhos. As empresas se preparam para a entrega de propostas, no dia 11 de outubro, para a concorrência internacional promovida pelo Ministério de Transportes da Argentina. O presidente Mauricio Macri autorizou a compra de 169 trens, com oito vagões cada, somando 1.352 unidades. Trata-se de um contrato de US$ 1,9 bilhão. Outros US$ 900 milhões devem ser desembolsados na manutenção dos equipamentos por um período de dez anos. As composições vão rodar em linhas de subúrbio que estão sendo modernizadas e na futura Rede de Expressos Regionais (RER) – um  arco ferroviário de 20 km que interligará todo o metrô de Buenos Aires.   
“As fabricantes vão participar dessa concorrência, que seria um alento diante dessa ameaça de falta de encomendas”, afirma Abate. O BNDES já garantiu à indústria taxas competitivas de financiamento, para fazer frente às taxas agressivas oferecidas por concorrentes europeus e asiáticos. “A indústria no Brasil tem todas as condições de angariar esse contrato”, ressalta.
A Abifer estima que este ano a produção de carros de passageiros seja de 298 unidades. Em 2017 foram 312 unidades. No ano que vem, não há previsão definida, pois ainda não há novas encomendas fechadas. A Bombardier está trabalhando em sua unidade em Hortolândia na modernizações de carros das linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô de SP. A Hyundai-Rotem deve finalizar a entrega dos 30 trens para a CPTM no fim desse ano, assim como a CAF, que já está finalizando a entrega dos 35 trens também para a CPTM. A Alstom, em sua unidade na Lapa, trabalha com o projeto de novos trens do metrô de Santiago, no Chile, e na produção de seis trens de oito carros para a SuperVia.    

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