Museu da História do Estado de São Paulo teve gastos de R$ 103 milhões, o dobro do orçamento
Gustavo Fioratti
SÃO PAULO
Prestes a completar dez anos de aniversário, o projeto do Museu da História do Estado de São Paulo, prometido para 2011 e criado a partir de intervenção robusta no prédio histórico da Casa das Retortas, no Brás, já consumiu o dobro do orçamento previsto e não chegou ao fim.
Com o risco de que permaneça abandonada com a troca de governo, a construção causou não apenas desperdício de verbas públicas mas também a perda —em um período que vai superar uma década— de um lugar que vinha sendo usado para eventos públicos como feiras e festas.
A Casa das Retortas era uma usina de gás construída a partir de modelo industrial britânico do fim do século 19 e fazia parte de um complexo que fornecia energia à cidade. Totalmente desativada nos anos 1970, ela foi depois tombada pelos órgãos de preservação do estado e do município.
O museu começou a ser pensado em 2009, na gestão do tucano José Serra. Depois da renúncia dele, a obra foi anunciada pela pasta da Cultura sob Alberto Goldman, em 2010.
À época, previa-se que seriam gastos R$ 52 milhões. Até agora, as obras já consumiram cerca de R$ 103 milhões. Segundo a própria Secretaria de Estado da Cultura, apenas 65% do projeto foi concluído.
Luciano Amadio, presidente da CVS, construtora responsável pela obra na Casa das Retortas, afirma que o projeto está parado há três anos.
Considerado o risco de que o projeto seja abortado de vez após as eleições e a troca de governo, este será o segundo complexo para a Cultura que os governos tucanos, em suas diversas gestões, suspenderam após gastos vultuosos.
O caso da Casa das Retortas se assemelha ao do Complexo da Luz, com projeto dos arquitetos suíços Herzog e De Meuron —R$ 118 milhões foram consumidos antes da desistência no governo Alckmin.
Luciano Amadio, da CVS, estima que ainda serão necessários entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões para a conclusão dos trabalhos e atribui parte desses gastos à inevitável deterioração dos prédios ao longo da interrupção.
A explicação do governo para o extenso atraso e para o crescimento dos gastos previstos inicialmente é que uma contaminação do terreno por resíduos tóxicos foi descoberta após o início das obras.
Essa contaminação derivou da antiga atividade da Casa das Retortas. Até 2014, foram retirados do subsolo cerca de 20 milhões de litros de óleo. De acordo com Amadio, apenas a descontaminação do terreno consumiu R$ 30 milhões.
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